A INSUSTENTÁVEL CRISE
FINANCEIRA DE ANGOLA VS EXPORTAÇÃO DE DIAMANTES EM ALTA RENDEM MAIS DE 80
MILHÕES DE DÓLARES EM JUNHO A MISÉRIA NA LUNDA TCHOKWE AUMENTA A CADA DIA QUE PASSA
Angola
produziu e vendeu 760.939 quilates de diamantes em todo o mês de junho, num
encaixe global de 80,5 milhões de dólares (72,6 milhões de euros), superior em
mais de cinco por cento face ao registo de maio.
Os dados
constam de uma informação do Ministério da Geologia e Minas a que a Lusa teve
hoje acesso e indicam que as vendas de Angola cifraram-se, em média, nos 105
dólares por quilate, em junho, contra os 102 dólares do mês anterior.
De acordo
com a mesma informação, o aumento da produção (2,28% em volume) aconteceu num
período em que a produção na mina de Catoca na província da Lunda Sul - a
quarta maior do mundo e responsável por seis milhões de quilates anuais, 75% da
produção angolana - registou uma quebra de quase 5%. Em simultâneo, no mercado
artesanal apenas duas operadoras compraram diamantes.
"Com
relação ao valor das vendas, registou-se um aumento motivado pela qualidade dos
quilates provenientes dos diferentes projetos, nomeadamente do Lulo, Somiluana,
Camutué e Luó".
Angola
produziu em junho de 2015 cerca de 748 mil quilates de diamantes, que renderam
92,1 milhões de dólares, a um preço médio de 124 dólares por quilate,
registando por isso um aumento de volume de 1,7% e uma quebra de 13,3% na receita,
face ao mesmo mês de 2016.
Depois do
petróleo, os diamantes são o principal produto de exportação de Angola.
O presidente
do conselho de administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola
(Endiama), Carlos Sumbula, disse em janeiro passado que os países produtores
diamantíferos pretendem reduzir a quantidade de pedras preciosas no mercado
para travar a quebra nos preços.
Entre outros
projetos, a Endiama já anunciou que a primeira fase de produção da nova mina de
diamantes do Luaxe, no interior norte de Angola, "o maior kimberlito"
descoberto no país e que poderá duplicar a produção nacional, arranca "nos
primeiros meses de 2018".
Juntamente
com os restantes parceiros do contrato de investimento mineiro do Luaxe, a
Endiama e os russos da Alrosa preveem investir mil milhões de dólares (900
milhões de euros) naquela concessão, que poderá garantir uma produção anual de
cerca de dez milhões de quilates.
A mina de
Luaxe deverá representar reservas à volta de 350 milhões de quilates e conta
com uma previsão de exploração de mais de 30 anos.
Exportação
de granitos e mármore angolanos volta a aumentar em junho e já vale 1 milhão de
Euros/mês
A exportação
angolana de rochas ornamentais, incluindo para Portugal, voltou a aumentar de
maio para junho, mais de 40 por cento, gerando receitas de 1,19 milhões de
dólares (mais de um milhão de euros).
Segundo uma
informação do Ministério da Geologia e Minas a que a Lusa teve acesso, durante
todo o mês de junho Angola exportou 5.317 metros cúbicos de rochas ornamentais,
como mármores e granitos, sobretudo provenientes do sul do país, contrastando
com os 3.797 metros cúbicos exportados em maio.
O aumento, em
linha com o que aconteceu em meses anteriores, é justificado na mesma
informação pela "participação de um maior número de empresas na exportação
de rochas ornamentais", nomeadamente de blocos de granito.
Índia,
China, Espanha, Egito, Polónia, Portugal e Itália foram os principais destinos
de exportação das rochas ornamentais angolanas, que até junho alcançou 38,7% da
meta anual traçada pelo Governo.
Já a
produção em todo o mês de junho, em Angola, atingiu os 5.261 metros cúbicos, um
aumento de 4% face a maio.
Angola é o
maior produtor de petróleo em África, mas enfrenta desde finais de 2014 uma
profunda crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra da cotação
do barril de crude no mercado internacional.
O Governo
implementou entretanto um plano para diversificar a economia, apostando no
reforço da produção nacional para aumentar as exportações e travar as
importações.
LUSA