NÃO HÁ PROTECTORADO ISSO ERA UMA REALIDADE DA LEI COLONIAL
PORTUGUESA DISSE NORBERTO GARCIA DO REGIME COLONIALISTA DO MPLA NA NAÇÃO LUNDA
TCHOKWE À VOA
Porta-voz
do MPLA em Luanda acusou a Unita de ser uma criação do colonialismo.
Não
é verdade que haja uma política de intolerância política em Angola, disse o
porta-voz e secretário de informação e propaganda do MPLA em Luanda, Norberto
Garcia.
Num
animado “Angola Fala Só” esta sexta-feira, 26, Garcia garantiu que “o MPLA não
orienta ninguém” para tirar bandeiras da UNITA como alegado por um ouvinte ou
para atacar a Unita.
O
dirigente do partido no poder atribuiu tal prática a actos individuais devido
às atrocidades que teriam sido cometidas pela Unita durante a guerra e pelo
facto de haver poucas famílias em Angola que não tenham sido mortas na guerra.
“Peçam
desculpas às pessoas e a intolerância vai acabar”, disse o porta-voz do MPLA em
Luanda para quem após a guerra foi o partido dele que “reergueu a Unita”.
“Quem
salvou a Unita foi o MPLA”, disse afirmando ainda que após a morte do primeiro
presidente da Unita, Jonas Savimbi, foi o governo do MPLA que foi “buscar às
matas” os elementos da Unita para os reintegrar.
“Tenham
a humildade de ver isso”, acrescentou Norberto Garcia, quem afirmou que “os
militantes da UNITA foram protegidos” pelo governo do MPLA.
Norberto
Garcia acusou ainda a UNITA de hipocrisia política ao afirmar que o partido de
Isaías Samakuva não aprovou a Constituição actual mas queixa-se de que a mesma
não é respeitada.
Garcia
disse que as recentes medidas de descentralização do poder em Luanda
fazem parte dos “ensaios para as autarquias locais”.
“Estamos
a fazer ensaios e a preparar as pessoas para as autarquias locais”, disse o
dirigente do MPLA sublinhando que antes das eleições autárquicas há que “ter as
pessoas e as instituições” que possam lidar com a nova realidade do poder
local.
Interrogado
sobre a longa permanência do presidente José Eduardo dos Santos no poder,
Norberto Garcia disse que “Santos está muito bem onde está” e reiterou que se a
Unita tivesse aceite a segunda volta das eleições em 1992 “José Eduardo dos
Santos já não seria presidente” por imperativo constitucional.
Nessa
altura, disse numa referência ao colapso da Somália, a Unita quis “somalizar”
Angola.
“A
alternância irá surgir oportunamente”, afirmou, mas avisou que no próximo
congresso extraordinário do MPLA não estarão em discussão as posições de
liderança do partido. “Não há alternância à força, pois a democracia é a
vontade da maioria”, acrescentou.
O
porta-voz do MPLA negou que houvesse “partidarismo” nos órgãos de
informação estatais e justificou a presença do partido na imprensa como facto
de "o MPLA fazer mais do que os outros partidos”. A imprensa angolana “é
livre e aberta”, disse Garcia.
Noutro
momento da conversa com os ouvintes, Norberto Garcia rejeitou qualquer forma de
separatismo em Angola quando interrogado sobre a Lunda Norte. Um ouvinte recordou
que leis portuguesas reconheciam as Lundas como um “protectorado”, mas Norberto
Garcia disse que isso era uma realidade da “lei colonial” portuguesa. “Angola é um único
país, um só povo, uma só nação”, asseverou.
“Não
há protectorado”, disse, afirmando ainda que Angola “ não pode correr o
risco de isolar essa zona do país”.
“É
isso que o PRS quer”, afirmou numa referência ao Partido da Renovação Social
que defende o federalismo para Angola.
Garcia
disse contudo que o governo do MPLA defende a “descentralização” para que se
possa “governar na proximidade”.
Garcia
que há ainda problemas em Angola e que o MPLA está ciente disso. “Não vou dizer
que é tudo um mar de rosas que está tudo bem” disse.
“Temos
que governar com mais transparência, temos que lutar contra a corrupção”, disse
acrescentando estar no entanto convencido que as políticas do governo são
aquelas “que o país precisa”.
O
porta-voz do MPLA e secretário para a informação e propaganda do MPLA em
Luanda acusou ainda a UNITA ser uma “criação do sistema colonial”,
afirmando que a UNITA “ pouco combateu o sistema colonial…. Ajudando mais o
colonialismo”.