domingo, 31 de julho de 2016

PORTUGAL E A LUNDA NA VIRADA DO SÉCULO XIX

PORTUGAL E A LUNDA NA VIRADA DO SÉCULO XIX



Como é sabido, a relação da África com Portugal é de longa data e o significado que a primeira assumiu para o segundo variou ao longo da história de constituição do chamado império ultramarino português, iniciada nos idos do século XV (HERNANDEZ, 2008, p.502).



Dentro desse contexto, a África figurou, também, como objecto de investimento afectivo do imaginário Português. No século XIX, havia a crença inquestionável das riquezas das colônias africanas, como também a ideia de que o projecto colonial africano compensaria a perda do Brasil, restituindo a Portugal as possibilidades de cumprir sua missão, tornar-se uma grande potência (HERNANDEZ, 2008, p. 503).



Não é demais lembrar, que na primeira metade do século XIX Portugal viverá um período de dificuldades econômicas com a perda do Brasil e com fim do tráfico triangular de escravos entre Europa, África e América. Tal situação obrigará Portugal a estabelecer novos projectos coloniais de modo a manter vivo o mito do grande império que a Graça Divina teria predestinado os portugueses a realizar.



Alberto da Costa e Silva nos lembra que para Portugal, restabelecer-se na África significava uma resposta às humilhações sofridas diante do Reino Unido. Os britânicos, em função do seu poderio econômico e naval arvoraram-se como os herdeiros naturais dos territórios do empobrecido império português. A pressão foi tamanha que Portugal recebeu em 1890 um ultimatum da Inglaterra para abandonar as terras que comporiam mais tarde o Maláui, a Zâmbia e o Zimbábue (SILVA, 1994, p.34- 5).


Os resultados da chamada Conferência de Berlim em dezembro de 1884 – a qual dividiu a África entre as principais nações europeias – de certa forma compensaram as perdas de Portugal. No final do século XIX, uma acção práctica do objectivo colonizador português foi a organiza­ção da expedição do Henrique Dias de Carvalho à Lunda no início de 1884, a qual foi finalizada em dezembro de 1888.


A viagem de Henrique Dias de Carvalho introduziu um novo conceito na exploração da África a partir do apelo à tradição em termos de conhecimento geográfico e etnográfico. De acordo com Filipe Calvão, tanto o uso tradição – que o autor chama de “hagiografia das expedições portuguesas” – como do conhecimento científico, – que Carvalho lançou mão para produzir uma narrativa totalizante em termos geográficos, culturais e etnográficos – são utilizados por ele como chave explicativa do sucesso da expedição. Êxito que na interpretação de Henrique de Carvalho se resumia ao fato da expedição ter alcançado a Mussumba, a capital do Reino Lunda, e lá ter realizado o que ele acreditou serem acordos diplomáticos (PROTECTORADOS) no intuito de impor a soberania Portuguesa. O sucesso maior da expedição, aliado à Ciência e à História, residiu no facto desta expedição firmar uma tradição imperial para Portugal. Nas palavras de Calvão, o “Empire did have a culture” (CALVÃO, 2006, p.77).



A região da Lunda era importante por dois motivos. Primeiro, por ser o centro do afamado Império do Muatiânvua, e por sua vizinhança com o estado do Congo. Os quatro anos gastos pela expedição de Henrique Dias de Carvalho entre 1884 a 1888 foram cruciais em termos de negociações imperiais na Europa. Ao início da Conferência de Berlim, em dezembro de 1884, Carvalho já havia cruzado o Rio Cuango e alcançado a Mussumba, sendo a primeira versão oficial do mapa cor-de-rosa publicada somente em 1886. Vale lembrar que as versões preliminares do famoso mapa traziam as áreas percorridas por Henrique de Carvalho, ou seja, áreas sob a influência portuguesa.


Entretanto, no final da expedição, Henrique Dias de Carvalho reconheceu não somente a for­malização do estado do Congo – retirando de uma perspectiva portuguesa a soberania de algumas partes da região – como sua repentina exclusão cartográfica do expansionismo territorial Português. Calvão chama a atenção para a contradição deste posicionamento de Henrique Dias de Carvalho frente àquilo que supunha ser uma expedição destinada a submeter politicamente uma região como a Lunda e que repentinamente fora riscada das ambições coloniais (CALVÃO, 2006, p. 77).


Como compreender a acção descolonizante de Carvalho? A questão é que não havia um objectivo colonizador estritamente elaborado na expedição de Henrique Dias de Carvalho, este sentido colo­nizador foi atribuído à posteriori, principalmente após o fatídico ultimato inglês de 1890. Henrique de Carvalho e seus objectivos colonizadores no início da década de 1880 eram uma nota dissonante dentro da política colonial portuguesa. Ana Paula Tavares, estudiosa da questão, na introdução de sua dissertação Na Mussumba do Muatiânvua, aclara-nos com bastante argúcia como os interesses de diferentes nações, somados aos interesses do próprio Henrique de Carvalho se entrecruzaram para que fosse dada a conotação final para esta viagem. Vejamos:


Decisivas fronteiras traçadas na Europa enquanto decorria a expedição realizada por Henrique de Carvalho iriam transformá-la numa viagem particular. Os seus testemunhos escritos dão um retrato de um momento de nítida coincidência entre modificações da história interna africana e resoluções da política europeia regidas pelas necessidades de diversificação de mercados e de demarcação de zonas de influência (TAVARES, 1995, p. 7).


Apesar do sucesso dos acordos e dos estudos realizados por Henrique Dias de Carvalho, a maior parte da região da Lunda não ficou sob o domínio dos Portugueses. No grande mapa da África tornado público em 1890, cujas linhas e traçados de fronteiras são o resultados dos acordos de Berlim, já traz excluída a região da Lunda como território eminentemente Português. Calvão coloca ao leitor a seguinte questão: como justificar a exclusão destes territórios? Para nosso autor a resposta a tal questão reside na cultura.


É mister ressaltar que as decisões de exclusão de boa parte dos territórios da Lunda sob o do­mínio Português não foram levados à termo pelo próprio Henrique Dias de Carvalho. Nas frias mesas de negociações diplomáticas em território europeu, sonhos de glórias e sortilégios de homens como Henrique de Carvalho são riscados do papel ao sabor dos interesses naquele exacto momento. Calvão inclusive nos cita uma passagem de 1890 da lavra do nosso expedicionário, na qual ele destila certo rancor em relação às decisões tomadas em Berlim, pois na sua perspectiva a Lunda era um território português.


When in January of this year [1890] the big map of Africa was made public..., I asked the ... commission to accurately change that same map including in Angola the Muatiânvua territories that became Portuguese de facto after the work developed from 1885 onward [...] as in the ques­tions of political share of the African continenti, the powers interested in it puzzle and mess up everything, destroying the good possession titles to replace them for some imagined and forged at the time (CARVALHO, 1890, p. 412 apud CALVÃO, 2006, p. 77).


Os objectivos geográficos desta expedição de Henrique Dias de Carvalho parecem contradizer-se com o projecto de possessão colonial português ligando a África de costa a costa. Assim, nem todas as acções coloniais – a exemplo da expedição de Henrique Dias de Carvalho - podem ser lidas como uma acção que se coadune ao grande projecto colonial português previsto no imaginado mapa cor-de-rosa, projecto este que se utilizou retoricamente do ultimato britânico como mola mestra para que ele fosse efectivado.


Como pudemos perceber na análise de Filipe Calvão, a viagem de Henrique Dias de Carvalho à Lunda e sua posterior apropriação pelo discurso oficial nacionalista, teve grande importância na criação de uma tradição científica para Portugal. Por extensão, criou-se, assim, um lastro histórico da presença portuguesa em África de modo a dar maior peso ideológico ao discurso imperial português surgido a partir do ultimato inglês de 1890. É dentro cenário discursivo que surgem as condições para a ocupação militar e administrativa ocorridas no início do século XX, exaltando, assim, o na­cionalismo português.


Vale lembrar que a importância histórica da Lunda não fica restrita apenas ao cenário dis­cursivo-ideológico do nacionalismo português. A região da Lunda já no começo do século XX era extremamente visada por conta da valiosa borracha comerciada principalmente pelos Tchokwes. E a partir de 1912 a descoberta oficial de diamantes no rio Cassai e afluentes assanhou ainda mais as pretensões colonialistas portuguesas e de outras nações na região.


A 13 de julho de 1895 foi criado oficialmente o distrito da Lunda, que englobava todas as terras compreendidas “entre o Cuango, o curso inferior do Cassai e a fronteira com o Estado Independente do Congo, ou seja: tudo que os portugueses tinham salvo das garras de Leopoldo II”. Henrique Dias de Carvalho foi nomeado como primeiro governador do novo distrito, todavia sua posição pacifista de homem de ciência não permitiu que a sua permanência no cargo se prolongasse. Carvalho se en­contrava nesses meados de 1895 pressionado pelos comerciantes de Malange que desejavam dominar militarmente o Cassange e “quebrar a espinha dos Mbangálas” e atravessar o rio Cuango. O interesse pela exploração da borracha era o grande motivador de tal interesse (PÉLISSIER, 1986, p. 359).


Segundo Pélissier, a Lunda de 1906 a 1913 tornara-se um símbolo da dificuldade de ocupação colonial. Do ponto de vista do efectivo militar, por volta de 1909 a região da Lunda possuía cerca de 7 companhias distribuídas em 40 postos, com efectivo de cerca de 1000 homens. Não somente a região além Luxico apresentava dificuldades de ser dominada, na Jinga alguns sobas não aceitavam dobrar a espinha frente às autoridades portuguesas, a exemplo de Marimba e Cambo Camana. Apesar da resistência destes sobas de origem ambunda, no final de 1910 a região se encontrava reprimida, para a dominação completa do nordeste de Angola restava ainda alguns espaços como o Cassange. Em outubro de 1911, esta região de maioria Bondo e Mbangála, após uma pequena resistência de alguns sobas, caiu frente às armas de mais uma coluna portuguesa (PÉLISSIER, 1986, p. 374-8).


Na região compreendida entre o rio Cuango e o Cassai, a fome, a miséria, a ocupação do Cas­sange e as dissensões internas facilitavam a penetração portuguesa rumo ao grande objectivo que era a ocupação da fronteira nordeste com o Congo, perseguido já há quase uma década. A resistência Tchokwe na Lunda não iria reduzir a urgência desta ocupação, ademais, em 1912 a descoberta de diamantes na região estimulou ainda mais esta ocupação.


Em novembro de 1912, dois prospectores – Johson e Mac Vey – encontraram sete diamantes na margem direita do Chiumbue, na região. Nesse mesmo ano, foi criada com apoio da Forminière, a Companhia de Pesquisas Mineiras de Angola (PEMA) para explorar, em especial, as jazidas de diamantes, que na fronteira de Nordeste, eram o prolongamento daquelas que tinham sido encontradas no Congo Belga em 1907. Essa companhia era concessionária da prospecção num território delimitado por Belgas e Portugueses. O posto português mais próximo era o de Luchico, a mais de 100 quilômetros (PÉLISSIER, 1986, p. 380).



TEXTO CONTINUA NA PROXIMA EDIÇÃO…
Fonte: Revista Mosaico, v. 6, n. 1, p. 25-38, jan./jul. 2013. 27



sábado, 30 de julho de 2016

LEÕES CONTRA FALCÕES, TURQUIA O GOLPE QUE PODE ABALAR A OTAN

LEÕES CONTRA FALCÕES, TURQUIA O GOLPE QUE PODE ABALAR A OTAN



Com Erdogan firmando suas garras de ferro dentro da Turquia, garras de ferro pré-existentes – OTAN/Turquia – vão-se lentamente dissolvendo no ar. É como se o destino da base aérea Incirlik estivesse pendurado e balançando, enforcado – literalmente –, nuns poucos, selecionados fios de radar.


Há desconfiança extrema em todo o espectro na Turquia de que o Pentágono sabia do que os “rebeldes” estavam preparando. Não há quem não saiba que não cai um alfinete em Incirlik sem que os norte-americanos saibam. Membros do AKP destacam o uso da rede de comunicação da OTAN para coordenar os putschistas e assim escapar da inteligência turca. No mínimo, os putschistas podem ter acreditado que contariam com a OTAN para garantir-lhes a retaguarda. Pois nenhum “aliado na OTAN” dignou-se a alertar Erdogan sobre o golpe.


E há também a saga do avião para reabastecimento de jatos em voo, que reabasteceria os F-16s “rebeldes”. Todos os aviões de reabastecimento em voo em Incirlik são do mesmo modelo – KC-135R Stratotanker – para norte-americanos e turcos. Trabalham lado a lado, sob o mesmo comando: a 10ª Main Tanker Base, cujo comandante é o general Bekir Ercan Van, devidamente preso no domingo passado – e sete juízes já confiscaram todos os controles da torre de comunicações da base. Não por acaso, o general Bekir Ercan Van é muito próximo de Ash Carter do Pentágono.


O que aconteceu no espaço aéreo turco depois que o Gulfstream IV de Erdogan deixou o litoral do Mediterrâneo e aterrissou no aeroporto Ataturk em Istambul já está  quase completamente mapeado – mas ainda há buracos crucialmente importantes na narrativa, abertos à especulação. Erdogan tem-se mantido de boca fechada em todas as entrevistas, e resta esse cenário estilo Missão Impossível, com dois F-16s “rebeldes”, “Leão I” e “Leão II”, em “missão especial”, com ostransponders desligados; o encontro deles com os “Falcão I” e “Falcão II”; um dos “Leões” pilotado por ninguém menos que o homem que derrubou o Su-24 russo em novembro passado; o hoje já famoso avião de reabastecimento em voo que decolou de Incirlik para reabastecer os “rebeldes”; e mais três duplas extras de F-16s que decolaram de Dalaman, Erzurum e Balikesir para interceptar  os “rebeldes”, inclusive a dupla que protegia o Gulfsteam de Erdogan (que voava sob prefixo THY 8456, disfarçado como voo da Turkish Airlines).


Mas quem estava por trás de tudo isso?


Erdogan em missão dada por Deus


O conhecido “vazador” saudita “Mujtahid” causou frisson por revelar que os Emirados Árabes não apenas “tiveram uma função” no golpe mas, também porque manteve a Casa de Saud no circuito. Como se já não houvesse aí problemas que bastassem, o autodeposto emir do Qatar, Sheikh Hamad al-Thani, muito próximo de Erdogan, afirmou que EUA e outra nação europeia (alta probabilidade de ser a França) montaram toda a operação, com envolvimento da Arábia Saudita. Ankara, como seria de prever, negou tudo.



O Irã, por sua vez, viu claramente o jogo de longo prazo e apoiou firmemente Erdogan desde o início. E mais uma vez ninguém falará sobre o assunto, é claro, porque a inteligência russa sabia perfeitamente de todos esses passos – o que o rápido telefonema do presidente Putin a Erdogan, imediatamente depois do golpe, só confirma.



Mais uma vez, os fatos básicos: todos os agentes operadores de inteligência no sul da Ásia sabem que sem luz verde do Pentágono, todas as facções militares turcas encontrariam imensa dificuldade – senão absoluta impossibilidade – de organizar qualquer golpe. Além disso, durante aquela noite fatídica, até que se teve certeza de que o golpe fracassara, nenhum dos conspiradores – de Washington a Bruxelas – foi apresentado precisamente como “o mal”.



Uma fonte da alta inteligência norte-americana, que não acompanha o consenso da Av.Beltway [o cinturão rodoviário que circunda Washington e define seu perímerto], não precisa de meias palavras. Para essa fonte,



“os militares turcos jamais dariam um passo sem luz verde de Washington. Planejou-se o mesmo para a Arábia Saudita em abril de 2014, mas o movimento foi bloqueado nos mais altos escalões em Washington, por um amigo da Arábia Saudita”.



Essa fonte, que é capaz de pensar fora da caixa, adere à hipótese que se tem de tomar como hipótese chave e atual hipótese de trabalho: o golpe aconteceu, ou foi acelerado, essencialmente, “por causa da repentina reaproximação de Erdogan com a Rússia”. Turcos de todo o espectro jogam gasolina ao fogo, insistindo que é mais que provável que as bombas contra o aeroporto de Istanbul tenham sido uma Operação Gladio. Não param de surgir rumores, de leste e de oeste, já sinalizando que Erdogan deixará a OTAN mais dia, menos dia; para integrar-se à Organização de Cooperação de Xangai.



Apesar de Erdogan ser ator no qual absolutamente não se pode confiar e canhão geopolítico giratório, não se deve descartar a possibilidade de que esteja a caminho um convite de Moscou-Pequim, em futuro não muito distante. Putin e Erdogan terão encontro absolutamente crucial no início de agosto. Erdogan conversou por telefone com o presidente do Irã Hassan Rouhani. O que disseram disparou calafrios pela espinha da OTAN:



“Hoje estamos decididos, mais que antes, a contribuir para a solução dos problemas regionais, de mãos dadas com a Rússia e em cooperação com eles”.




Assim sendo, mais uma vez está configurada a disputa crucial que definirá o século 21: OTAN contra a integração da Eurásia, com o Sultão do Vaivém da Turquia exatamente no meio. “Deus” com certeza brincou com esse cenário arrepiante, quando falou diretamente a Erdogan, pelo Face Time.


HILLARY CLINTON É OFICIALMENTE A CANDIDATA DO PD À PRESIDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DE AMERICA

HILLARY CLINTON É OFICIALMENTE A CANDIDATA DO PD À PRESIDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DE AMERICA



Hillary Clinton é oficialmente a candidata do Partido Democrata à Presidência dos EUA. É um momento inédito, com a primeira mulher a vencer a nomeação partidária para a corrida à Casa Branca. O marco histórico decorreu na madrugada do dia 28 de Julho, na convenção dos democratas.


Hillary fez um discurso a tentar combater a divisão no seu próprio partido  e, claro, no país. As frases elogiosas para Bernie Senders foram muitas, porque a luta contra o seu ex-concorrente deixou feridas no partido. O ex-rival fez tudo para promover a conciliação, mas uma parte dos apoiantes do senador do Vermont não pareceram convencidos.


Donald Trump foi o alvo principal do discurso da candidata democrata, que sabe tem um concorrente particularmente difícil pela frente. Trump respondeu de imediato no twitter – onde tem 10 milhões de seguidores –, com cinco mensagens. As ideias principais de Trump são estas:


Hillary recusa-se a mencionar o islão radical, que ameaça o dia dia americano, e quer aumentar em 550% o numero de refugiados nos EUA


Hillary não pode reformar Wall Street, porque Wall Street manda nela


Hillary defede um mundo sem fronteiras, onde a classe trabalhadora não tem poder, emprego ou segurança


Foi a guerra de Hillary no Médio Oriente que iniciou a onda de destruição e terrorismo do Daesh


Ninguém tem pior capacidade de avaliação do que Hillary, uma candidata que anda de mão dada com a corrupção


Basta este pequeno exemplo das últimas horas para termos a certeza de que vamos assistir a uma campanha sem precedentes. As sondagens estão longe da unanimidade. Há mais estudos a dar a vitória a Hillary, mas vários apostam na chegada de Trump à Casa Branca.


MAIS UM CIDADÃO LUNDA TCHOKWE MORTO POR AGENTES DO ALFA5

MAIS UM CIDADÃO LUNDA TCHOKWE MORTO POR AGENTES DO ALFA5



LUCAPA – 26/2016 , Um morto é o resultado do ataque levado a cabo por cerca de seis agentes da empresa de segurança privada Alfa 5, que se dedica à protecção dos campos diamantíferos das Lundas, contra cinco garimpeiros na zona de Lucapa, província da Lunda Norte, durante uma acção de patrulhamento no fim-de-semana.



O governador provincial da Lunda Norte, Ernesto Muangala, ainda não se pronunciou sobre as sucessivas mortes de garimpeiros.



Alberto Mulozelo, secretário para informação do PRS na região, disse que a vitima é um cidadão de 62 anos de idade conhecido por Victor Lupupa, que “deixou uma viúva e quatro filhos”.



Mulozelo, que participou numa reunião com a administração municipal do Lucapa sobre o assunto, disse que nenhum dos seis agentes da referida empresa de segurança está detido e que, agora, pretende mobilizar a população para protestar contra essas mortes.



“Já falamos com a administração sobre o assunto, agora estamos a falar com a população para protestarmos contra estas mortes”, garantiu.



A VOA contactou o comandante-geral da Polícia Nacional, comissário Ambrósio de Lemos Freire dos Santos, mas sem sucesso.



quinta-feira, 21 de julho de 2016

SIC ex-DNIC EM LUANDA CONVOCA ZECAMUTCHIMA PARA INTERROGATÓRIOS SOBRE O PROCESSO 825/2016 DA DPIC LUNDA-SUL QUE TEM COMO ARGUIDO SR ARMANDO MUTONDENO

SIC ex-DNIC EM LUANDA CONVOCA ZECAMUTCHIMA PARA INTERROGATÓRIOS SOBRE O PROCESSO 825/2016 DA DPIC LUNDA-SUL QUE TEM COMO ARGUIDO SR ARMANDO MUTONDENO



SIC (ex-DNIC) EM LUANDA CONVOCA JOSÉ MATEUS ZECAMUTCHIMA PRESIDENTE DO MOVIMENTO DO PROTECTORADO PARA INTERROGATÓRIOS SOBRE O PROCESSO N.º 825 / 2016 DA DPIC LUNDA-SUL QUE TEM COMO ARGUIDO SR ARMANDO MUTONDENO, Secretario Regional em Saurimo



O regime tirânico, ditatorial de José Eduardo dos Santos, funciona e sempre funcionará na contramão, contra as tendências da diferença ao ponto de não mais conseguir reconhecer diferentes prismas pacifistas, tal é o caso implícito do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, um prego no seu sapato, uma espinha na sua garganta, um calo no seu pé, movimento cujo alicerces da sua edificação já correspondem com as expectativas da sua fundação ao longo dos últimos 10 anos da sua existência.


Ninguém pode garantir que o império de sua Majestade, a tirania ditatorial de Angola  JES/MPLA  em sua agonia de incertezas de dissolução a médio prazo não arraste todos nós  à catástrofe ou ao perigo de extinção da nossa espécie, disparando em todas as direcções, destruindo amigos e inimigos, só assim se explica a convocação do Presidente do Movimento do Protectorado para interrogatórios nos Serviços de Investigações Criminais, sobre um processo ilegal que teve lugar na Lunda-Sul, com arrogância, totalitarismo e abusos do poder.



Nos termos da alínea 1 do artigo 65.º da constituição angolana e alínea 2 do artigo 7.º  da Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povo;  o processo tem lugar na Lunda – Sul e não em Luanda, independentemente de José Mateus Zecamutchima ser o Presidente do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe.


No dia 5 de Maio de 2016, por volta das 16 horas, o Senhor Armando Mutondeno, Secretario Regional do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, levou uma carta na Secretaria do Governo Provincial da Lunda-Sul, nos termos do artigo 47.º da Constituição de Angola de 2010, o objectivo era informar da realização de uma manifestação pacifica a favor da Autonomia, conforme deliberação do Secretariado Regional autónomo nesta matéria para agir a favor do direito legitimo, histórico natural do povo Lunda Tchokwe.


Afinal o simples entrega de uma comunicação a uma Instituição Pública do Governo Angolano, constitui crime de REBELIÃO?  Uma simples carta seja ela de manifestação ou de outra índole, constitui imediatamente crime de Rebelião?..


O  artigo 47.º da CRA e a Lei sobre o Direito de Reunião e das Manifestações,  publicada no Diário da República N.º 20, I Série de 11 de Maio de 1991, artigo 6.º comunicação, alíneas 1 ,2, 3 e 4, artigo 7.º sobre proibição de realização de reuniões ou manifestação, alíneas 1 e 2  e artigo 8.º interrupção do exercício do direito, alíneas 1, 2 e 3, estes artigos do ordenamento jurídico angolano, em nenhum momento ordenaram prender o cidadão ou entidade promotora de reunião ou manifestações abertas ao publico, no acto da comunicação.



Lembramos que  no dia 3 de Junho do corrente ano, o Chefe do Departamento Provincial de Combate ao Crime Organizado de Serviços de Investigação Criminal da Lunda-Sul, Sr Paulo Mário, volvido mais de 30 dias do encarceramento do Sr Armando Mutondeno, convocou para interrogatórios os Senhores:

ü  Ezaquiel Muacumbi

ü  Lito César


Sobre o mesmo processo n.º 825/2016, DPIC Lunda-Sul, os mesmos compareceram no dia 3 e 4 de Junho de 2016 no SIC e deram todas as informações que o Sr Paulo Mário solicitou.


O Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, não é uma organização criminosa, nem é uma associação de malfeitores, vejam a retrospectiva de alguns acontecimentos que prova a seriedade do mesmo:


ü  No dia 4 de Novembro de 2014, a 10.ª Comissão da Assembleia Nacional recebeu uma Delegação do Movimento;

ü  Em outubro de 2014, uma Delegação do Movimento foi recebida em Genebra no Alto Comissariado da ONU dos Direitos Humanos;

ü  Em Maio de 2015, o Representante da ONU em Angola, recebeu em Audiência o Presidente do Movimento;

ü  Igualmente o Presidente do Movimento em 2015, foi recebida pelas Embaixada dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Bélgica, Portugal e Alemanha;

ü  Como temos também trocado corespondência com orgãos do Executivo Angolano e os tribunais, entre as várias entidades, para não mencionarmos todos.

ü   
Por outro lado, este processo n.º 825/2016, esta em posse já dos Advogados de Defesa da Associação Mãos Livres.


A convocação de José Mateus Zecamutchima, Presidente do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe para interrogatórios não tem razão, nem fundamento jurídico, até porque, quem o SIC Luanda deveria convocar é a senhora Governadora Cândida Narciso, que mantém ilegalmente o sr Armando Mutondeno, na prisão, quem não quer atender a petição interposto pelos Advogados de Defesa desde o dia 1 de Julho do corrente ano.


Ao  Povo Lunda Tchokwe , o que nos une a todos deve permanecer mais forte acima de tudo, com muita vigilância contra as manobras dilatório do regime que a todo custo pode dividir-nos, porque a razão e o interesse superior do nosso  povo ultrapassa quaisquer considerações egoístas e oportunistas do regime que quer perpetuar a colonização.


quarta-feira, 20 de julho de 2016

A INSUSTENTÁVEL CRISE FINANCEIRA DE ANGOLA VS EXPORTAÇÃO DE DIAMANTES EM ALTA RENDEM MAIS DE 80 MILHÕES DE DÓLARES EM JUNHO A MISÉRIA NA LUNDA TCHOKWE AUMENTA A CADA DIA QUE PASSA

A INSUSTENTÁVEL CRISE FINANCEIRA DE ANGOLA VS EXPORTAÇÃO DE DIAMANTES EM ALTA RENDEM MAIS DE 80 MILHÕES DE DÓLARES EM JUNHO A MISÉRIA NA LUNDA TCHOKWE AUMENTA A CADA DIA QUE PASSA





Angola produziu e vendeu 760.939 quilates de diamantes em todo o mês de junho, num encaixe global de 80,5 milhões de dólares (72,6 milhões de euros), superior em mais de cinco por cento face ao registo de maio.


Os dados constam de uma informação do Ministério da Geologia e Minas a que a Lusa teve hoje acesso e indicam que as vendas de Angola cifraram-se, em média, nos 105 dólares por quilate, em junho, contra os 102 dólares do mês anterior.


De acordo com a mesma informação, o aumento da produção (2,28% em volume) aconteceu num período em que a produção na mina de Catoca na província da Lunda Sul - a quarta maior do mundo e responsável por seis milhões de quilates anuais, 75% da produção angolana - registou uma quebra de quase 5%. Em simultâneo, no mercado artesanal apenas duas operadoras compraram diamantes.



"Com relação ao valor das vendas, registou-se um aumento motivado pela qualidade dos quilates provenientes dos diferentes projetos, nomeadamente do Lulo, Somiluana, Camutué e Luó".


Angola produziu em junho de 2015 cerca de 748 mil quilates de diamantes, que renderam 92,1 milhões de dólares, a um preço médio de 124 dólares por quilate, registando por isso um aumento de volume de 1,7% e uma quebra de 13,3% na receita, face ao mesmo mês de 2016.


Depois do petróleo, os diamantes são o principal produto de exportação de Angola.


O presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), Carlos Sumbula, disse em janeiro passado que os países produtores diamantíferos pretendem reduzir a quantidade de pedras preciosas no mercado para travar a quebra nos preços.


Entre outros projetos, a Endiama já anunciou que a primeira fase de produção da nova mina de diamantes do Luaxe, no interior norte de Angola, "o maior kimberlito" descoberto no país e que poderá duplicar a produção nacional, arranca "nos primeiros meses de 2018".



Juntamente com os restantes parceiros do contrato de investimento mineiro do Luaxe, a Endiama e os russos da Alrosa preveem investir mil milhões de dólares (900 milhões de euros) naquela concessão, que poderá garantir uma produção anual de cerca de dez milhões de quilates.


A mina de Luaxe deverá representar reservas à volta de 350 milhões de quilates e conta com uma previsão de exploração de mais de 30 anos.


Exportação de granitos e mármore angolanos volta a aumentar em junho e já vale 1 milhão de Euros/mês


A exportação angolana de rochas ornamentais, incluindo para Portugal, voltou a aumentar de maio para junho, mais de 40 por cento, gerando receitas de 1,19 milhões de dólares (mais de um milhão de euros).


Segundo uma informação do Ministério da Geologia e Minas a que a Lusa teve acesso, durante todo o mês de junho Angola exportou 5.317 metros cúbicos de rochas ornamentais, como mármores e granitos, sobretudo provenientes do sul do país, contrastando com os 3.797 metros cúbicos exportados em maio.


O aumento, em linha com o que aconteceu em meses anteriores, é justificado na mesma informação pela "participação de um maior número de empresas na exportação de rochas ornamentais", nomeadamente de blocos de granito.


Índia, China, Espanha, Egito, Polónia, Portugal e Itália foram os principais destinos de exportação das rochas ornamentais angolanas, que até junho alcançou 38,7% da meta anual traçada pelo Governo.


Já a produção em todo o mês de junho, em Angola, atingiu os 5.261 metros cúbicos, um aumento de 4% face a maio.


Angola é o maior produtor de petróleo em África, mas enfrenta desde finais de 2014 uma profunda crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional.


O Governo implementou entretanto um plano para diversificar a economia, apostando no reforço da produção nacional para aumentar as exportações e travar as importações.


LUSA



ALTERNATIVA DO PODER, SÃO TOME E PRINCIPE TEM NOVO PRESIDENTE EVARISTO CARVALHO


ALTERNATIVA DO PODER, SÃO TOME E PRÍNCIPE TEM NOVO PRESIDENTE EVARISTO CARVALHO




O analista Gerhard Seibert acredita que com um Presidente e um Governo do mesmo partido, São Tomé e Príncipe poderá contar com "maior estabilidade". Mas, por outro lado, o Executivo também poderá ser menos "controlado".



Evaristo Carvalho, o candidato apoiado pela Ação Democrática Independente (ADI) foi eleito na primeira volta, no domingo (17.07), com 50,1% dos votos, contra 24,8% do atual Presidente Manuel Pinto da Costa,que concorria a um segundo mandato, e 24,1% de Maria das Neves, apoiada pelos partidos da oposição parlamentar.



A candidatura de Maria das Neves, que ficou em terceiro lugar nas presidenciais, anunciou esta segunda-feira (18.07) que vai contestar judicialmente os resultados e pedir a anulação do ato eleitoral. As eleições presidenciais "não foram nem livres, nem justas nem transparentes", disse Danilo Santos, diretor de campanha de Maria das Neves, citado pela agência de notícias Lusa.



Para saber que mudanças esperam o país, a DW África entrevistou o analista alemão Gerhard Seibert, que atualmente trabalha na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), na Bahia.



O especialista em São Tomé e Príncipe não acredita que Evaristo de Carvalho faça uma "fiscalização rígida" da governação da ADI, o seu próprio partido. E também não prevê mudanças nas relações com outros países.


DW África: Na sua opinião, qual o porquê da derrota de Manuel Pinto da Costa, o Presidente cessante?



Gerhard Seibert (GS): Acho que isso tem a ver com um maior apoio da ADI e do Governo ao candidato Evaristo de Carvalho, que era o candidato oficial da ADI. E também devido à mensagem de que a eleição do candidato da ADI podia criar em São Tomé uma situação de partido único. A maior parte do eleitorado, uma maioria, parece estar a favor de uma governação da ADI em todos os setores.



DW África: O primeiro-ministro, Patrice Trovoada, disse após vitória de Evaristo Carvalho nas presidenciais que ele é "uma personalidade que tem todos os requisitos para poder, com o Governo, inaugurar um período de estabilidade para São Tomé e Príncipe". O que significa para o país um Governo e um Presidente da ADI?



GS: A partir de agora, a ADI, o partido no Governo, também tem a presidência. Pode haver uma maior estabilidade, mas, por outro lado, também pode haver menos controlo e menos fiscalização deste Governo. Porque não se espera que Evaristo de Carvalho, que é conhecido como um fiel, um seguidor de Patrice Trovoada, e já era muito próximo do pai dele, Miguel Trovoada, faça qualquer oposição ou uma fiscalização rígida da governação da ADI, o seu próprio partido.



DW África: Acredita que haverá mudanças nas relações externas?


GS: Não haverá, porque quem determina as relações externas e a política externa do país é o Governo. Já não é como no início, nos anos 90, até 2006, quando entrou em novo vigor a nova Constituição. Naquela altura, o Presidente tinha competências na área da política externa. Mas isso já não acontece.


DW África: Como serão as relações com a Nigéria, parceiro tradicional da ADI e da família Trovoada e um parceiro importante, face à zona de exploração petrolífera conjunta?


GS: Neste momento, não vejo grandes alterações nessa área. Aliás, essa zona conjunta também está moribunda, porque saíram de lá todos os investidores estrangeiros. Não há exploração de petróleo.


DW África: O Presidente cessante, Manuel Pinto da Costa, manteve relações de cooperação com Teodoro Obiang, na Guiné Equatorial, e com Angola. Como será o futuro dos investimentos destes dois países em STP?


GS: Acho que vão manter-se esses investimentos e esses interesses porque o próprio Governo também manteve essas relações e depende também em termos financeiros e de investimento destes dois países.


DW África: São Tomé e Príncipe reconheceu Taiwan e os Governos de São Tomé e de Taipé são parceiros. Acha eu poderá haver mudanças no futuro?


GS: Agora é menos provável uma aproximação à China continental porque a ADI e o próprio Patrice Trovoada são mais fiéis a Taiwan e a Taipei do que Manuel Pinto da Costa, que procurou uma maior aproximação com Pequim. Neste caso, acho que vai continuar a relação bilateral com Taiwan.



Bettina Riffel – Deutsche Welle