MOÇAMBIQUE PROMETE AJUDAR NA
LUTA PELA AUTODETERMINAÇÃO DO SAARA OCIDENTAL DIANTE DO REINO DE MARROCOS
Presidente
da República Árabe Saarauí Democrática recebeu o apoio de Maputo no diferendo
com Marrocos. Joaquim Chissano será o enviado especial da União Africana para a
resolução do conflito.
O Presidente
moçambicano, Filipe Nyusi, reiterou esta quarta-feira (22.02), em Maputo, o
total apoio do país a todas as iniciativas internacionais na luta do povo
saarauí à autodeterminação. Uma promessa deixada durante a visita do
Presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), Brahim Ghali, a
Moçambique, que terminou esta quinta-feira (23.02).
Um diferendo
opõe a República Saarauí a Marrocos, com este país a reivindicar a
autonomia do território sob a sua soberania. As autoridades saarauís rejeitam
esta reivindicação e exigem a autodeterminação do território.
UA como plataforma de
conciliação
A
RASD é membro de pleno direito da União Africana (UA) desde 1984, facto
que levou, na altura, Marrocos a abandonar a organização pan-africana. O país
foi readmitido no passado mês de janeiro.
Esta
readmissão é encarada por Filipe Nyusi como a criação de condições de uma
plataforma de oportunidades necessárias para conciliar as posições das duas
partes. o Presidente defende que a União Africana deverá facilitar a
abertura de vias para negociações abertas e francas no quadro dos princípios da
intangibilidade das fronteiras e boa vizinhança que caracteriza a interação no
seio da organização.
"O
Governo de Moçambique continuará a apoiar os esforços tendentes a aproximação
das partes e o alcance de uma solução sustentável e duradoura no quadro da
União Africana e da Organização das Nações Unidas”, defende.
Do lado da
RASD, Brahim Ghali afirma que "o
povo saarauí irá continuar a resistir até a vitória, até que África esteja
totalmente independente”.
"Somos e seremos a última colónia em África”,
entende.
Readmissão sem consenso
A
readmissão de Marrocos na União Africana tem dividido os países
africanos. O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação,
Oldemiro Balói, defende sinceridade dos que apoiaram a decisão.
"O
nosso desejo ardente é que haja boa-fé por parte dos que defenderam a entrada
de Marrocos a todo o custo, argumentando que seria a forma do problema do Saara
Ocidental ser debatido dentro da família, respeitando os princípios da União
Africana”, nota.
Já o
homólogo saaraui, Muhamed Salek,
espera que Marrocos mantenha e honre os compromissos que assumiu, aceitando,
sem condições e sem reservas, a ata constitutiva da União Africana.
Chissano o enviado da UA
O ministro
dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da RASD revelou ainda que Joaquim
Chissano, antigo Presidente moçambicano, será o enviado especial da União
Africana para a resolução do diferendo entre a RASD e Marrocos. Um nome que
agrada a Salek.
"O
Presidente Joaquim Chissano e todos os diplomatas moçambicanos têm trabalhado
para que haja paz em Madagáscar, nas Comores e em muitos países e Moçambique,
na sede da ONU e da União Africana, tem trabalhado sempre nas operações de manutenção
da paz e contribuiu positivamente”, refere.
A visita do
Presidente da República Árabe Saarauí Democrática, Brahim Gahli, a
Moçambique culminou com a assinatura de um memorando de cooperação sobre
consultas políticas entre os dois países.
Leonel Matias (Maputo) – Deutsche Welle