quarta-feira, 1 de março de 2017

MOÇAMBIQUE PROMETE AJUDAR NA LUTA PELA AUTODETERMINAÇÃO DO SAARA OCIDENTAL DIANTE DO REINO DE MARROCOS

MOÇAMBIQUE PROMETE AJUDAR NA LUTA PELA AUTODETERMINAÇÃO DO SAARA OCIDENTAL DIANTE DO REINO DE MARROCOS



Presidente da República Árabe Saarauí Democrática recebeu o apoio de Maputo no diferendo com Marrocos. Joaquim Chissano será o enviado especial da União Africana para a resolução do conflito.


O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, reiterou esta quarta-feira (22.02), em Maputo, o total apoio do país a todas as iniciativas internacionais na luta do povo saarauí à autodeterminação. Uma promessa deixada durante a visita do Presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), Brahim Ghali, a Moçambique, que terminou esta quinta-feira (23.02).


Um diferendo opõe a República Saarauí a Marrocos, com este país a reivindicar a autonomia do território sob a sua soberania. As autoridades saarauís rejeitam esta reivindicação e exigem a autodeterminação do território.


UA como plataforma de conciliação


A RASD é membro de pleno direito da União Africana (UA) desde 1984, facto que levou, na altura, Marrocos a abandonar a organização pan-africana. O país foi readmitido no passado mês de janeiro.


Esta readmissão é encarada por Filipe Nyusi como a criação de condições de uma plataforma de oportunidades necessárias para conciliar as posições das duas partes. o Presidente defende que a União Africana deverá facilitar a abertura de vias para negociações abertas e francas no quadro dos princípios da intangibilidade das fronteiras e boa vizinhança que caracteriza a interação no seio da organização.


"O Governo de Moçambique continuará a apoiar os esforços tendentes a aproximação das partes e o alcance de uma solução sustentável e duradoura no quadro da União Africana e da Organização das Nações Unidas”, defende.


Do lado da RASD, Brahim Ghali afirma que "o povo saarauí irá continuar a resistir até a vitória, até que África esteja totalmente independente”.


"Somos e seremos a última colónia em África”, entende.


Readmissão sem consenso


A readmissão de Marrocos na União Africana tem dividido os países africanos. O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, defende sinceridade dos que apoiaram a decisão.


"O nosso desejo ardente é que haja boa-fé por parte dos que defenderam a entrada de Marrocos a todo o custo, argumentando que seria a forma do problema do Saara Ocidental ser debatido dentro da família, respeitando os princípios da União Africana”, nota.


Já o homólogo saaraui, Muhamed Salek, espera que Marrocos mantenha e honre os compromissos que assumiu, aceitando, sem condições e sem reservas, a ata constitutiva da União Africana.



Chissano o enviado da UA


O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da RASD revelou ainda que Joaquim Chissano, antigo Presidente moçambicano, será o enviado especial da União Africana para a resolução do diferendo entre a RASD e Marrocos. Um nome que agrada a Salek.


"O Presidente Joaquim Chissano e todos os diplomatas moçambicanos têm trabalhado para que haja paz em Madagáscar, nas Comores e em muitos países e Moçambique, na sede da ONU e da União Africana, tem trabalhado sempre nas operações de manutenção da paz e contribuiu positivamente”, refere.


A visita do Presidente da República Árabe Saarauí Democrática, Brahim Gahli, a Moçambique culminou com a assinatura de um memorando de cooperação sobre consultas políticas entre os dois países.



Leonel Matias (Maputo) – Deutsche Welle