AUTORIDADES ANGOLANAS E PARTIDOS POLITICOS
CONTINUAM A IGNORAR A QUESTÃO LUNDA TCHOKWE
Quando escrevi meu
primeiro texto sobre a questão dos Lundas e os programas dos Partidos políticos
sobre aquela região, alguns amigos a partir de Luanda, ligaram-me, outros
telefonaram-me para saber qual era o meu interesse sobre a questão dos Lundas,
outros chamaram-me de ser político espontâneo ou de ser um intruso em questões
de conflitos.
Se há sabedoria nos
nossos mais velhos, analisem comigo os seguintes cenários, depois podereis
concluir o que eu continuo achando que se deveria logo os políticos se
envolverem e procurarem como se diz na “gíria”, que a primeiro cacete mata a
cobra:
1.- Em 35 anos da
nossa independência, nunca vi a TPA a falar da história do povo Lunda Tchokwe,
a falar da Mussumba do Muatiânvua e de tantas outras coisas sobre o Imperio ou
Reino da Lunda; se agora o faz publicamente é porque alguma coisa há no fundo
do túnel, algum acontecimento, este acontecimento é o Movimento do Protectorado
da Reivindicação da Autonomia ou Independência da Lunda.
2.- Se Cabinda
reclama o tratado de Simulambungo, os Lundas reclamam os tratados de Xá-Muteba,
Caungula, Muatchissengue, Suana Ambinji e o tratado da corte do Muatiânvua
todos dos mesmos anos 1885 á 1887, os textos são iguais sem diferença, todos
com enviados do Rei de Portugal, logo se para Cabinda haver Refendo os Lundas
seguramente que terão caminho aberto para defender os seus argumentos, quem irá
ganhar com isso?..e ainda mais, os Lundas defendem o contencioso de 1891 entre
Portugal e Bélgica.
3.- Em 2014 o Reino
Unido da Inglaterra e a Escócia vão ao referendo para o povo decidir sobre o
futuro deste ultimo, o Reino da Escócia foi um Estado independente
até 1
de Maio de 1707, quando os Actos de União formalizaram uma união
política com o Reino da Inglaterra, de modo a criar o Reino Unido da
Grã-Bretanha. A Escócia continua a ter Estado e jurisdição separados para fins
de direito internacional. O direito e o sistema
de ensino escoceses, bem como a Igreja, têm permitido a continuação da cultura
e da identidade nacional escocesas desde a união. Como é que Angola vai gerir
esta situação da EUROPA para os casos Cabinda e dos LUNDAS?..
4.- CASA-CE
assinou um acordo com personalidades de Cabinda para falar dos Cabindas na
futura Assembleia Nacional, fala mesmo do referendo, será que os Intelectuais
Lundas, não estão acompanhar o que se esta a passar?
5.- Ao visitar o
Blogspot do Protectorado dos Lunda, avista-se logo com Advogados angolanos e
internacionais, parece-me um jogo de brincadeira, mas tive a curiosidade de
visitar a página da ITN Solicitors clicando na foto no blog do protectorado foi
até o sítio e apercebi que o assunto é sério e os Advogados são sérios, isso
não incómoda o poder em Luanda? E os Partidos Políticos estão a margem, se
querem governar nos próximos tempos?
6.- Em Cabinda a FLEC
faz guerrilha armada nas matas, mas os dirigentes LUNDAS estão nas cidades,
vive no seio da sua própria população, estão em contacto permanente com o seu
povo, isso não nos diz absolutamente nada?
7.- Os Partidos
Políticos incluindo o Presidente José Eduardo dos Santos que esteve ontem em
Saurimo, só querem o voto dos Lundas, mas não estão a dizer como é que vai
ficar a situação reivindicativa, será que eles vão ao voto e tudo acabou? Ou
será que o Partido que ganhar, com ela terminará esta conversa? A FLEC de
Cabinda existe desde os anos 50, o regime já gastou milhões de dólares para
acabar com a FLEC, matou, assassinou dirigentes militares, aprisionou
Activistas Cabindas, até falso acordo fez, mas a FLEC continua ai.
8.- O Movimento do
Protectorado reivindica Kuando Kubango, Moxico e o Distrito Militar da antiga LUNDA,
hoje norte e sul, região que tem no Parlamento Angolano cerca de 20 Deputados
repartidos entre o MPLA, UNITA e o PRS, mas que estes deputados nunca os ouvi a
dizer alguma coisa sobre a graça das assimetrias e a pobreza absoluta em que
esta votado o povo daquela região, alias o próprio Presidente José Eduardo dos
Santos reconheceu isso mesmo em Saurimo e no Moxico anda esta semana.
9.- Falar da
Autonomia de CABINDA e esquecer a questão LUNDA TCHOKWE não estamos a ser
honestos, no mínimo queremos mais uma guerra para perpectuar as mesmas pessoas
e suas famílias no poder em Angola sob justificações infundadas, as de que
espoletou mais um conflito armado, e depois irem gastado rios de milhões de dólares
sem satisfazer as necessidades das populações.
10.- Parece que, só
agora que o Sr Eduardo Kuangana começa a despertar, ontem o ouvi a Voz de América
a reconhecer o facto do Movimento do Manifesto Jurídico Sociológico do
Protectorado da Lunda que defende Autonomia Administrativa e Económica daquela
região, já é um sinal positivo da parte do PRS, não outra saída senão
ajuntar-se a causa dos Lundas.
11.- Aos dirigentes
do Movimento do Protectorado dos Lunda Tchokwe, ao seu Líder Jovem Eng.º ZECAMUTCHIMA,
muita coragem porque vocês não estão no mau caminho, a defesa do interesse
colectivo e do desenvolvimento de Angola, não vos será compreendido por aqueles
que praticamente já estão ultrapassados pela história, que ainda continuam no
ano de 1975, no regime não estão os autóctone e verdadeiros Africanos “bantus”,
como é da praxe do nosso mais velho MAKUTA NKONDO.
12.- Não sou analista
político, mas tenho gosto de escrever e pensar um pouco aquilo que vai acontecendo
na minha terra – ANGOLA, não deram a oportunidade na diáspora de irmos aos voto
no dia 31 de Agosto, mas aqueles que lá estão vote na consciência sem emoções,
qualquer erro, será mais uma ditadura de cinco anos…
Por
Ernesto Kadiamoniko Sebastião em Espanha