ALIANÇA ATLÂNTICA – NATO, DESMENTE EMBAIXADOR ITINERANTE DE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS
A Aliança Atlântica nunca
discutiu qualquer ação militar em Angola, garantiu hoje fonte da organização
quando questionada sobre as declarações do embaixador Luvualu de Carvalho, que
referiam uma “conspiração” dos activistas presos no sentido de uma intervenção
no país.
“Não vamos comentar as
declarações do embaixador, mas podemos garantir que não há discussões no seio
da aliança sobre a condução de acções militares da NATO em Angola”, disse uma
fonte do quartel-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, em
Bruxelas, contactada pela Lusa a partir de Lisboa.
“A NATO não se envolve
militarmente seja em que país for sem um pedido explícito dos governos ou do
Conselho de Segurança das Nações Unidas autorizando os Estados-membros a agir”,
acrescentou a mesma fonte da Aliança Atlântica.
Na segunda-feira, o embaixador
itinerante angolano António Luvualu de Carvalho disse à Lusa que os
15 activistas detidos desde Junho em Luanda queriam provocar uma intervenção da
NATO em Angola que conduzisse ao derrube do Presidente José Eduardo dos Santos.
Questionada pela Lusa sobre
a possibilidade de um eventual contacto da Aliança Atlântica com Luanda no
sentido do esclarecimento da situação provocada pelas declarações de Luvualu de
Carvalho, a fonte da NATO respondeu que “desconhece” a existência de um
qualquer “esforço” nesse sentido.
“A NATO, ao contrário da União
Europeia, não tem representantes diplomáticos nos vários países do mundo, sendo
que Angola não é um país-membro”, da organização, acrescentou a fonte da
Aliança Atlântica.
Socorrendo-se das afirmações
feitas na passada semana em Luanda pelo ministro do Interior angolano, Ângelo
Veiga Tavares, o embaixador itinerante repetiu que os activistas pretendiam
realizar uma marcha até ao Palácio Presidencial, “levando com que fossem
quebradas as regras de segurança (…) para que a guarda presidencial ou a
polícia presente reagisse, matasse crianças, matasse senhoras e matasse idosos
para provocar a comoção internacional e justificar então uma intervenção
vergonhosa”.
“É isto que se procurava. Que a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ou alguns países que dela
fazem parte fizessem um ataque a Angola, para que se verifique o horror que se
verifica agora na Líbia ou se verificou e verifica na Tunísia”, acentuou o
diplomata angolano em entrevista à Lusa.
Os 15 activistas detidos em
Luanda, considerados presos de consciência pela Amnistia Internacional, mais
duas mulheres que estão a aguardar o julgamento em Liberdade, vão começar a ser
julgados na capital angolana a 16 de Novembro, acusados de rebelião e de
tentativa de assassínio do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.