ESTAMOS VENDIDOS AO PREÇO DE PETRÓLEO EM ANGOLA,
DISSE MARCOLINO MOCO
Marcolino
Moco – À Mesa do Café
Todos
os que estamos em condições de minimamente discernir sobre as coisas
essenciais, sabemos que vivemos uma situação grave no país.
Alguns
dos que combateram contra o colonialismo, com a sua Pide, com a sua repressão
que os obrigou, a alguns, como o actual Presidente da República, a sair de
Angola para o exterior, são dignitários deste Estado, que reprime da mesma ou
da pior maneira angolanos, mesmo perante um evento internacional. Como
acreditar que depois do Dr. Filomeno Lopes, figura respeitada no país e não só,
hoje chega a vez de jornalistas conhecidos, como o Rafael Marques, o Alexandre
Solombe e o Coque Mukuta que são “pisados e torturados” por polícias orientados
por aqueles que se julgam legitimados para fazer isso?
É
confrangedor. Todos estamos impotentes, fingindo que tudo está normal. Hoje
ouvi um padre a pregar que não critiquemos os “nossos dirigentes”. “Rezemos
para que Deus os proteja e os encaminhe para o bem”. E perante tudo isso, o
assunto mais importante para a mídia e os comentadores de serviço são os
depósitos na conta Mfuca Muzemba, militante de um partido político. O país vai
enterrando de vez o conceito dignidade humana e de que a lei vale para todos.
Os juízes e juízas libertam sob caução jovens que não cometeram crime nenhum.
Ajudemos pelo menos, os que podemos, a pagar. Que país é este? Que justiça
amordaçada?!
Estes
jovens são os únicos que estão a cumprir, quase isolados, o seu dever de
cidadãos, perante a indiferânça de quem podia fazer alguma coisa, mesmo com um
simples gesto de desaprovação. Estamos vendidos ao preço do petróleo. Todos nós
estamos envergonhados. Eu pelo menos estou envergonhado. Não estava preparado
para ver isso no século XXI, depois de proclamada a Paz, no meu país.