quinta-feira, 30 de maio de 2013

MARÇO 2013 - JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS DISSE QUE “REGRA DA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DEVE SER O DIÁLOGO E O DEBATE FRANCO E ABERTO, COMO FORMA DE ALCANÇAR O CONSENSO”

MARÇO 2013 - JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS DISSE QUE “REGRA DA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DEVE SER O DIÁLOGO E O DEBATE FRANCO E ABERTO, COMO FORMA DE ALCANÇAR O CONSENSO”





A paz é um dos bens mais preciosos para o continente africano e também aquele que o povo angolano mais preza e procura proteger e conservar a todo custo, declarou nesta terça-feira 27 o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.



O estadista discursava na abertura do fórum panafricano “fundamentos e recursos para uma cultura de paz”, a decorrer até ao dia 28, em Luanda, numa organização conjunta da UNESCO, União Africana e o Governo angolano.



Segundo o Presidente da República, “sabemos por experiência própria quão dolorosos são os efeitos da guerra e quais os valores que a paz propicia e encerra, salientando que o país vive uma paz efectiva há 11 anos.



Disse que durante mais de quatro décadas os angolanos conheceram de forma quase ininterrupta as agruras e malefícios da guerra, que geraram no país mortes, miséria, fome, luto, dor, destruição, inimizades, entre outros horrores que ninguém quer voltar a experimentar.



Lembrou que só nos últimos 30 anos foram registados um milhão de mortos, 200 mil mutilados e estropiados, mais de 50 mil crianças órfãs, cerca de 4,5 milhões de deslocados e mais de 600 mil refugiados.



Adianta que o país teve mais de dois milhões de minas e outros engenhos explosivos implantados, 20 mil milhões de dólares de prejuízos materiais em infra-estruturas, como estradas, pontes, aeroportos, barragens, linhas de transportes de energia eléctrica e de caminhos-de-ferro, entre outros.



Juntou a estes números 10 mil milhões de dólares em prejuízos em equipamentos sociais, tais como hospitais, centros médicos, escolas, institutos, pavilhões desportivos, locais de cultos religiosos.



José Eduardo dos Santos afirmou que a conclusão que se pode tirar é que a “guerra é uma verdadeira calamidade, cuja apologia constitui uma autêntica desumanidade”.



Disse ser convicção que no contexto do mundo actual, em que os Estados democráticos e de direitos se afirmam cada vez mais e se envidam cada vez mais esforços no sentido do respeito dos direitos, liberdade e garantias dos cidadãos, a “regra da resolução de conflitos deve ser o diálogo e o debate franco e aberto, como forma de alcançar o consenso”.



Para o estadista, as questões de natureza interna, e mesmo as que possam ocorrer a nível internacional, não devem ser dirimidas por via da confrontação violenta, mas sim através da concertação e negociação permanentes, até se chegar a um acordo que dê resposta às aspirações das partes envolvidas, mas que ao mesmo tempo se conforme com os superiores interesses nacionais, tal como a soberania, a unidade e a integridade da nação e o respeito pela dignidade humana.



Citou as Repúblicas Democrática do Congo, Centro Africana, Mali, a Nigéria, Somália, Líbia, no Sudão do Sul como alguns dos exemplos onde a vida de milhões de civis inocentes, homens, mulheres e crianças é posta em perigo por conflitos armados.



“O continente africano tem tanta necessidade de paz como de pão para alimentar os seus filhos. Não podemos satisfazer a necessidade de todos se a guerra prevalecer”, afirmou.



Adiantou que “sem a paz o desenvolvimento é impossível” e que a “paz consolida-se com o desenvolvimento e a partilha equilibrada dos seus benefícios”.



Fruto da experiência acumulada, o estadista angolano considera que “devemos cuidar da satisfação material, moral e espiritual das pessoas, das famílias e do povo em geral, para que a paz assente em alicerces firmes e se possa perpetuar”.



Declarou que o pano de fundo da sincronização entre o desenvolvimento e a paz deve ser a democracia, como o único caminho que permite aos povos serem senhores dos seus destinos, escolher periodicamente os seus governantes num clima de respeito pelas ideias alheias e a vontade popular.



Sublinhou que o reforço e consolidação da paz não são só fruto do desenvolvimento, resultam também da reconciliação, do perdão recíproco, da confiança e da aceitação mútua, que conduzem a desejada pacificação dos espíritos.



O Presidente disse que a afirmação na prática destas ideias nos levam a concluir que o caminho da paz passa por um forte e permanente empenho cultural, que deve ser protagonizado por todos quantos partilham o objectivo de fazer perdurar a paz ao longo dos tempos.



Pensa ser um “processo complexo” que exige a participação de toda a sociedade civil, em especial das instituições religiosas (como paladinos do perdão e agentes da fraternidade), e também das mulheres (na qualidade de mãe, companheira e irmã), cuja voz é sempre escutada e respeitada nas sociedades africanas.



Fruto da amarga experiência vivida pelo povo angolano, o Presidente apela que se cuide das novas gerações, como garantes do futuro, por forma a serem formadas numa autêntica cultura de paz e tolerância que, com tempo, se converterá em parte integrante do património moral da sociedade.


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