sábado, 2 de julho de 2016

CARTA DA AUTORIDADE DO PODER TRADICIONAL LUNDA TCHOKWE ENDEREÇADA A JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS EM 2014 – PASSADOS 21 MESES A INSENSIBILIDADE DO PRESIDENTE TIRÂNICO

CARTA DA  AUTORIDADE DO PODER TRADICIONAL LUNDA TCHOKWE ENDEREÇADA A JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS EM 2014 – PASSADOS 21 MESES A INSENSIBILIDADE DO PRESIDENTE TIRÂNICO





Ao
Excelentíssimo senhor
Eng.º José Eduardo dos Santos
Presidente da Republica de Angola
LUANDA



Apoio do Poder Tradicional LUNDA TCHOKWE, as iniciativas do Movimento do Protectorado relativas a AUTONOMIA



Excelentíssimo senhor Presidente!
Aceite os respeitosos cumprimentos do Povo Lunda Tchokwe. 



Reunidos nos dias 24 e 25 de Agosto de 2014, na cidade do Luena a Capital da Província do Moxico, nós, membros da Corte de Sua Majestade Muatchissengue Watembo, Miananganas da Autoridade do Poder Tradicional Lunda Tchokwe, idos do Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul, Lunda Norte e Bié, em representação de vários povos e etnias da nossa região, vulgo Leste de Angola, onde discutimos e analisamos os factos reivindicados pelo Movimento do Protectorado, o seu impacto no território Lunda Tchokwe em particular e de Angola no geral.



No pretérito mês de Julho do ano de 2008, mais de uma centena de Membros da Corte de Sua Majestade Muatchissengue Watembo, reuniu no Itengo, naquela que foi a primeira vez de a Autoridade Tradicional Lunda Tchokwe, pronunciar-se sobre a reivindicação da AUTONOMIA, foi endereçada uma carta a Sua Excelência Presidente da Republica, passados estes 6 anos, não mereceu resposta alguma por parte de Vossa Excelência.



Entre 2008 à 2013, o que se assistiu por parte do Governo angolano, para uma reivindicação pacífica, foram perseguições, ameaças continuadas e prisões a membros do Movimento do Protectorado, nossos filhos, vossos cidadãos no contexto geral de Angola, até nós como autoridade do poder tradicional Lunda Tchokwe, não fomos poupados, alguns de nós presos, criaram-nos conflitos étnicos, inclusive divididos e submetidos a torturas psicológicas com propagandas mentirosas, segundo as quais, os nossos filhos querem dividir Angola ou que possuem exercito para combaterem o governo.

A nossa reunião do Luena em Agosto, provou que, tudo quando tem sido realizado pelo Movimento do Protectorado, os serviços secretos ou militares tem dado informações falsas ao poder central do estado angolano, com o propósito de escamotear com a verdade. É provável que grande parte dos relatórios que esses serviços emitem a Vossa Excelência para ter uma imagem do país e em particular da questão Lunda Tchokwe não corresponda a realidade.


Provou-se também que não existe alas ou grupos no processo reivindicativo pacífico da autonomia Lunda Tchokwe, da qual demos nossa anuência desde 2008.


Excelentíssimo senhor Presidente!



O direito dos povos na terra lhes foi conferido por Deus, os homens o reconheceram através de instrumentos legais do direito internacional público e geral consagrado na Carta da ONU e da Carta Africana dos direitos humanos e dos povos.


Assim, humildemente, vos suplicamos, que a Autonomia da Lunda Tchokwe; Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul e Norte, assemelha-se a Escócia, Irlanda do Norte e Pais de Gales no Reino Unido da Inglaterra, Madeira e Açores em Portugal, Ilhas Canárias ou Catalunha na Espanha, Califórnia nos Estados Unidos de América ou Macau e Hong Gong na China, não se trata de cessação da Lunda Tchokwe de Angola.


Nós a autoridade do poder tradicional Lunda Tchokwe, acreditamos que se o senhor Presidente ordenar imediatamente o “DIÁLOGO” com o Movimento do Protectorado, uma hora de conversa será suficiente para dissipar duvidas e encontrar-se uma saída sobre o caminho da Autonomia; Angola ganha, Africa ganha e o mundo colherá a experiência que poderá conduzir na resolução de tantos conflitos territoriais; na Europa, no médio oriente ou na América Latina.




Excelência!


Ao submetermos esta carta no vosso Gabinete, queremos informar que a nossa terra Lunda Tchokwe tem bandeira e o seu hino, que usaremos nas nossas aldeias e bairros, não significa em nenhum momento uma declaração unilateral de Independência, ao contrário, nos fortalece no espírito de Paz, na dignidade e irmandade sob vossa direcção. Será uma demonstração de que os Africanos podemos viver juntinhos num país que vive na diferença.


Na qualidade de Autoridade do Poder Tradicional Lunda Tchokwe que somos, manifestamos o nosso total apoio ao Movimento do Protectorado, em cuja liderança foi confiada em 2011 na pessoa do Eng.º José Mateus Zecamutchima, com quem o Governo deverá dialogar na presença e testemunho da Comunidade Internacional e de Sua Majestade Muatchissengue Watembo, Nhacatolo, Mwene Mbandu III e outras famílias de linhagem da nossa nobreza.



Reafirmamos a justeza da nossa história natural e sob princípios jurídico de “PROTECTORADO”, e Internacional de “PACTA SCRIPTA SUNT SERVANDA”, de cada povo tem direito de ser livre e gozar dos seus direitos e liberdades, artigo 1º, 2º, 3º, 4º e 10º da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS e artigo 20º e 21º da CARTA AFRICANA DOS DIREITOS DO HOMEM E DOS POVOS, artigo 1.º da carta da ONU de 1945, porque um dos objectivos das Nações Unidas é "desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio da  Igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal” e a Resolução da ONU 2625 - 970.



Declaração de Viena e o Programa de Acção adoptado pela Conferência Mundial de Direitos Humanos – 1993. A conferência reconhece "o direito dos povos de tomar qualquer acção legítima, de acordo com a Carta das Nações Unidas, a realizar o seu inalienável direito de autodeterminação ".



A República de Angola (artigo 12º da Lei Constitucional) diz que respeita e aplica os princípios da Carta da Organização das Nações Unidas e da Carta da União Africana e estabelece relações de amizade e cooperação com todos os Estados e povos, na base dos seguintes princípios:



c) Direito dos povos à autodeterminação e à independência;
d) Solução pacífica dos conflitos;
e) Respeito dos direitos humanos.


A Autoridade do Poder Tradicional Lunda Tchokwe, subscrevemos a tese defendida pelo Movimento do Protectorado, segundo, somos independentes, simplesmente estamos a procura do “DIALOGO” para a nossa União com a Republica de Angola por via de uma “AUTONOMIA”, que é uma das grandes soluções para a eliminação das assimetrias e a criação de emprego e do aceleramento do desenvolvimento de ANGOLA, mantendo-se sempre a integridade territorial.



Finalmente, informamos a Vossa Excelência, que tencionamos voltar a escrever sempre que haja necessidade, saudamo-lo em nome do povo Lunda Tchokwe, pelas iniciativas de Sua Excelencia Presidente José Eduardo dos Santos, pelas posições que tem se ocupado nas suas funções, o dialogo sobre a nossa Autonomia seja um facto imediato, almejando votos de iluminação divina, pelo qual o nosso povo pede a DEUS que, vos seja prolongada a vida, alta estima e consideração.


Saurimo Lunda-Sul, aos 30 de Outubro de 2014.



Respeitosamente
em Representação da Corte

Muene NGUNJI
Muene Muamuxico
Muene Muacapenda Camulemba
Muene Muamalundu


C/COPIAS:
Ø Governo Português;
Ø Governo dos Estados Unidos de América
Ø Governo da Bélgica;
Ø Governo da Santa Sé no Vaticano;
Ø Governo do Reino Unido;
Ø Governo da França;
Ø Governo da Alemanha
Ø Sede União Africana
Ø Assembleia Nacional de Angola
Ø UNITA, PRS, CASA-CE e FNLA
Ø CEAST ANGOLA
Ø Nunciatura apostólica em Angola

Ø  ONU.