SODIAM DEIXA DE VENDER
DIAMANTES BRUTOS DA LUNDA TCHOKWE PARA ÁRABES DA ODYSSEY
A
empresa pública angolana Sodiam, responsável pela comercialização dos diamantes
do país, anunciou hoje que cessou o contrato de compra e venda de diamantes
brutos com a Odyssey Holding, empresa com sede nos Emirados Árabes Unidos,
alegando os prejuízos gerados.
Em
comunicado distribuído à imprensa, a administração da Sodiam refere que
notificou o representante legal da empresa Odyssey Holding desta decisão,
acrescentando que o contrato envolveu a contração de “empréstimos bancários
para financiar operações no exterior”, que, “até ao presente momento, apenas
originaram a declaração de prejuízos, anulando a expectativa de ganhos criada
pela empresa”.
A
Sodiam acrescenta que tem atualmente “meios financeiros” que “permitam honrar
os compromissos presentes e futuros, assumidos junto à banca, tendo conta o
menor volume de negócios e obrigações de dívida a vencer”.
Refere
ainda que constatou agora que, por via do contrato de compra e venda,
operou-se, na prática, uma transferência de ganhos da operação, da Sodiam para
a Odyssey Holding.
A
01 de dezembro último, a Sodiam, tinha anunciou igualmente a saída da sociedade
que controla a holding do grupo da joalharia de luxo suíça ‘De Grisogono’, do
casal Sindika Dokolo e Isabel dos Santos, esta filha do ex-Presidente angolano,
José Eduardo dos Santos.
A
informação foi transmitida na altura, em comunicado, pelo conselho de
administração da Sodiam, que desde 06 de novembro é liderado por Eugénio Bravo
da Rosa, nomeado pelo novo Presidente angolano, João Lourenço, que exonerou a anterior
presidente, Beatriz Jacinto de Sousa, nomeada seis meses antes por José Eduardo
dos Santos.
“Acreditamos
que os empossados são pessoas à altura para organizar a comercialização dos
nossos diamantes, no sentido de melhor servir a nossa economia”, exortou o
Presidente João Lourenço, a 03 de novembro, quando deu posse à nova
administração da Sodiam.
Em
dezembro, a Sodiam informou que “por razões de interesse público e de
legalidade” o seu conselho de administração adotou “um conjunto de deliberações
tendo em vista a sua saída da sociedade de direito maltês Victoria Holding
Limited”. Por via desta, a Sodiam referiu que detinha, de forma indireta “uma
participação societária minoritária na sociedade holding do grupo joalheiro ‘De
Grisogono'”.
“A
participação da Sodiam EP na Victoria Holding Limited, e indiretamente no grupo
‘De Grisogono’, gerou, desde a sua constituição, em 2011, exclusivamente custos
para a Sodiam, em virtude quer dos financiamentos bancários que contraiu, quer
dos resultados negativos que têm sido sistematicamente apresentados pelo grupo,
decorrentes de um modelo de gestão adotado a que a Sodiam EP é e sempre foi
alheia”, referiu o comunicado de então.
A
joalharia ‘De Grisogono’ comprou em 2016 o maior diamante encontrado em Angola,
que foi transformado numa joia rara de 163,41 quilates leiloado a 14 de
novembro pela Christie’s, tendo rendido 33,7 milhões de dólares (28,3 milhões
de euros).
O
diamante, o 27.º maior em todo o mundo, tinha originalmente 404,2 quilates e
sete centímetros de comprimento, quando foi encontrado, em fevereiro de 2016,
por uma empresa mineira australiana no campo do Lulo, na Lunda Norte, no leste
de Angola.