sexta-feira, 20 de abril de 2018

PARTE II – A QUESTÃO DA LUNDA 1885 – 1894; DO CONFLITO ENTRE PORTUGAL E A BÉLGICA DE 1890 A CONVENÇÃO DE LISBOA DE 1891 E O FIM DO CONFLITO COM ASSINATURA DO ACORDO DE PARÍS DE 1894


PARTE II – A QUESTÃO DA LUNDA 1885 – 1894; DO CONFLITO ENTRE PORTUGAL E A BÉLGICA DE 1890 A CONVENÇÃO DE LISBOA DE 1891 E O FIM DO CONFLITO COM ASSINATURA DO ACORDO DE PARÍS DE 1894

A ORIGEM DA CHAMADA A QUESTÃO DA LUNDA 1885 – 1894


A Expedição Científica Portuguesa a Mussumba do Muatiânvua 1884-1888


Em 1877, o magnata Rei da Bélgica, Leopoldo II, funda o Estado Livre do Congo, mas antes desta data, em 1843 o comerciante Português Joaquim da Graça que fazia negócios no Congo, é levado no Catanga pelos Belgas e conhece a Mussumba do Muat Yanv, a 1.ª capital do Império Lunda em decomposição ou fragmentação, e denota-se com uma organização política administrativa e militar da corte do Muat Yanv igual, a das dinastias Européias e fica estupefacto.


Como, apenas sabia a via marítima, para chegar até Leopold-Vill via rio Zaire, o seu regresso para a província de Angola, da Mussumba é feita, atravessando os rios Cassai, Luembe, Luatchimo, Luana, Tchihúmbwé, Kuango até Kassanje, fronteira natural do Reino do Ndongo com os domínios do Muat  Yanv e, meteu um marco no Kazabi, com o seu nome e ano, assim atingiu Luanda.


Posto em Luanda Joaquim da Graça informa ao Governador Geral da Província de Angola, sobre as terras da Lunda, para além do Reino do Ndongo em Malanje e, dos benefícios de comércio com os potentados sob domínio do Muat Yanv, o que comoveu o governador que, em nome do seu Rei, reuniu todos os comerciantes e; como na altura a Dona Ana Joaquina Silva era a mais rica, fora incumbida a missão de financiar e abastecer o Sr Joaquim da Graça, de panos, fazendas e outros produtos e, formou-se uma comitiva de contratados que regressou a Mussumba do Muat Yanv.


É assim que, desde 1843 até 1883, varias comitivas de Portugueses Europeus e Africanos da província de Angola, isto é, 40 anos mais tarde, fizeram-se as Lundas para o mero Comércio e, como os Belgas queriam expandir a sua influência para outras latitudes, não queriam mais ver outras potências na região, sobretudo os portugueses brotaram o conflito, conhecido por “Crise do Congo”, para que os Belgas, Ingleses, Franceses, Portugueses e Alemães, estabelecessem as fronteiras de suas influências públicas.


Como Portugal, era o único país fraco e, para que tivesse razão fundada no direito, o governador geral da província de Angola, comunica ao seu Rei e, este em 24 de Março de 1884, nomea oficialmente o Major de Infantaria Henrique Augusto Dias de Carvalho, como Chefe da Expedição Cientifica Portuguesa a Mussumba do Muatiânvua, missão financiada pela Sociedade de Geografia de Lisboa, que tinha entre outras orientações, a celebração de tratados de protectorados com potentados e Estados Indigenas sob domínio do Muatiânvua, para a garantia do comércio nestes Estados, depois de terem passado 402 anos da presença de Portugal na sua Província ultramarina de Angola 1482 - 1884.


A Comitiva de Henrique Augusto Dias de Carvalho, era integrada por contratados de Luanda e de Malange, para além destes, a comitiva era composto por  Major Farmacêutico – Agostinho Sizenando Marques, sub chefe da expedição, Capitão João Baptista Osório de Castro, oficial as ordens, Tenente Manuel Sertório de Almeida Aguiar, Ajudante , e o missionário Padre António Nunes Castanheira, com domínios de geografia, cartografia, etnografia e línguas.


Em 10 de Outubro de 1884, a comitiva da Expedição Portuguesa a Mussumba, partia de Malanje para a capital Mussumba ao encontro do Imperador Muatianvua nas terras da Lunda, na altura o Povo Kimbundo ou região de Luanda a Malanje, era representada pelo Soba Grande chamado “AMBANGO”, este deu ao representante do Rei de Portugal, o seu irmão Augusto Jayme, para que, subscrevesse aos tratados que, em Kimbundo se chama por “KIVAJANA”, ou seja, acertar, concordar etc., com o fim de Augusto Jayme testemunhar a pertença da Lunda aos Portugueses e, é assim que, começou a famosa expedição de 1884-1888, antes de ter iniciado em Berlim a conferencia da partilha de Africa.


Entre Agosto de 1882 á Janeiro de 1886, Angola estava conduzida por um Conselho de Governo. E entre Janeiro de 1886 á Abril de 1895 Angola teve os seguintes Governadores Gerais:

ü Francisco Joaquim Ferreira do Amaral,
ü Guilherme Augusto de Brito Capelo,
ü Jaime Lobo de Brito Godins,
ü Álvaro António da Costa Ferreira,
 Finalmente em 1895 era Governador  Francisco Eugênio Pereira de Miranda.


No ano de 1895 foi o da criação do Distrito militar da LUNDA, ou seja, o reconhecimento do Estado da Lunda Independente, porque não poderia existir dois exércitos de um mesmo estado português se a Lunda fosse parte integrante da província ultramar de Angola.


Com o fim do conflito ou a crise do Congo, estabelecem-se as fronteiras convencionais de Africa, eliminando as fronteiras naturais. No decurso da conferência de Berlim, Portugal apresentou o mapa da sua província ultramarina Angola com 665.629,9444Km2 iguais Km2, atribuídas a França no Congo – Brazavill e Centro Africano.


A Comitiva Portuguesa a Mussumba partiu de Luanda conforme já explicado no parágrafo anterior, passa por Kassanje e atinge o Estado de Kapenda Kamulemba, e, aos 23 de Fevereiro de 1885, Henrique Augusto Dias de Carvalho celebrou o tratado de Protectorado n.º2 em nome de Portugal com potentado Muana Samba Capenda e Família na estação Costa e Silva no Kuango, o senhor Jayme Augusto irmão do Soba Ambango do Reino do Ndongo subscreveu a favor da nação Lunda.


Aos 31 de Setembro de 1885 na estação Luciano Cordeiro, celebrou-se o tratado n.º 3 com Caungula e Xá-Muteba;

 Aos 2 de Setembro de 1886, um ano depois, o tratado n.º 5 com Tchissengue e seus Manangas Tchokwes no Luatchimo;

Aos 1 de Dezembro de 1886 na estação Júlio Vilhena no Lucusse – Moxico, o tratado n.º 7, com Muatiânvua honorário Ambiji Suana Kalenga.

E, finalmente aos 18 de Janeiro de 1887 na Corte do Imperador Muata Yava Mucanza 17.º, o tratado n.º 8 na Mussumba sita em Calanhi.


Aos 11 de Maio de 1888, Henrique Augusto Dias de Carvalho, regressou a Lisboa e, escreveu as suas “Memórias sobre a Lunda”, onde era Residente Político, Chefe da Expedição Portuguesa a Mussumba do Muata Yava durante 4 anos (1884-1888).


Entre 1888 até 1895, a representação Portuguesa nos Estados sob domínio do Muatiânvua, ou Estados dos potentados na Lunda esteve sob a direcção do Sr Simão Cândido Sarmento, o mesmo que fez parte da Delegação Portuguesa nos trabalhos da delimitação das fronteiras na Lunda com outra Delegação do Governo da Bélgica entre 1892 á 1893. Em sua homenagem a actual comuna ou Vila de Xá-Cassau era chamada de Veríssimo Sarmento.


Em 1895 Henrique Augusto Dias de Carvalho foi nomeado o primeiro Governador da Lunda já nas vestes de General do Exercito de Portugal.


Próxima edição com a Parte III...