Activistas do Movimento
Protectorado Lunda Tchokwe detidos em Cafunfo - DW
As
detenções tiveram lugar durante a madrugada na localidade de Cafunfo. O
Presidente do movimento diz que não foi emitido nenhum mandato de captura. As
razões das detenções são ainda desconhecidas.
Segundo a
denúncia foram detidos mais de uma dezena de ativistas e apoiantes ligados ao
Movimento Protectorado Lunda Tchokwe na madrugada desta quarta-feira (22.03),
na localidade de Cafunfo, zona diamantífera do município do Cuango, província
da Lunda Norte. As detenções foram feitas pelos Serviços de Investigação
Criminal (SIC). A operação contou com a mediação da Polícia de Intervenção
Rápida e da Polícia Militar.
”Apareceram
a partir das 04:00 nas residências dos nossos membros e com eles levaram mais
de dez pessoas. Levaram material de propaganda e levaram bandeiras”, denuncia à
DW África o Presidente do Movimento do Protectorado que, há anos, reivindica a
autonomia da região das Lundas. Segundo José Mateus Zecamutchima foram
levadas também mulheres e crianças: "as senhoras são esposas dos nossos
secretários e foram levadas cerca de cinco crianças, entre os seus 10 e 14 anos
de idade, que são filhos dos nossos responsáveis”.
Sem mandato de captura
O Presidente
do Movimento do Protectorado afirma ainda que essas detenções aconteceram
"sem nenhum mandato [de captura]”. José Mateus Zecamutchima explica que
cercaram e "revistaram as casas” e "sem explicar as causas” levaram
as pessoas para "a unidade policial”.
O líder da
organização acrescenta ainda que a polícia mantém sob custódia um dos membros
da organização, sem acusação formal, há vários meses.
"Esse
mesmo regime tem o nosso membro Rui Lucas, desde o dia 4 de janeiro de 2017,
preso no Comando do Cuango, sem nunca ter sido acusado por nenhum crime há mais
de três meses.”
Razões das detenções por conhecer
Entre os
dirigentes detidos da organização estão o secretário Nacional para Informação,
o secretário da Juventude, o secretário Regional e o secretário da Cultura. As
razões das detenções são ainda desconhecidas. Mas suspeita-se que a visita de
João Lourenço, ministro da Defesa e candidato do Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA) às eleições gerais, agendada para os próximos
dias, terá motivado as detenções. Alegadamente, as autoridades receiam que os
ativistas venham a criar qualquer embaraço.
Ainda assim
José Mateus Zecamutchima acredita em razões mais profundas. "Deve ter
havido alguma outra coisa de mais profundo que nós não conhecemos. Precisamos
saber das autoridades angolanas. Estamos a dizer ao Presidente José Eduardo dos
Santos que ao invés de estar a maquinar as pessoas, o que o Governo da
República de Angola deve fazer é partir para o diálogo. No ano das eleições
deve partir para o diálogo enquanto é cedo.”
Políca confirma detenções
A DW África
contactou o comandante da polícia nacional no município do Cuango que confirmou
as detenções. O superintendente Caetano Bravo dos Santos remete mais
informações para outras entidades: "Eu não posso dar informação. O Comando
Provincial - da Polícia Nacional na Lunda Norte - é órgão competente para dar
informação para o efeito.”
Na região
diamantífera das Lundas, a localidade do Cuango, mais concretamente a região de
Cafunfo, é a zona mais sensível do ponto de vista político e militar. É lá onde
se encontra a maior bacia de extração mineira de Angola.
Fonte: DW