Isabel dos Santos a filha do
Presidente Angolano deverá deixar Sonangol!..
“Estou a ser muito pressionada”, terá confidenciado a filha mais
velha de José Eduardo dos Santos.
Isabel dos
Santos, tida em Angola como a nova “dona da Sonangol”, deverá abandonar a
petrolífera angolana antes das eleições previstas para agosto –revelou ao
Expresso um alto dirigente do MPLA. O mesmo caminho deverá seguir o irmão,
Filomeno dos Santos, que recebeu do Estado 5000 milhões de dólares (4732
milhões de euros)para gerir o Fundo Soberano Angolano. A gestão do Canal 2 da
Televisão Pública de Angola sob as ordens de uma outra filha do Presidente, a
deputada Tchizé dos Santos, segundo soube o Expresso, poderá também vir a ser
devolvida ao Estado.
Em vésperas
de José Eduardo dos Santos abandonar a Presidência, estas medidas são vistas
como uma tentativa do MPLA em reduzir a crescente contestação popular gerada à
volta do enriquecimento da sua família. O partido no poder em Angola pretende
também esbater a pressão que continua a ser exercida sobretudo sobre a nomeação
de Isabel dos Santos na Sonangol e, desta forma, esvaziar a oposição de um dos
principais alvos a abater durante aquele período. “Vou sair em breve porque
estou a ser muito pressionada” – terá confidenciado, em círculo muito privado,
Isabel dos Santos.
A nomeação
de Isabel dos Santos foi, desde logo, encarada com reservas entre a
intelectualidade do próprio MPLA. “Muito mal vai um país em que o seu
Presidente não confia em mais ninguém, senão nos filhos” – desabafou um
deputado do partido no poder. A oposição não ficou atrás. E um dirigente da
UNITA criticou a falta de “experiência de gestão porque até aqui só era
conhecida como acionista das suas empresas”, considerando a nomeação “um erro
político grave”. Na Sonangol desde junho do ano passado, a colocação da filha
mais velha de Eduardo dos Santos à frente dos destinos da companhia foi vista
com reservas também por vastos sectores da sociedade civil. “Foi mal
interpretada, mas a sua indicação teve o mérito de estancar o derrame
financeiro e organizativo que estava a minar os alicerces da Sonangol” –
justifica Jeremias José, jurista do MPLA.
Durante o
período que leva à frente da Sonangol, Isabel dos Santos desencadeou uma
cruzada contra a antiga gestão de Manuel Vicente, denunciando supostos
contratos altamente sobrefaturados e a apropriação ilícita de bens pertencentes
à empresa. “A Sonangol construiu condomínios, hotéis e outros empreendimentos
imobiliários que, em vez de estarem registados em seu nome, passaram a ser
detidos por alguns antigos altos responsáveis da empresa” – explica um gestor
de uma das unidades de negócios da petrolífera.
A outros
níveis, o sociólogo João Paulo Ganga chegou mesmo a defender “o nepotismo como
forma natural de governação em África”, perfeitamente encaixável no caso da
Sonangol. “Por ser filha do Presidente não pode ser discriminada e, por isso,
deve gozar dos mesmos direitos que os restantes cidadãos” – argumenta, por sua
vez, o Gildo Matias, professor universitário.
Tendo sido
graças à Sonangol que acumulou a riqueza que lhe permitiu construir o seu
colossal império, Isabel dos Santos é apontada em diversos meios da companhia
como estando a aproveitar-se do cargo para favorecer os seus interesses
empresariais. Entre estes interesses inclui-se a alegada contratação de
empresas de consultoria que lhe são familiares e a atribuição, no final do ano
passado, ao seu centro comercial Candando a venda de cabazes de Natal à
Sonangol num contrato estimado em mais de 3 milhões de dólares.
A gestão de
Isabel dos Santos não parece, por isso, vir a deixar saudades. O
descontentamento acentua-se a cada dia que passa entre operadoras e empresas de
prestação de serviço, que reclamam por pagamentos em atraso que se prologam há
vários meses. Quando abandonar a Sonangol, a dona da UNITEL poderá deixar uma
empresa atolada de dívidas, que está a levar algumas companhias a retirarem-se
do mercado angolano. Os problemas de tesouraria atingiram um ponto tal que os
trabalhadores chegaram a levar de casa resmas de papel, papel higiénico e
tonner para os computadores.
A saída da
Sonangol é o achado que João Lourenço, tido como futuro Presidente de Angola
indicado pelo MPLA, precisava para arrumar uma casa que é crucial para a
economia do país.
Passos
falou com Núncio mal rebentou a polémica das offshore. Uma noite atribulada na
era dos factos alternativos. Confiança dos consumidores no máximo de 17
anos.
EXPRESSO