terça-feira, 19 de novembro de 2019

Apelo aos filhos Lunda Tchokwe para uma frente comum do resgate da nossa Autodeterminação


   COMUNICADO DE IMPRENSA



Emitido aos 21 de Dezembro de 2018, retrospectiva...reflexão!..


Apesar da integridade do Reino Lunda ter sido ameaçada e inclusive alguns dos seus territórios caído sob domínio colonial, o certo é que depois da partilha de África consumada através da conferência de Berlim realizada pelas potências colonizadoras em Novembro de 1884 a Fevereiro de 1885, uma parte do Reino Lunda do além Kassai, a colonizada por Angola actualmente, permaneceu livre, independente e soberana e por isso não submetida ao domínio de nenhuma potência estrangeira da época.

No entanto, a politica de cooperação e entendimento entre o Reino Lunda com outros estados estrangeiros passou a ser presidida por uma forte componente jurídica baseada em Convenções e Tratados de Protectorados, a exemplo de:

CONVENÇÂO DE 14 DE FEVEREIRO DE 1885 (Sobre os limites de Angola)
Esta Convenção estabelecia que, nem Portugal nem os Estados Independentes do Congo, tinham ambições na Lunda Tchokwe, terra não Angolana.
O artigo 3º desta convenção conclui que nenhuma das partes contraentes (Portugal e Estado Independente do Congo) chamava a si os territórios da Lunda Tchokwe do além Kassai ou seja entre a Lunda – Norte até o Kuando Kubango, a Oeste nos limites com a Huila, Bié e Malange.


TRATADO DE PROTECTORADO DE 23 DE FEVEREIRO DE 1885 (Entre Muana Samba e Portugal)
Este tratado foi celebrado no domínio da autorização de estabelecimento do comércio fora da Província de Angola, ou seja permitir que os Angolanos – Portugueses pudessem fazer negócios ou transitarem no território da Lunda Tchokwe.

TRATADO DE PROTECTORADO DE 31 DE OUTUBRO DE 1885 (Entre Portugal e Kaungula Xa-Muteba)
Em termos dos artigos 1 a 11, nota-se que a Soberania do Reino Lunda Tchokwe não era parte integrante de Portugal ou de sua Província ultramarina Angola. Também os Povos de Angola eram estrangeiros nas terras de Kaungula.

TRATADO DE PROTECTORADO DE 2 DE SETEMBRO DE 1886 (Entre Portugal e Tchissengue e os Miananganas Tchokwes)
Os artigos de 1 a 11 referem-se a Paz de Muatxissengue e os negociantes ou comitivas de comércio das terras de Angola para as de Muatxissengue que desejassem transitar, permanecer provisoriamente ou estabelecer-se definitivamente, Portugal chamava para si a protecção do Reino contra invasores estrangeiros, mormente os Belgas e outros.

Estas referências jurídicas históricas, demonstram de forma tão categórica que só um povo verdadeiramente poderoso e politicamente organizado, teria sido tão capaz de submeter o poder dos invasores europeus a trivialidade, impondo-os a celebração de acordos com base normativa para legitimar as relações políticas, sociais e comerciais com estrangeiros,  tais bases normativas foram as que se segue:

1.-Henrique Augusto Dias de Carvalho celebrou com o potentado Lunda MWENE SAMBA CAPENDA, MWENE MAHANGO, MWENE BUIZO (Muana Cafunfo), o tratado de Protectorado n.º 2, o representante do Soba Ambango, sr Augusto Jayme subscreveu também.
2.- Henrique Augusto Dias de Carvalho, celebrou com o potentado MWENE CAUNGULA DE MUATIÂNVUA XÁ-MUTEBA e demais famílias o tratado de Protectorado n.º 3, Augusto Jayme também subscreveu o tratado.
3.- Henrique Augusto Dias de Carvalho, celebrou com Sua Majestade o Rei Tchokwe MUATCHISSENGUE WATEMBO, e demais Muananganas e famílias: Xa-Cazanga, Quicotongo, Muana Muene, Quinvunguila, Camba Andua, Canzaca, Quibongue, o tratado de Protectorado n.º 5, Augusto Jayme também subscreveu o tratado, testemunhando a favor da pertença da Nação Lunda.
4.- Henrique Augusto Dias de Carvalho, celebrou com o potentado AMBINJI INFANA SUANA CALENGA, Muatiânvua Honorário, o tratado de Protectorado n.º 7, com a presença de sua irmã Camina, os Calamba: Cacunco tio de Ambinje, Andundo, Xá Nhanve, Cassombo, Xá Muana, Chiaca, Angueji, Ambumba Bala, Mulaje, Quissamba, Xanda, Augusto Jayme também subscreveu o tratado, testemunhando a favor da pertença da Nação Lunda.
5.- Henrique Augusto Dias de Carvalho, celebrou o último tratado com a CORTE DO MUATIANVUA na Mussumba na localidade de Kalanhi, o Protectorado n.º8, na presença de Suana Mulopo Umbala, Lucuoquexe Palanga, Muari Camina, Suana Murunda, Muene Dinhinga, Canapumba Andunda, Calala Catembo, Muitia, Muene Panda, Cabatalata, Paulo, Adolpho, Paulino de Loanda, António Martins, Domingos Simão de Ambaca, e assignaram António da Rocha, José Rodrigues da Cruz, António Bezerra de Lisboa, Agostinho Alexandre Bezerra, João Pedro da Silva, Henrique Augusto Dias de Carvalho o Chefe da Expedição Portugueza ao Muatiânvua, e por último José Faustino Samuel que secretariou o acto.

POR OUTRO LADO, O CONTECIOSO DA QUESTÃO DA LUNDA 1885 – 1894, entre Portugal e Bélgica ou Estado Independente do Congo, a conclusão fora a de que, a Lunda Tchokwe é um protectorado Português. Como na altura a Lunda Tchokwe não tinha o desenvolvimento científico que lhe permitisse, produzir a constituição formal ou Lei constitucional e formar o governo, então, foram protegidos todos os seus direitos naturais por intermédio da celebração dos referidos tratados conhecidos como Protectorados.

Pelo facto, de Portugal que celebrou os tratados de Protectorado a 13 de Julho de 1895 ter colocado o seu Governo na Lunda, com a nomeação do senhor Henrique Augusto Dias de Carvalho o Primeiro Governador, este facto por si só, representa para já uma flagrante violação a soberania do Povo Lunda Tchokwe e ultraje a sua história e cultura.

Contudo durante o processo da descolonização, Portugal a exemplo do que fez com as suas ex-colónias, deveria ter considerado e decidido sem quaisquer ambiguidades pela independência do Reino Lunda Tchokwe separada de Angola.

O Reino Lunda Tchokwe e Angola têm uma longa fronteira e por condicionalismos históricos, conheceram o mesmo contraente como jugo colonial para Angola e Protector da Lunda Tchokwe, mas não constituem um mesmo país. A presença da administração de Angola no Reino Lunda Tchokwe é colonização (1975 – 2018).

PORTUGAL foi simplesmente imponente e incapaz de equacionar o problema do Reino Lunda Tchokwe e assumiu ao longo dos últimos 123 anos uma opção politica desastrosa e a todos os títulos condenável ao transferir os poderes do Reino Tchokwe a 11 de Novembro de 1975 para a ex-provincia ultramarina e colónia sua de Angola.

Por isso a anexação do Território Lunda Tchokwe a Angola merece não só um olhar Jurídico Histórico incisivo mas também clama dos filhos desta Nação Tchokwe pela tomada de consciência e de atitude para a reconquista da dignidade do nosso povo e sua libertação total e imediata a todas formas de exploração, humilhação e de colonização.

A cultura de medo enraizado na mente de muitos filhos Lunda Tchokwe, intelectuais, militares, médicos, Juristas, Professores, Estudantes, incluindo as autoridades do poder tradicional ou membros de igrejas é a causa da nossa submissão colectiva, consagrou-nos como meros instrumentos do regime colonizador e com isso aceitamos a humilhação e a miséria.

O Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe não vai aqui clamar os ganhos obtidos em 2018 ou avançar com anunciar qual é a estratégia para o ano de 2019, desejar ao nosso povo uma quadra festiva de reflectir conscientemente qual será o nosso rumo, o que afinal todos queremos, não se enganem com a Politica gratuita do Regime do MPLA, dos Políticos Angolanos, das promessas invalidas ou Autarquias graduais que nada de novo vai trazer na Lunda.

O Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, considera que a prometida fabrica de lapidação de diamantes a ser construída na Lunda – Sul e um Hospital na Lunda – Norte, serão sempre propriedades da colonização, tal como acontece com o Kimberlite de Catoca, cujo quadros Seniores 99% não são jovens ou naturais da Lunda, mas sim vindos de outras localidades, quantos jovens do Reino Lunda Tchokwe estão no Israel ou no outro pais a frequentar o curso de lapidação, quantos jovens médicos estão a se formar para virem ocuparem o futuro Hospital de Dundo?..

Esta aonde a Capital da Lunda – Norte que havia sido projectada para Lukapa? Quantos anos já passaram e quantos kilates de diamantes foram extraídos desde 1975 a 2018?

As operações “Transparência e Resgate” têm sido usadas pelo regime Angolano para a discriminação social, desde a ocupação indevida ou usurpação de terras, económico, a deportação de mais de 200 cidadãos Tchokwes para a RDCongo, violação aos Direitos Humanos, assassinados praticados pelas empresas de segurança privada sob cobertura do governo, crimes cruéis contra o povo Lunda Tchokwe, que identificados seus autores, nunca conhecemos julgamento algum dos últimos 18 anos sobre os assinados das Lundas, ou seja desde 2010 a 2018.

O Movimento do Protectorado, é um património de luta de todos os filhos Lunda Tchokwe, não é uma propriedade privada de um grupo de pessoas, não precisamos de convite para dela fazer parte, todos fomos chamados a fazer parte dela com a responsabilidade, confiança, consciência e atitude vencedora.

O ano de 2018, termina com um saldo negativo para o Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, mais de 11 Activistas estão presos na Comarca de Luzia em Saurimo, acusados aos crimes de rebelião e actos preparatórios de manifestação, consagrados pelo artigo 47.º da CRA e da Lei N.º16/91, hoje considerados artigos para cometimento de crimes pela PGR.

O Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, não vai usar método leonino, o da resolução de conflito por via armada condenado pelo mundo civilizado, a nossa luta pacifica é com o Governo de Angola, o da exigência do dialogo de negociação directa, ou a intermediação por via da diplomacia e das Instituições da ONU, da União Europeia e Africanas.

Durante o ano de 2018, alguns passos, não relevantes, mas com significado histórico importante e anunciados por media privada e estatal mostraram que é possível haver coabitação e dialogo entre o Governo Angolano e o Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, se o poder politico do MPLA assim o quiser.

Nós, representantes do mosaico etnolinguistico do povo Lunda Tchokwe, reunidos em torno dos ideais do movimento de luta libertador secular “O PROTECTORADO”, e, nos termos do direito natural e divino estamos decididos a consentir todos os sacrifícios de manter a chama a cessa, como valores supremos para o alcance da nossa autodeterminação que prometemos ao nosso povo, nem que fiquemos a navegar a deriva o “Barco perdido no alto mar” com paciência e a esperança de vencer em 5, 10 ou 20 anos de luta. Reconhecemos que todas as lutas têm os seus sacrifícios, as liberdades custam caro.

PROMETEMOS o nosso apego aos princípios da liberdade, da democracia, do respeito pelos direitos Humanos e do Homem, pelas diversas tradições das várias etnias e povos do nosso Reino Lunda Tchokwe.

Finalmente para os nossos valorosos companheiros e a nossa heroína Domingas Fuliela presos na Comarca de Luzia em Saurimo desde o dia 17 de Novembro, estamos convosco e com os vossos entes queridos nesta passagem das festividades natalícias e do fim de Ano.

Aos membros, activistas e amigos do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, desejamos igualmente boas festas e um ano novo vindouro

“DEUS ABENÇÕE TODOS  E FESTAS FELIZES”


Comité Politico do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe em Luanda, aos 21 de Dezembro de 2018.-

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DO MOVIMENTO DO PROTECTORADO LUNDA TCHOKWE JOSÉ MATEUS ZECAMUTCHIMA NO DIA 27 DE FEVEREIRO DE 2018 CONDUZIDO POR FRANCISCO CABILA DIRECTOR DO JORNAL MANCHETE






Em Fevereiro do corrente ano (2018), o malogrado Francisco Kabila então Director do Jornal Manchete conduziu pessoalmente a entrevista com o Presidente do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima no dia 27 e, na sequência da manifestação do dia 24 do mesmo mês.

O Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe traz a estampa esta matéria como homenagem aquela personalidade que deixou o mundo dos vivo muito cedo e o colectivo dos Jornalistas e Profissionais do Jornal Manchete.

A seguir a entrevista:


JORNAL MANCHETE (JM): - Como o Protectorado Lunda Tchokwe está a analisar os pronunciamentos do Presidente da República sobre as eleições Autárquicas em Angola?


José Mateus Zecamutchima (JMZ). - Primeiro agradecer o convite do Jornal Manchete e do senhor Jornalista, para esta entrevista, que consideramos importante neste momento histórico de Angola, depois de 43 anos da sua independência da colonização Portuguesa de mais de 493 anos. O momento é histórico pelo facto de, nos últimos 43 anos da governação do MPLA, não termos assistido alternância de poderes. O ano de 2017 pode ser considerado, na nossa pequena visão uma mudança de 180º no interior do MPLA e em Angola, pois uma luz no fundo do túnel vai acendendo e dar clareza a região escura do espaço.

O Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, pronunciou-se em Benguela sobre o gradualismo na realização das eleições Autárquicas em Angola antes de 2022, tudo bem, os Partidos e a Sociedade civil devem começar a trabalhar já, já, para o êxito do que se pretende. Para o Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, surge uma interrogação. Porque do gradualismo autárquico Angolano? A ser assim, o governo esta a legalizar as assimetrias nas regiões que eles consideram não possuírem condições estruturais para tal, quem deveria criar essas condições? E qual é o horizonte para a criação das condições nas localidades que hoje não as tem? Ou seja, os pobres continuarão pobres e os ricos ficarão ainda mais ricos.


JORNAL MANCHETE (JM): - Será uma oportunidade para a organização que dirige participar delas no sentido de conseguir Autarcas?


Jose Mateus Zecamutchima (JMZ). - O Movimento do Protectorado surgiu para defender o direito de Autodeterminação do Estado Lunda Tchokwe, protectorado Português desde 1885 para cá, ou seja, o objectivo do nosso povo é a formação de governo próprio, assente nas raízes culturais e etnolinguistico do mosaico Tchokwe em toda a extensão territorial desde o Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul e Norte. Quero esclarecer que, nós não somos uma província, mas sim um estado. Portanto a formação do Governo da Lunda Tchokwe é inclusiva com todas as forças políticas em Angola. Realizado este feito, estaríamos disponíveis internamente a realizar as eleições Autárquicas do Estado Lunda Tchokwe, foi isso que comunicamos ao Governo do MPLA desde 2012 quando entregamos o Estatuto para Autonomia daquele território como Escócia ao ex-presidente José Eduardo dos Santos. Temos que libertar o povo das garras da subjugação colonial e depois virar as baterias às questões meramente políticas administrativos como tal. A Escócia, a Catalunha, a Madeira entre outros Estados Autônomos no mundo democrático e de direito tem sim autarquias.



JORNAL MANCHETE (JM): - Será o consolidar dos vossos objectivos de longos anos, com vista à governação da região lunda Tchokwe?


JMZ. - A consolidação dos nossos objectivos virá primeiro no reconhecimento da Autonomia Lunda Tchokwe, da formação do governo próprio, do reconhecimento de que o Lunda tem capacidade de sua autogovernação, do respeito que devemos granjear no mundo inteiro, queremos que os outros nos vejam com o nosso orgulho, porque queremos ver atletas com a Bandeira Lunda Tchokwe nos eventos internacionais, nas instituições internacionais, lado a lado junto com a fraternidade angolana, é isto que se chama objectivos consolidados da governação, nada de subalternação ou subordinação que é bastante humilhação. O Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe assume-se como uma organização “Nacionalista democrática”, defendemos um nacionalismo não-xenofóbica, compatível com valores de liberdade, tolerância, igualdade e direitos individuais, uma identidade nacional para os indivíduos a terem uma vida significativa e autônomo.


JORNAL MANCHETE (JM): - O Movimento do Protectorado luta pela autonomia da região Lunda, mas, as autarquias não seriam o remediar das coisas já que o Governo insiste em não abrir mãos as vossas Reivindicações?


JMZ. - Muito bem senhor Jornalista, o Governo do MPLA insiste em não abrir as mãos sobre a reivindicação do povo Lunda Tchokwe ao seu direito legitimo e natural, o mesmo fazia Portugal para com Angola, os nacionalistas angolanos no seio da luta de libertação eram chamados de “TURAS”, bandidos e que Angola era Província ultramarina de Portugal. Vejamos o que dizia a constituição de Portugal de 1826, citamos – “Em 1826 a constituição portuguesa confirma a colónia de Angola, no seu Artigo 2º – O seu território forma o Reino de Portugal e dos Algarves e compreende:
1.º - Na Europa, o Reino de Portugal, que se compõe das províncias do Minho, Trás-os-Montes, Beira, Estremadura, Alentejo e Reino do Algarve e das Ilhas Adjacentes, Madeira, Porto Santos e Açores.
2.º - Na Africa Ocidental, Bissau e Cacheu; na Costa da Mina, o Forte de S. João Baptista de Ajuda, Angola, Benguela e suas dependências, Cabinda e Malembo, as Ilhas de Cabo Verde, S.Tomé e Príncipe e suas dependências; na costa Oriental, Moçambique, Rio Sena, Sofala, Inhambane, Quelimane e as Ilhas de Cabo Delgado.
3.º- Na Ásia, Salsete, Berdez, Goa, Damão e os estabelecimentos de Macau e das Ilhas de Solar e Timor.
Artigo 3.º – A Nação (Portuguesa) não renuncia o direito, que tenha a qualquer porção de território nestas três partes do Mundo, compreendida no antecedente Artigo.
Quem governa hoje em Angola? Portugal ou os Angolanos, e  foram mais de 493 anos de colonização. A ocupação angolana na Lunda tem simplesmente 43 anos, muito pouco e ai vem a nossa liberdade.


JORNAL MANCHETE (JM): - Já agora, o Movimento que dirige vai ou não participar das eleições Autárquicas?  Caso participe já tem em vista negociações com forças políticas para apoiar as vossas Candidaturas?


JMZ. - O Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, não vai participar das eleições Autárquicas do Governo Angolano, seria traição ao nosso povo a quem juramos fidelidade a sua autodeterminação. O Movimento surgiu com objectivos claros, o da libertação do jugo colonial. Temos transmitido essa nossa preocupação aos Líderes dos Partidos Políticos Angolanos nos encontros que tivemos com o Dr. Abel Chivukuvuku da CASA-CE, com o Dr. Isaias Samakuva da UNITA, com os Dirigentes do PRS Dr. Benedito Daniel, com a CEAST e com as Embaixadas dos Estados Unidos de America, França, Bélgica, Alemanha, Reino Unido, Portugal e algumas Africanas que não é necessário citar todos para não alargar a lista das individualidades e instituições que nos colocaram a mesma pergunta anteriormente.


JORNAL MANCHETE (JM): - Até onde vai a vossa luta sobre a autonomia da Região Lunda Tchokwe que compreende entre outros, os territórios das Lundas Sul e Norte, bem como o México e Kuando Kubango?


JMZ. - Senhor Jornalista, os Lundas de hoje, vencemos o mito da invencibilidade do regime angolano. Vencemos também a humilhação que se faz contra os quadros acadêmicos Lunda Tchokwe. O senhor João Lourenço, quando da entrevista dos 100 dias da sua investidura, dizia ele no caso “Manuel Vicente” com Portugal que Angola ia espera nem que passem anos, é isso que os Lundas vamos fazer continuar a luta como água mole que bate na pedra dura até finalmente furar. A Revolução Cubana demorou 150 anos até alcançar a vitoria, a guerrilha Colombiana durou 50 anos, a Apartheid na Africa do Sul durou o tempo que todos conhecemos, mas venceram, pois nada perdura para sempre assim diz as “Sagradas Escrituras”. O MPLA dizia que ao inimigo nem um palmo da nossa terra, referindo-se a guerra civil angolana com a UNITA do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, hoje a UNITA esta no governo e no Parlamento.


JORNAL MANCHETE (JM): - Mas os vossos membros estão a ser alvo de retaliação quando se manifestam em defesa da vossa causa...


JMZ. - O que o Governo do MPLA esta a fazer com os membros do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe não pode ser considerado como retaliação, ao contrário esta promover a nossa luta a ser conhecida no mundo. Hoje a um interesse maior na mídia nacional e internacional que já se despertou com o processo que a bem pouco tempo era desconhecido, graças ao que dizes retaliação. Por outro lado, esse é o comportamento dos colonialistas e ditadores, sem duvidas, o MPLA esta com medo de perder o Reino Lunda Tchokwe, mas o caminho que escolheu ira necessariamente desembocar na Independência pelo crescimento do interesse da Comunidade Internacional. Pedimos uma coisa simples, não quer , pedimos dedo não quer, quando pedirmos o braço vai ter que dar.

JORNAL MANCHETE (JM): - Falemos um pouco sobre as últimas manifestações por voz realizadas na Lunda Norte e que perspectivas para os próximos dias, já que se fala na preparação de mais uma?


JMZ.- Sobre esta manifestação que o Governo do MPLA brutalmente violentou, devo dizer que o MPLA de José Eduardo dos Santos é igual ao MPLA de João Manuel Gonçalves Lourenço, sem diferença. Lamento, havíamos apelado ao nosso povo para boicotar as eleições em 2017, enganadas votaram na desgraça e o resulta é o que estamos assistir. Escrevemos no dia 15 de Janeiro e 1 de Fevereiro, ao Presidente e o Ministro do Interior respectivamente, anunciamos a realização desta manifestação nas rádios, online e nas redes sociais, distribuímos as copias das cartas aos Governos Provinciais e Municipais incluindo a Policia, a tirania angolana agiu como sempre, ignorou a própria constituição deles. Vamos continuar a escrever e a realizar nos próximos 60 ou 90 dias outra manifestação, o nosso povo esta consciente disso.


JORNAL MANCHETE (JM): - Falava se na possibilidade do Movimento do Protectorado se transformar em partido político,  essa não seria a melhor forma de participação já que, eventualmente, teriam assento no Parlamento e lá apresentarem as vossas iniciativas sobre a alegada autonomia Territorial?


JMZ.- O Movimento do Protectorado  é uma organização em luta pacifica em busca de autodeterminação do Reino Lunda Tchokwe, da consolidação do estado Lunda, não precisa de se transformar em um Partido Angolano e concorrer a Deputados para o Parlamento. Não somos políticos garimpeiros em busca de benefícios pessoais ou colectivos. A nossa luta é o nosso direito secular e natural. O Reino Lunda Tchokwe – Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul e Norte, um país que terá um Parlamento e Partidos no seu interior onde se incluirá também o MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA, BD etc., porque é que os Deputados de Cabinda tal como os vindos da Lunda presentemente na Assembléia Nacional não defendem as posições da FLEC e do Protectorado? Porque tem um regimento coercivo e um regulamento ditatorial que não permite opiniões diferentes de Deputados, quero lembrar nisso o livro Verde de Kadaffi da Libia.


JORNAL MANCHETE (JM): - O que o país ganharia com a autonomia por voz desejada há muitos Anos?


JMZ. - O desenvolvimento sustentável de Angola e o fim das famosas assimetrias regionais terão o seu fim definitivo com Autonomia Lunda Tchokwe. O ritmo do desenvolvimento que o Reino Lunda Tchokwe vai experimentar ira empregar os quadros angolanos que estão no desemprego, a competição no desenvolvimento interestadual dará impulso a que outra regiões se desenvolvam. O nascimento de novas cidades, novas estradas, novos aeroportos, portos secos, novas indústrias transformadoras e Extractivas, novas escolas e novas universidades, a valorização do cidadão nacional, o reconhecimento das competências dos quadros Lundas e os Angolanos será outra mais valia. A cooperação precedida de investimentos internacionais para o arranque dos grandes projectos econômicos sociais Lunda Tchokwe empregará varias pessoas do quadrante Angola sem necessidade de recorrer à mão de obra da china, porque primeiro serão os angolanos, segundos os angolanos, terceiro os angolanos, quarto os angolanos e depois a mão de obra estrangeira, portanto há um cem ou mesmo milhões de opções ao desenvolvimento como Israel do deserto dos últimos 70 anos.


JORNAL MANCHETE (JM): - O Partido de Renovação Social, cujo bastião e o território que o Protectorado pretende que haja autonomia, não seria boa idéia se se juntassem e encontrasse um meio Termo?


JMZ. - O Partido de Renovação Social abreviadamente PRS, é um Partido legalizado de âmbito nacional que luta pelos Poderes da Republica de Angola, o facto de seus dirigentes serem filhos ou naturais Lunda Tchokwe não pode ser confundida com a defesa do Protectorado que é uma coisa diferente. O Protectorado defende simplesmente o Reino Lunda Tchokwe, não defende Angola no seu todo. Nós não vamos formar Partido no contexto de Angola nem coligações, podemos sim ter convênios políticos tanto com o MPLA, a UNITA, a CASA-SE, o PRS, a FNLA, o BD ou outra força política Angolana para o alcance dos objectivos Lunda Tchokwe.


JORNAL MANCHETE (JM): - Acha que o Presidente João Lourenço,  vai abrir mãos para a concretização dos vossos Anseios,  sendo ele do MPLA a semelhança do seu Antecessor?


JMZ.- Senhor Jornalista, praticamente já respondi essa pergunta, contudo vou acrescentar alguma coisa que eu acho pertinente. O senhor João Manuel Gonçalves Lourenço é Vice Presidente do MPLA e membro do seu Bureau Político. João Manuel Gonçalves Lourenço não foi eleito no Congresso em Agosto de 2016 como Candidato a Cabeça de Lista do MPLA. O senhor João Manuel Gonçalves Lourenço foi indicado pelo Eng.º José Eduardo dos Santos numa reunião do BP sem a presença dos militantes do MPLA, quisesse ele abrir mãos ao processo reivindicativo Lunda Tchokwe sem o consentimento de Jose Eduardo dos Santos, de momento é impensável. Outrossim, são as riqueza da Lunda que estão em  jogo, quem fica com as minas de diamantes, a madeira, as florestas e as águas. O processo Lunda Tchokwe tem estado a dividir o Bureau Político do MPLA, as Forças Armadas Angolanas, a Liderança da Policia Nacional e toda a elite governativa, tivesse João Manuel Gonçalves Lourenço a mesma coragem do Presidente Juan Manuel dos Santos da Colômbia.


JORNAL MANCHETE (JM): - Mas o Executivo liderado pelo MPLA desde 1975 continua a assegurar-se no protesto segundo o qual, Angola é una e indivisível.


JMZ.- O MPLA de Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos defendeu sempre “um Só Povo e uma Só Nação”. Aqui não existe um povo único, fomos aldrabados ao longo dos 43 anos do MPLA no poder em Angola. A França é um só povo e uma só nação que fala Frances. Portugal é um só povo e uma só nação que fala Português. A Rússia é um só povo e uma só nação que fala o russo. Angola é um só povo e uma só nação com etnias que falam as línguas Fiote, Kicongo, Kimbundo, Tchokwe, Nganguela, Umbundo, Kuanhama e Nhaneka humbe, etc, etc,. É possível definir este mosaico etnolinguistico e cultural angolano de um só povo e uma só nação?
Angola é una e indivisível o Reino Lunda Tchokwe também é uno e indivisível, tal como a Namíbia, Zâmbia, Moçambique, França, Portugal, Rússia, Itália ou Zimbábue. O MPLA usou esta formula para poder colonizar outros povos e Reinos no interior de Angola criada pelos Portugueses, por isso é uma terra criola cujo lideres duvidoso continuam a colonizar os outros.


JORNAL MANCHETE (JM): - Qual a vossa relação com as organizações de Cabinda que, contrariamente a vocês,  querem a independência do Enclave?


JMZ.- Devo dizer que tanto Cabinda como o Reino Lunda Tchokwe, são Estados Independentes sob jugo colonial de Angola desde 1975. Cabinda e Lunda Tchokwe são Protectorado Português desde 1885 para cá, não foram revogados os termos dos tratados assinados com Portugal. Portugal e o seu povo, Partidos Políticos Portugueses classe acadêmica daquele país, todos eles estão consciente disso. As duas reivindicações têm razões de serem, Autonomia é também Independência basta irmos ao dicionário da Porto editor para definirmos a palavra Autonomia da palavra Independência.
O Protectorado Lunda Tchokwe tem boas relações com algumas individualidades da FLEC embora não existe algum convenio neste sentido. Temos encorajado os nossos irmãos Cabindas a levar a bom termo a reivindicação do Povo Cabindês a sua autodeterminação tal como o nosso povo o faz.


JORNAL MANCHETE (JM): - Para terminar, o que, o Presidente do Protectorado tem para dizer aos Angolanos e ao povo Lunda?


José Mateus Zecamutchima (JMZ).- Primeiro agradecer a solidariedade e o apoio que temos recebido pelos angolanos que nos têm encorajado e a muito tempo compreenderam a causa Lunda Tchokwe, alguma entidade da Sociedade civil angolana e organizações de defesa de direitos humanos, sem deixar de agradecer também os advogados e a mídia angolana bem como a estrangeira que tem levado o nosso clamor além fronteiras de Angola.
Ao povo Lunda Tchokwe pedimos  apoio incondicional, a união de todos é a mãe da vitoria, a coesão das estruturas do movimento é importante neste momento em que o MPLA tudo esta a fazer para tentar dividir as pessoas em Ilhas e deitar abaixo o processo. A luta pacifica através das manifestações vai continuar até alcançar a nossa autonomia. Chamar atenção as autoridades do poder tradicional e a igreja da Lunda sobre as  mentiras do MPLA. Não é a esperança que da a vitoria, mas sim a persistência. Sempre juntos nesta caminhada.


Francisco Cabila, muito obrigado Sr Presidente, estamos juntos!
José Mateus Zecamutchima, muito obrigado mais uma vez!