POVO MORRE DE FOME ENQUANTO REGIME ESBANJA 35
MILHÕES EM FESTA PRESIDENCIAL
ANIVERSÁRIO MILIONÁRIO
William Tonet – Folha 8,
06 setembro 2014
O culto de personalidade,
a bajulação, a idolatria nunca havia chegado tão longe como em 2014, altura em
que Eduardo dos Santos completou 72 anos de idade.
O dia de aniversário de um
cidadão, independentemente, das suas funções, em qualquer país normal ou
democrático é uma data privada, mas em Angola sob o regime do MPLA, tornou-se
no dia nacional de bajulação.
O regabofe, rebentou as
costuras com a orquestra a atingir a perfeição da bestialidade. Quando a bajulice
é demais até as moscas se recusam a poisar na porcaria e isso acontece, numa
altura em que o regime tem noção de estar a caminhar para uma fragilidade
maior, pese alguns, acreditarem estar a chave da salvação na figura do seu
líder. Ledo engano.
Verdade ou mentira os
gastos astronómicos avaliados em 40 milhões de dólares, saídos da reserva
pública, para o aniversário presidencial, são uma ofensa a maioria dos autóctones
angolanos.
É hora do povo despertar.
É hora do povo dizer, basta nesta podridão governamental, que cada dia mais
nos assassina.
Escrever, denunciar, gritar,
bater com as panelas e tampas, liberta.
Em homenagem a Kamulingue
e Cassule, que apesar de terem preservado a vida do Presidente da República,
por muitos anos, enquanto militares da UGP, foram cobardemente assassinados, é
a prova mais evidente da intolerância do regime.
Se nada fizermos, hoje,
seremos o próximo alvo, amanhã.
A táctica do regime não
mudará nunca, pois a sua melhor arma para além da discriminação, são os
assassinatos selectivos, 27 de Maio de 1977 é o maior exemplo.
É preciso mudar, fazendo
tudo para não se perder a crença na democracia. Se isso acontecer a porta será
a dos que melhor navegam na guerra, para gaúdio da corrupção, da violação das
leis, da fome, etc.
Continuemos a gritar, ainda
que as balas assassinas deste regime nos e me perseguiam. Nunca me calarei,
mesmo que me retirem todos os diplomas, até mesmo os de cidadania.
Tenho plena convicção que
a semente da revolta dos milhões discriminados e assassinados, germinará um
dia e eles, para nosso alento colectivo, também morrerão, muitos quiçá, pior do
que nós.
O seu refrão predilecto:
assassinar e atirar os corpos aos jacarés do Dande, não durará para sempre.
Eu acredito no fim desta
podridão se formos capazes, em todas as barricadas, absolutamente, todas, sem
excepção, incluindo a dos verdadeiros militantes do MPLA, que a mudança para a
implantação de uma verdadeira democracia representativa, com instituições de
Estado imparciais e cidadãs, são a melhor via para se construir uma Angola
nova, onde jamais admitiremos a consagração do culto de personalidade, da
corrupção institucionalizada, com protecção de uma justiça submissa e
vergonhosamente descaracterizada.