sábado, 18 de agosto de 2012

AUTORIDADES ANGOLANAS E PARTIDOS POLITICOS CONTINUAM A IGNORAR A QUESTÃO LUNDA TCHOKWE


AUTORIDADES ANGOLANAS E PARTIDOS POLITICOS CONTINUAM A IGNORAR A QUESTÃO LUNDA TCHOKWE



Quando escrevi meu primeiro texto sobre a questão dos Lundas e os programas dos Partidos políticos sobre aquela região, alguns amigos a partir de Luanda, ligaram-me, outros telefonaram-me para saber qual era o meu interesse sobre a questão dos Lundas, outros chamaram-me de ser político espontâneo ou de ser um intruso em questões de conflitos.

Se há sabedoria nos nossos mais velhos, analisem comigo os seguintes cenários, depois podereis concluir o que eu continuo achando que se deveria logo os políticos se envolverem e procurarem como se diz na “gíria”, que a primeiro cacete mata a cobra:


1.- Em 35 anos da nossa independência, nunca vi a TPA a falar da história do povo Lunda Tchokwe, a falar da Mussumba do Muatiânvua e de tantas outras coisas sobre o Imperio ou Reino da Lunda; se agora o faz publicamente é porque alguma coisa há no fundo do túnel, algum acontecimento, este acontecimento é o Movimento do Protectorado da Reivindicação da Autonomia ou Independência da Lunda.



2.- Se Cabinda reclama o tratado de Simulambungo, os Lundas reclamam os tratados de Xá-Muteba, Caungula, Muatchissengue, Suana Ambinji e o tratado da corte do Muatiânvua todos dos mesmos anos 1885 á 1887, os textos são iguais sem diferença, todos com enviados do Rei de Portugal, logo se para Cabinda haver Refendo os Lundas seguramente que terão caminho aberto para defender os seus argumentos, quem irá ganhar com isso?..e ainda mais, os Lundas defendem o contencioso de 1891 entre Portugal e Bélgica.


3.- Em 2014 o Reino Unido da Inglaterra e a Escócia vão ao referendo para o povo decidir sobre o futuro deste ultimo, o Reino da Escócia foi um Estado independente até  1 de Maio de 1707, quando os Actos de União formalizaram uma união política com o Reino da Inglaterra, de modo a criar o Reino Unido da Grã-Bretanha. A Escócia continua a ter Estado e jurisdição separados para fins de direito internacional. O direito e o sistema de ensino escoceses, bem como a Igreja, têm permitido a continuação da cultura e da identidade nacional escocesas desde a união. Como é que Angola vai gerir esta situação da EUROPA para os casos Cabinda e dos LUNDAS?..


4.- CASA-CE assinou um acordo com personalidades de Cabinda para falar dos Cabindas na futura Assembleia Nacional, fala mesmo do referendo, será que os Intelectuais Lundas, não estão acompanhar o que se esta a passar?


5.- Ao visitar o Blogspot do Protectorado dos Lunda, avista-se logo com Advogados angolanos e internacionais, parece-me um jogo de brincadeira, mas tive a curiosidade de visitar a página da ITN Solicitors clicando na foto no blog do protectorado foi até o sítio e apercebi que o assunto é sério e os Advogados são sérios, isso não incómoda o poder em Luanda? E os Partidos Políticos estão a margem, se querem governar nos próximos tempos?


6.- Em Cabinda a FLEC faz guerrilha armada nas matas, mas os dirigentes LUNDAS estão nas cidades, vive no seio da sua própria população, estão em contacto permanente com o seu povo, isso não nos diz absolutamente nada?


7.- Os Partidos Políticos incluindo o Presidente José Eduardo dos Santos que esteve ontem em Saurimo, só querem o voto dos Lundas, mas não estão a dizer como é que vai ficar a situação reivindicativa, será que eles vão ao voto e tudo acabou? Ou será que o Partido que ganhar, com ela terminará esta conversa? A FLEC de Cabinda existe desde os anos 50, o regime já gastou milhões de dólares para acabar com a FLEC, matou, assassinou dirigentes militares, aprisionou Activistas Cabindas, até falso acordo fez, mas a FLEC continua ai.


8.- O Movimento do Protectorado reivindica Kuando Kubango, Moxico e o Distrito Militar da antiga LUNDA, hoje norte e sul, região que tem no Parlamento Angolano cerca de 20 Deputados repartidos entre o MPLA, UNITA e o PRS, mas que estes deputados nunca os ouvi a dizer alguma coisa sobre a graça das assimetrias e a pobreza absoluta em que esta votado o povo daquela região, alias o próprio Presidente José Eduardo dos Santos reconheceu isso mesmo em Saurimo e no Moxico anda esta semana.


9.- Falar da Autonomia de CABINDA e esquecer a questão LUNDA TCHOKWE não estamos a ser honestos, no mínimo queremos mais uma guerra para perpectuar as mesmas pessoas e suas famílias no poder em Angola sob justificações infundadas, as de que espoletou mais um conflito armado, e depois irem gastado rios de milhões de dólares sem satisfazer as necessidades das populações.


10.- Parece que, só agora que o Sr Eduardo Kuangana começa a despertar, ontem o ouvi a Voz de América a reconhecer o facto do Movimento do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda que defende Autonomia Administrativa e Económica daquela região, já é um sinal positivo da parte do PRS, não outra saída senão ajuntar-se a causa dos Lundas.


11.- Aos dirigentes do Movimento do Protectorado dos Lunda Tchokwe, ao seu Líder Jovem Eng.º ZECAMUTCHIMA, muita coragem porque vocês não estão no mau caminho, a defesa do interesse colectivo e do desenvolvimento de Angola, não vos será compreendido por aqueles que praticamente já estão ultrapassados pela história, que ainda continuam no ano de 1975, no regime não estão os autóctone e verdadeiros Africanos “bantus”, como é da praxe do nosso mais velho MAKUTA NKONDO.


12.- Não sou analista político, mas tenho gosto de escrever e pensar um pouco aquilo que vai acontecendo na minha terra – ANGOLA, não deram a oportunidade na diáspora de irmos aos voto no dia 31 de Agosto, mas aqueles que lá estão vote na consciência sem emoções, qualquer erro, será mais uma ditadura de cinco anos…


Por Ernesto Kadiamoniko Sebastião em Espanha