sábado, 3 de maio de 2014

AUTONOMIA PODERIA COLOCAR AS LUNDAS NUMA PLATAFORMA DIFERENTE, DISSE DAVID MENDES A EMISSORA A VOZ DE AMERICA

AUTONOMIA PODERIA COLOCAR AS LUNDAS NUMA PLATAFORMA DIFERENTE, DISSE DAVID MENDES A EMISSORA A VOZ DE AMERICA




A reconciliação nacional é afectada pela falta de tolerância das autoridades angolanas, disse aos microfones da Voz da América David Mendes, advogado e director de litigação da associação Mãos Livres.


Falando no programa “Angola Fala Só”, Mendes respondeu a uma vasta gama de questões apresentadas por ouvintes de todas as partes de Angola e que versaram assuntos relacionados com os direitos humanos, liberdade de expressão, a situação em Cabinda e nas Lundas entre outros temas.


David Mendes disse que ao não permitir a expansão de rádios privadas como a Rádio Eclésia e a Rádio Despertar, o Governo nega ser um regime democrático como diz ser.


“Ao não permitir a expansão está a impedir a liberdade de expressão”, defendeu David Mendes, para quem “não se pode falar de liberdade de expressão sem abrir o espaço à imprensa privada”.


O advogado disse que dentro do MPLA “não há tradição” democrática o que dificulta a aplicação da democracia em Angola.


“O MPLA tem que compreender que ao tornar-se democrático contribui para a democratização do próprio Estado” disse o activista conhecido por muitos como “o advogado dos pobres”.


Falando sobre o papel de Organizações Não Governamentais, Mendes afirmou que há que “distinguir a actividade cívica da actividade política”, lamentando o facto de algumas vezes não ser feita essa distinção.



A actividade política, explicou, tem como objectivo o poder político enquanto a actividade cívica tem por objectivo a protecção dos direitos dos cidadãos, não poder político.



Interrogado sobre a sua opinião quanto à unidade da oposição, David Mendes disse que não há “unidade de pensamento” entre a oposição onde existe “o desejo do poder” e por isso “há concorrência”.



Uma questão levantada por diversos ouvintes foi a situação dos antigos combatentes que Mendes descreveu de “uma situação muito séria”.



“O Estado angolano não leva a sério a questão dos antigos combatentes”,  respondeu o advogado que recordou que a gravidade do caso se deve ao facto de em muitos países africanos ter sido a falta de atenção dada a antigos combatentes e soldados que levou a situações de violência.


Lundas: território empobrecido




Embora tenha criticado a falta de liberdade o convidado do Angola Fala Só deste 25 de Abril tornou claro opôr-se a acções violentas.



Eleições, manifestações e outras formas de pressão são métodos para se alcançar mudanças, defendeu.



Questionado sobre a situação política de Cabinda e das Lundas, Mendes afirmou defender o sistema de autonomia para essas regiões: "O Estado angolano mantém-se mas com regiões autónomas”.



“É uma ilusão falar-se de Angola como ´um só povo uma só nação ´,” adiantou, afirmando que as Lundas são um território empobrecido pela falta de “política de desenvolvimento”.


“Autonomia poderia colocar as Lundas numa plataforma diferente” comentou.