FLEC\ FAC reivindica a morte de
18 operacionais das FAA em Cabinda
A Frente de
Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) reivindicou hoje a morte de 18
operacionais das Forças Armadas Angolanas, elevando a mais de meia centena os
mortos em ataques reclamados desde agosto pelas Forças Armadas Cabindesas
(FAC).
Num "comunicado de guerra" enviado
à Lusa, em Luanda, refere-se que os novos ataques aconteceram entre sexta-feira
e domingo últimos, nos arredores da aldeia Makumeni, no município de Buco Zau,
"uma semana após a visita do embaixador português [em Angola] João Caetano
da Silva" a Cabinda.
O documento refere igualmente que os combates
provocaram oito feridos entre os militares das FAA, além de três mortos e
quatro feridos do lado das FAC.
"Continuamos a alertar e informar a
opinião pública nacional e internacional que Cabinda é um território em guerra.
Apesar da campanha de desinformação do Governo angolano, a realidade no terreno
é o contrário do que se afirma", lê-se no comunicado.
Alguns jornalistas foram convidados a
acompanhar a recente visita do diplomata português a Cabinda, que resultou de
um convite do governo provincial, e relataram um ambiente de normalidade
naquele enclave.
A Lusa não foi convidada ou informada sobre
esta visita.
A FLEC/FAC afirma que "a guerra existe
em Cabinda e que os confrontos vão continuar" até que o Governo angolano
"se comprometa" em negociar com "uma solução pacífica e uma paz
duradoura".
O chefe de Estado-Maior General das Forças
Armadas Angolanas desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos
ataques reivindicados pela FLEC/FAC, com dezenas de mortos entre os soldados
angolanos na província de Cabinda.
Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a
situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da
FLEC/FAC.
"As pessoas podem ir até Cabinda, ir ao
Miconje, ao Belize, ao Buco Zau, ao Necuto, a todos os sítios de Cabinda, a
todas as aldeias de Cabinda, que não houve nenhuma ação", disse Geraldo
Sachipengo Nunda.
Segundo o responsável, as FAC "estão a
sonhar".
"Os órgãos que transmitem essa informação
podem ir a Cabinda e verificar que não existe nenhuma verdade", desafiou a
chefia militar angolana.
A FLEC luta pela independência de Cabinda,
alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou
estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte do
território angolano.
Criada em 1963, a organização independentista
dividiu-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o
único movimento de resistência armada contra a administração de Luanda.
Lusa