terça-feira, 9 de novembro de 2010
OPINIÃO - A Independência de Angola e os Protectorados
Diz o velho e sàbio ditado; “em casa onde não hà pão, todos ralham e ninguèm tem razão” (ou se calhar todos têm razão).
Dias àtraz vi e ouvi na nossa TPA, uma dissertação sobre o ‘ter e o ser’ e relacionei-os com o caso Cabinda e o caso da “Comissão do Manifesto Juridico Sociològico do Protectorado da Lunda - Angola” abreviadamente “Protectorado Lunda”, àlias Cabinda por razões històricas, è ou era tambèm um protectorado, mas o caso Cabinda, è o mais mediàtico e consequentemente conhecido quer interna como externamente, a reivindacação dos “Lundas” è a mais recente e claro a menos conhecida. Fiquei estupefacto ao tomar conhecimento de que o protectorado Lunda, è o mais antigo (1885-1894) e que teve maior ‘audiência’ (se assim se pode dizer) internacional, provavelmente deve ser o mais bem documentado.
Àfrica, por razões històricas e objectivas, è um continente muito susceptìvel a “reclamações” do gênero de Cabinda e actualmente das Lundas, sobretudo no caso de Paìses Africanos com um vasto territòrio, onde se encontra aglutinado ou melhor onde as Potêcias coloniais, aglutinaram a força uma ‘mescla’ de povos, nações e culturas diferentes, como è o caso de Angola, RDCongo e Nigèria (sò para citar estes a tìtulo de exemplo), reza a Història depois, da tristemente celèbre conferência de Berlim, nações, povos e aldeias ‘viram-se’ divididos ou ‘distribuidos’ em duas ou três Nações artificiais, ‘redesenhados’ pelas potências coloniais. Porêm a par desta, hà ainda os acordos que algumas potências coloniais fizeram com alguns reinos africanos, com o intuito de ‘ganhar territòrios sem fazerem um ùnico tiro”, è claro que os colonos fizeram estes acordos sem terem nenhuma intenção de os cumprirem, mas os governantes dos reinos Africanos, fizeram-no de muito boa-fè e confiando na integridade moral dos “muene-putu”.
È ponto assente, que nem toda a Àfrica, foi conquistada/colonizada a força das armas e baionetas, inclusivamente houve Nações que se mantiveram ìntegros, quer dizer que não se desmoronaram face ao avanço das forças coloniais como a Abissìnia/Etìopia, Muito provavelmente; os Pais da indenpendência Africana, tiveram bons motivos para recomendarem vivamente a “nao alteração das fronteiras herdadas pelas potências coloniais”, excepção a regra foi o caso dos Camarões, anteriormente dividido em dois pelas potencias coloniais (França e Reino Unido) uniram-se de forma voluntària constituindo um ùnico Paìs.
Eu pessoalmente acho muito positivo isso (A recomendação dos Pais da Independência de Africa), mas nada impede a discussão à volta do assunto, o diàlogo desinibe e è um òptimo indicador de que “não hã nada a esconder” e de que SOMOS TODOS IRMÃOS, porque “combatermos a Història ou ‘reinscreve-la/altera-la’ de acordo as conveniências politicas dos Governantes ou de Partidos politicos”?!
Provàvelmente o GOVERNO DE ANGOLA e o MPLA, faria um Bom exercìcio se estimulasse o diàlogo sincero e aberto a volta do assunto, E DA HISTÒRIA DE ANGOLA recorrendo-se e socorrendo-se dos arquivos històricos que as ex-potências coloniais têm sobre a matèria.
Mais importante ainda è reflectirmos nas “causas” que impulsionaram tais “efeitos” isto è a reclamação por parte de alguns respeitados compatriotas de que; “não fazem parte de Angola”. Não serà por força do ditado: “na casa onde não hà PÃO...”na minha opinião; o combate à FORÇA de tal pretenção com fuzilamentos, ameaças, raptos e prisões e rotulamentos de “Fraccionistas, Traidores etc...” não è decididamente o melhor caminho, todos nòs fomos testemunhas, do que aconteceu na Etiòpia e a Eritreia, este ùltimo começou nada mais nada menos, com uma simples reivindicação de ‘autonomia’ e o Sudão ‘ainda’ esta aì HOJE a mostrar-nos o melhor caminho, bem como o nosso muito recente passado; O DIÀLOGO.
Se houvesse uma melhor e CORRECTA distribuição do PÃO para todos não iriamos ‘apagar’ tais pretensões de forma pacifica?!... e aì socorro-me da definição dos atributos ‘ter e ser’. Um desenvolvimento harmonioso do Paìs doseado de forma generosa do exercìcio de DEMOCRACIA REAL e participativa TODOS e ANGOLA INTEIRA sairia a ganhar.
Vejamos o caso de Portugal (ex-potência colonizadora); PORTUGAL tem duas regiões autonômas e uma delas, no caso de Madeira (no passado) jà reivindicou a independência no tempo de Salazar, mas desde 25 de Abril 1974, tal pretensão embora ainda presente HOJE “em alguns sectores da população Madeirense” jà não mantèm a mesma força de antes, como os sucessivos governos de Lisboa fizeram a gestão do ‘assunto’?... com uma formula simples: ‘Diàlogo+diàlogo+diàlogo’ e exercicio da Democracia real, actualmente Madeira, sò obedece (por assim dizer) a Lisboa em questões de Defesa e Relações exterior (neste ùltimo, em casos especificos de interesse da Madeira e dos Madeirenses, são autonomos). Os adeptos da independêcia da Madeira, não se encontram na clandestinidade, nem estão nas prisões, muitos deles são inclusive funcionàrios pùblicos, e fazem ‘publicidade’ aberta da sua opinião. QUAL O RESULTADO?!... amplo e visivel progresso a todos os Niveis da Região Autonoma da Madeira Em algumas áreas o cidadão Portugues na Madeira tem um nivel de vida melhor que o de Portugal continental. João Jardim, Presidente do Governo Autonômo da Madeira, foi mais Longe, ‘desimbilicou’ o PSD Regional do PSD com sede em Lisboa, declarando que o PSD na qual era dirigente, passaria a ser designado PSD-Madeira.
Na minha opinião, Portugal està “de mãos amarradas” diante das pretensões de Cabinda, no que se refere a independência pois se assim o fizesse, teria primeiro Portugal que apoiar ìmplicitamente a independência da Madeira (oh! Tu que pregas não roubais... tu roubas!), por isso o Silêncio (Pedagògico) de Potugal, perante o caso de Cabinda e por arrasto da Lunda. Apenasmente o Governo de Angola o MPLA, não esta a ‘aprender’ da excelente lição de Pedagògia Politica que os Sucessivos Governos de Portugal, dão totalmente Gratis a vivo e a cores.
Hà quem relute em concordar com a autonomia, raciocinando de que; “somos Africanos e em Africa a autonomia promove a regionalização ou melhor o regionalismo e o tribalismo” acho muito pessoalmente tal raciocinio uma autêntica estupidez, quando raciocinamos em algo que se aproxime do acto do governo elogiamos o POVO e quando o fizemos em relação a algo que ‘provavèlmente’ contradiz o pensamento oficial do governo, là vamos nòs a ‘fabricar’ muitos porquês/contras.
O PRS desde a sua fundação (se não me engano) sempre defendeu a FEDERAÇÃO como forma de administração politica Nacional. De principio não fui muito a favor de tal forma de organização politica de governação (e provavèlmente no fundo no fundo não sou là muito de acordo por nã saber muito do assunto), mas não impede que se discuta de forma aberta o assunto, nada justifica as prisões e demais arbitrariedades que o Governo move contra os que apoiem tal Pretensão. Como pode ser considerado CRIME CONTRA A SEGURANÇA DO ESTADO, uma reivincação PACIFICA E ABERTA de autonomia de uma região?!.. Como pode o Governo justificar a onda de prisões e morte de elementos no exercicio do direito mais elementar do Homem “Liberdade de Expressão”?!... Que democracia doentia è esta?... De que temem o Governo e o MPLA?!... Que diferença com o Regime Colonial, que Diferença com o Monopartidarismo – Ditadura?
Provavelmente a Federação ou Confederação como forma de organização politica pode ter muito de bom se nos descomplexarmos e analisarmos com os pès assentes no chão e mente aberta. Porque não permitirmos que os “homens” nossos irmãos do Protectorado Lunda, exponham aberta e francamente na comunicação social as suas ideias e razões e que de igual modo os que defendem outros modelos façam o mesmo ou revidem de forma pacifica e civilizada.
Afinal de contas A COMISSÃO DO MANIFESTO JURIDICO SOCIOLÒGICO DO PROTECTORADO DA LUNDA –ANGOLA, reclama ùnica e simplesmente do Direito de Autonomia Administrativa e Financeira Efectiva. Não põem em dùvida a UNICIDADE DE ANGOLA.
Rei Salomão
Angola24horas.com