sexta-feira, 26 de julho de 2013

ANGOLA FALA SÓ - Zecamutchima: "Há contactos entre nacionalistas das Lundas e o governo"







Existem contactos exploratórios entre elementos da Comissão do Protectorado das Lundas e membros do governo na Assembleia Nacional, disse o presidente daquela organização José Mateus Zecamutchima.


Zecamutchima falava no programa Angola Fala Só em que explicou que os objectivos da sua organização são os de alcançar uma autonomia para o território das Lundas que historicamente, segundo disse, firmaram um acordo de Protectorado com Portugal em 1885.


O dirigente daquela organização revelou a ocorrência dos contactos quando interrogado pelo ouvinte Alex Lunda da Lunda Norte.


“De momento não é propício dar mais pormenores,” disse Zecamutchima que acrescentou que “a igreja está a fazer de medianeiro”.


O dirigente da Comissão do Protectorado das Lundas criticou o  que disse ser a discriminação do governo central angolano para com as  províncias do interior particularmente as Lundas.


“ O governo de Angola já não pode justificar o desequilíbrio que existe  pela guerra,” disse  Zecamutchima  para quem as Lundas vivem “numa miséria absoluta”.


“Não há nada, não há hospitais, não há escolas, tudo é investido no litoral,” acrescentou fazendo notar que por exemplo nos invesitmentos para a Taça das Nações Africanas em futebol e para o próximo campeonato do mundo de futebol  o interior foi ignorado.


Abordando ainda a questão económica com o ouvinte Henriques António, o dirigente da Comissão do Protectorado das Lundas disse que no orçamento o governo investe cerca de dois biliões de dólares em Luanda enquanto quatro províncias, incluindo as Lundas recebem 400 milhões.


“Só o poder local, só o poder local económico e financeiro é que pode resolver esta questão,” disse.


O activista respondeu a uma questão sobre a incapacidade dos governadores em gerirem as províncias afirmando que na realidade estes não têm nenhum poder.


“Os governadores são nomeados e não têm a capacidade de gerir orçamentos,” disse.



Dialogando com o ouvinte Nelito Augusto da Lunda Sul, aquele activista disse neste momento “há um saque indiscriminado” das riquezas das Lundas, mas frisou que a população desta região “não deve esperar milagres”.


Zecamutchima mostrou-se pessimista quanto á possibilidade da situação melhorar.


“A miséria vai continuar e quem tem que responder pela miséria é o presidente,” disse.



O ouvinte Ismael Martins do Kwanza Sul sugeriu que o melhor meio de se  alcançar os interesses que a organização procura é participar em eleições votando pela oposição.



José Mateus Zecamutchima disse que isso não é  possível “enquanto houver uma monarquia em Angola”.



“Angola é uma monarquia não declarada,” acrescentou.


José Mateus Zecamutchima referiu-se também á questão dos órgãos de informação estatais e da falta de informação sobre escândalos que abalam o pais afirmando que “em qualquer país civilizado os órgãos de informação estatais informam”.


“É dever do governo e dos media estatais explicar o que se passa,” disse.


No inicio do programa José Mateus Zecamutchima referiu-se a divisões que recentemente abalaram o movimento e que levaram á destituição de Jota Filipe Malaquito.


Zecamutchima rejeitou a alegação de que ele teria usurpado o cargo afirmando que  que a substituição tinha sido feita de forma “democrática e aberta”.


Essa substituição tinha sido o resultado de “algumas falhas” da anterior liderança, disse.


O anterior líder da organização, Jota Filipe Malaquito intitula-se ainda como o verdadeiro presidente da Comissão do Pprotectorado das Lundas.