DONALD TRUMP E KIM JONG-UM EM SINGAPURA PARA A CIMEIRA USA CORREIA DO
NORTE SOBRE O DESARMAMENTO
Líder
da Coreia do Norte foi o primeiro a chegar a Singapura. Após meses de avanços e
recuos, Trump e Kim Jong-un estão prestes a encontrar-se.
Donald
Trump, presidente dos Estados Unidos, também já aterrou em Singapura onde vai
decorrer a cimeira histórica com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte.
O
aeroporto, tal como toda a cidade de Singapura, está rodeado de medidas de
segurança.
A
organização do encontro entre Trump e Kim Jong-un foi uma corrida contra o
tempo - com uma frenética atividade diplomática em Washington,
Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que
houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.
Kim Jong-un
aterrou hoje no aeroporto de Changi, Singapura, pouco depois das 15:00
locais (08:00 de Lisboa).
Kim Jong-un, a transformação do
jovem ditador norte-coreano
Kim
Jong-un, que herdou o poder absoluto da hermética Coreia do Norte com menos de
30 anos, passou em pouco tempo de pária da comunidade internacional a hábil
estratega capaz de negociar frente-a-frente com os Estados Unidos.
Filho
e neto de implacáveis tiranos, o terceiro membro da mediática dinastia chegou
ao poder em dezembro de 2011, mas foi este ano que conseguiu mudar a imagem de
ditador volúvel que atemoriza o mundo com lançamentos de mísseis e testes
nucleares.
O
marechal Kim, cujas únicas deslocações foram à China, sua principal aliada,
onde se reuniu em março passado com o Presidente chinês, Xi Jinping, e à
fronteira intercoreana, onde se encontrou, dois meses depois, com o Presidente
da Coreia do Sul, Moon Jae-in, vive agora uma etapa de abertura diplomática
enquanto cultiva a imagem de estadista.
Este
novo reconhecimento internacional alcançará o auge na próxima terça-feira, 12
de junho, em Singapura, na cimeira com o Presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, a primeira da história entre os dois países.
Antes
do importante encontro, Kim conseguiu inclusive ser considerado um líder mais
fiável que o imprevisível inquilino da Casa Branca.
Como
em quase tudo o que rodeia o opaco regime de Pyongyang, não se sabe a data
exata do nascimento do filho do "grande líder" Kim Jong-il, e neto do
fundador do país, Kim Il-Sung, mas pensa-se que terá entre 34 e 36 anos.
Sabe-se
que o jovem líder gosta de basquetebol e de filmes de ação e que fala inglês,
francês e alemão, graças à educação num colégio em Berna, capital suíça, que
frequentou incógnito e sob o controlo de muitos funcionários norte-coreanos
entre 1993 e 1998.
Talvez
devido à sua juventude ou à educação ocidental, Kim mostrou uma clara tendência
para modernizar a imagem e os costumes do país, com gestos como a criação,
assim que chegou ao poder, da banda de raparigas Moranbong, semelhante aos
grupos de K-pop da Coreia do Sul.
Em
contraste com os seus pais, Kim Jong-un deu um papel público à mulher, Ri
Sol-ju, com a qual se crê que tem dois ou três filhos, e que o acompanha em
muitos eventos e atividades, como a primeira viagem que fez à China.
O
atual líder, responsável por grandes purgas e acusado de ter ordenado o
assassínio do seu meio-irmão mais velho, Kim Jong-nam, chegou ao poder como
quase um desconhecido para os norte-coreanos, após a morte do pai, a 17 de
dezembro de 2011.
Além
do visível excesso de peso, o dirigente -- que a princípio se mostrava inseguro
nas aparições públicas -- foi adquirindo, com os anos, uma presença mais
confiante e uma parecença evidente com o seu venerado avô, que tenta, segundo
os especialistas, imitar para conseguir o respeito dos súbditos.
A
maioria dos dados sobre a sua vida privada é conhecida através dos serviços
secretos de Seul ou pelas extravagantes visitar que recebeu de Dennis Rodman,
antigo jogador de basquetebol da NBA que o descreveu como um homem
"divertido e sorridente".
Fumador
inveterado e de voz rouca, Kim impôs-se na linha sucessória aos irmãos mais
velhos, Kim Jong-nam e Kim Jong-chul, depois de ambos terem sido descartados
por se considerar que não estavam preparados para o poder, um por ser demasiado
ocidental e o outro devido ao seu pouco interesse pela política.
Enquanto
as flagrantes violações dos direitos humanos continuaram a ser a tónica no país
sob a sua liderança, o comandante supremo do Exército Popular da Coreia e
presidente do Partido dos Trabalhadores apostou de forma especial no seu
programa de armamento e no desenvolvimento económico.
Embora
agora garanta estar disposto a renunciar ao seu arsenal nuclear, o Governo de
Kim Jong-un intensificou a aposta no nuclear, uma opção já feita pelo anterior
líder, como seguro de vida para o regime.
O
aumento de testes nucleares e balísticos não deixa lugar para dúvidas: nos
últimos cinco anos, a Coreia do Norte fez muito mais lançamentos de mísseis
balísticos e testes nucleares do que nos 17 anos que durou a liderança de Kim
Jong-il, entre 1994 e 2011.