DIAMANTE PESANDO 55,05 QUILATES É SÓ NO
TERRITÓRIO LUNDA TCHOKWE VS MISÉRIA ABSOLUTA DE SEU POVO
A
Endiama vai assistir a Venezuela, este ano, na reintegração no Processo
Kimberley (PK), entidade internacional que tenta travar o negócio dos “diamantes
de sangue”. Está tudo no caminho de preservar o actual estado das coisas, mesmo
que a raposa esteja dentro do galinheiro.
Ainformação
foi transmitida à Lusa pelo presidente do Conselho de Administração da estatal
Endiama, Carlos Sumbula, decorrendo este apoio do pedido das autoridades
venezuelanas e do trabalho idêntico já realizado na República Centro-Africana
(RCA) – que pretende retomar as exportações de diamantes -, no âmbito da
presidência angolana do PK.
“A
Venezuela auto-excluiu-se do PK, mas depois, um pouco mais para a frente, achou
que não era bom e pretende reintegrar-se. A exemplo do que nós fizemos com a
RCA, eles querem ajuda para prepararmos as actividades diamantíferas, ou seja,
enviar para lá uma missão de verificação do PK”, explicou Carlos Sumbula.
O
PK representa uma certificação criada em 2002 (entrou em vigor em 2003), com o
apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), para impedir que o comércio
internacional de diamantes em bruto financie guerras, conhecidos por “diamantes
de sangue” pelos conflitos que alimentaram durante décadas em África.
De
acordo com o presidente da Endiama, uma equipa avançada da empresa estatal
angolana já esteve na Venezuela, seguindo-se outros quadros da diamantífera, de
forma a tentar perceber “os problemas” do país na reintegração no PK.
“As
orientações que temos recebido do Executivo é de que devemos ajudar a
Venezuela”, disse ainda o administrador da Endiama.
A
reintegração da Venezuela nesta entidade e a retoma das exportações
certificadas pela Costa do Marfim e Guiné Conacri, ambas já autorizadas pela
ONU, bem como da RCA, foram prioridades assumidas pela presidência do Governo
angolano no PK, no final de 2014.
O
PK obriga à comprovação, entre outros aspectos, da utilização de “boas práticas
mineiras” (no caso de Angola – veja-se o que se passa nas Lundas – é uma
anedota de mau gosto) e respeito pelos direitos humanos, para permitir a
exportação de diamantes.
Depois
do petróleo, os diamantes são a principal fonte de receita em Angola, sendo o
país o quinto maior produtor mundial de diamantes. A produção angolana
representa 8,1% do valor global mundial e a mina de Catoca, no interior norte,
é a quarta maior do género no mundo.
A
produção angolana de diamantes está avaliada em cerca de 8,3 milhões de quilates
por ano, correspondendo a uma receita bruta anual perspectivada na ordem de 1,1
mil milhões de dólares.
O
Ministério da Geologia e Minas fixou a meta de aumentar a produção total de
diamantes, até 2015, em termos médios, em cinco por cento ao ano.
Recorde-se
que no início de 2014, uma empresa australiana que explora minas de diamantes
no nosso país anunciou a descoberta de um diamante branco de 32,2 quilates, com
a forma de um dodecaedro irregular.
Segundo
a IDEX Online, trata-se de um “diamante branco”, que mede 32x10x8mm, e foi
recuperado no projecto Lulo. A pedra é considerada a quarta maior descoberta
nesta mina, situada na província da Lunda Norte.
A
cor branca varia entre D (sem vestígio de cor) e Z (com tonalidade amarela), e
a pedra descoberta foi atribuída a cor D, tendo sido classificado como
“excepcionalmente branco”.
A
mina é explorada pela Lucapa Diamond Company, que a partir de 1,145 metros
cúbicos de amostra processada produziu 75 diamantes, pesando 55,05 quilates.
Segundo
a Proactive Investors, os diamantes recuperados, incluindo pedras individuais
que pesam 5,30; 4,35 e 2,0 quilates, foram obtidos na amostra localizada na
parte norte do kimberlito Se251 e a empresa anuncia que o processamento irá
continuar.
A
concessão, cujos direitos de exploração foram prorrogados em Março de 2013 até
Junho de 2025, poderá abrigar um grande campo de kimberlito e está localizada a
cerca de 150 quilómetros a oeste da mina de diamantes de Catoca, que é operada
pela empresa russa Alrosa. A exploração de Lulo tem cerca de três mil
quilómetros quadrados de área e situa-se no rio Cuango.