O DIÁLOGO ENTRE O GOVERNO ANGOLANO E O MOVIMENTO
DO PROTECTORADO LUNDA TCHOKWE É A ÚNICA SAÍDA DISSE JÚNIOR KASSOCA EM
ENTREVISTA AO JORNAL MANCHETE
Lundas
não desarmam, a autonomia administrativa e financeira da região Lunda continua
a ser o “cavalo de batalha” do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe –
escreveu Horlando Rocha Jornalista do Semanário Manchete, quando entrevistou o
senhor Júnior Kassoca, Secretario Geral.
O
Secretario Geral do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, disse recentemente,
em Luanda, que se regressem mantém a esperança para que as autoridades
governamentais angolanas e este movimento reivindicativo á mesa das negociações.
De
acordo com Júnior Kassoca, que falou para o Manchete, o diálogo entre as partes
é a única saída para se encontrar a solução do “Caso Lunda” que, de algum tempo
a esta parte esta a tirar sono às autoridades.
Em
seu entender, não há razões para o Executivo manter a sua posição, segundo a
qual “ Angola é una e indivisível” e que a “Constituição angolana não permite
autonomias”, na medida em que já havia se pronunciado duas vezes a respeito do
assunto, na Assembleia Nacional.
Júnior
Kassoca disse ainda que o Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe já cumpriu
com todas as obrigações jurídicas plasmadas no artigo n.º8 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos e do n.º 1 da Carta Africana, diplomas cujo
Governo Angolano é signatário. “Então, porque não resolver o problema da Lunda,
que é bastante público?”, questionou-se SG, acrescentando que o povo Lunda
Tchokwe é detentor do Direito Protestativo ou Soberano e o facto de escolher o
estatuto para a autonomia administrativa e económica não significa o desconhecimento
do Direito Real.
“O
Protectorado Lunda Tchokwe é um legado dos nossos ancestrais que nós os
herdeiros queremos restaurar”, disse, explicando de seguida que “a
administração não significa divisão”.
Júnior
Kassoca disse ainda que o seu movimento vai continuar a “exigir” do Executivo
para que haja, mais uma vez, dialogo entre as partes, para o bem de todos os
interessados neste processo.
“Continuaremos
a reafirmar que as Lundas são um legado dos nossos bisavôs e continuaremos a
nos bater por elas, mesmo com as ameaças de que somos alvos. Aliás, os
problemas resolvem-se com diálogo e não com ameaças”, sustentou.
PARTIDO POLÍTICO? JAMAIS
Questionado
se os membros do movimento pensam algum dia em transformar a agremiação em
partido político nos próximos dias, Júnior Kassoca disse tal ideia esta
distante de ser uma realidade, tão pouco passa pela sua cabeça e dos seus
correligionários. “Não existe qualquer possibilidade ou hipóteses, uma vez que
os partidos políticos no país submetem-se as leis angolanas e o Movimento do Protectorado
defende a Autonomia da Lunda como um estado soberano, estamos a falar da Nação
Lunda Tchokwe (Kuando Kubango, Moxico e antigo distrito da Lunda).
Sublinhou,
por outro lado que o Movimento mantém boas relações com organizações
internacionais que têm estado a ajudar para se encontrar uma saída sobre o
assunto.
“Confiamos
nas organizações internacionais porque, mesmo o MPLA e outros movimentos de
libertação, como a FNLA e a UNITA fizeram a sua luta com a ajuda destas
agremiações”.
Sobre
as informações que circulam, dando conta de uma suposta divisão no seio deste
movimento reivindicativo, esclareceu que o mesmo não está dividido em alas, não
existem, uma vez que realizou a sua Conferência Nacional, de 15 a 16 de Junho
de 2011, na qual foi eleito o novo corpo directivo que está a conduzir os
destinos da organização, até agora.
Recorda-se
que, recentemente, o Movimento realizou na Lunda Tchokwe, uma série de
seminários de capacitação dirigidos aos secretários para a informação desta organização.
In
Manchete 24/01/2014