quarta-feira, 25 de abril de 2018

REINO LUNDA TCHOKWE EM LUTO FALECEU REI MUENE VUNONGUE


REINO LUNDA TCHOKWE EM LUTO FALECEU REI MUENE VUNONGUE



Kumanongue – 25/04 – Faleceu Sua Majestade o Rei Vunongue, da linhagem do Povo e etnia Nganguela.


Sua Majestade e linhagem conhecida de Ndala Tchinhama ou simplesmente Tchinhama a par da Rainha Nhacaolo, passou a chamar-se Mwene Vunongue após a ascensão ao trono. Augusto Cambinda Calilo, rei Mwene Vunongue VII.


Foram mais de 129 anos desde a morte do rei Mwene Vunongue V, o actual que acabou por falecer era Bisneto de Mwene Vunongue V (Ndala Tchinhama), Augusto Cambinda Calilo está no trono há seis anos, por sucessão de Mwene Kuvango Ntyamba VI.


Resistência à colonização


Nascido em 1800, o rei Mwene Vunongue V, era filho de Tchinhama e Mutango Kaziko, natural da aldeia junto à confluência dos rios Kalanda e Cuchi, actual município do Menongue.


Travou vários combates contra os invasores portugueses, alemães e ingleses durante o século XIX. Nessa altura, a Inglaterra era a potência colonizadora da Zâmbia (Reino de Barotze) e pretendia anexar o território do Cuando Cubango.


Em face da pretensão dos ingleses, o rei de Portugal enviou uma missão de exploração a este vasto território, chefiada pelo major Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto, que aqui chegou em 1878.


A revolta do soberano e do seu povo contra os portugueses deveu-se ao facto de estes obrigarem a população ao pagamento de elevados impostos, a trabalhos forçados, deportação, humilhação e subjugação das autoridades tradicionais, práticas recorrentes durante a chamada “guerra de pacificação”.A situação criou um ambiente de conflitos e revoltas lideradas pelo rei Mwene Vunongue, que organizou o seu reino para acções de resistência e luta armada, realizando incursões militares contra os invasores.


Mesmo sem material de guerra sofisticado, mobilizou um exército e lutou de forma corajosa com armas rudimentares, como arcos e flechas, zagaias, lanças e pedras, com o que causou importantes baixas ao inimigo.


Além de tácticas militares, o rei usava como meio de persuasão a crença na magia, ao cultivar o mito de que as balas inimigas caíam num balaio, o que servia para elevar o moral dos seus guerreiros.


As acções militares ganharam maior dimensão após as alianças feitas com os reis Tchihuaku, do Cuvango (antiga vila Artur de Paiva), e Mandume Ya Ndemufayo, do Cunene, com quem mantinha encontros secretos na área de confluência dos rios Cubango, Cuchi e Cuelei, para definir estratégias.