O SILÊNCIO SEPULCRAL E A
INDIFERENÇA DOS SEUS FILHO, FAZ DA NAÇÃO
LUNDA TCHOKWE UM “CORPO INERTE ONDE CADA ABUTRE VEM DEBICAR O SEU PEDAÇO”
O LUNDA
TCHOKWE tem um
passivo decorrente da presença Portuguesa 1885- 1975, que fingiam proteger, no
fundo usava da boa vontade do nosso povo e aplicava métodos de colonização e
que os acompanha aos dias de hoje, traduzido pelo facto de o protector na capa
de colonizador não os ter ensinado absolutamente nada, com a mesma medida
macabra, o MPLA que substituiu os Portugueses fazem o mesmo ao longo dos 40
anos da nossa dependência colonial de Angola.
A Nação Lunda Tchokwe, tornou-se hoje em um
corpo inerte, onde de facto cada abutre vem debicar o seu pedaço e deixar milhões
de autóctones na linha vermelha da extrema miséria, tudo isso pela vontade do
tirano, o ditador e colono José
Eduardo dos Santos.
A pilhagem e lapidação frenética da riqueza é
um destes factos que clarifica a inercia dos poderes colonizadores de Angola
sobre o território da Nação Lunda Tchokwe em cujo presença massiva de
estrangeiros, bastante notória; Malianos, Senegaleses, Mauritanos, Libaneses, Chineses, Russos, Cubanos, Brasileiros, Sírios, Congoleses,
Zambianos, Namibianos, S. Tomeses, Cabo Verdianos, Ugandeses, Quenianos, Tanzanianos, Sul Africanos, entre outros.
A exploração da madeira na região do Moxico
que em nada beneficia aquela região, a exploração do diamante com mais de 200
projectos mineiros em toda a extensão da Lunda Tchokwe, incluindo o kimberlite
de Catoca e o Luachi, a expropriação de terras, a situação militar e policial,
a prostituição infantil, a exploração de menores em trabalhos forçados, sobretudo no cultivo de arroz no Cuando Cubango pelos Chineses, os assassinados
impunes na região do Cuango, Cafunfo, Capenda, Muxinda, Cacolo, Calonda, Caungula,
Camaxilo, saúde precária e péssima educação fazem parte de uma enorme lista de maldades contra o nosso povo.
A LUTA PACIFICA DO RESGATE DA AUTONOMIA DA LUNDA TCHOKWE NÃO TEM
DONO É UM PROCESSO INCLUSIVO PARA TODOS ATÉ OS ANGOLANOS…
O pior
desta luta pacifica, é o silêncio
sepulcral e a indiferença de muitos filhos Lunda Tchokwe; Doutores,
Engenheiros, Economistas, Advogados, Jornalistas, Médicos, Políticos, Militares, Policias, Agentes de Serviços Secretos, Professores e a Juventude
Estudante nas Universidades, que mesmo estando a viver com esta dura realidade,
não se dignam em repudiar, denunciar e unirmos os esforços para acabarmos com
isso, tal como fez a Corte
do Muatchissengue Watembo em Abril de 2016, quando romperam
o silêncio e disseram as verdades ao Ministro Auxiliar e Colaborador do Chefe
do Executivo do regime tirânico JES/MPLA Bornito de Sousa, cujo extracto se
transcreve a seguir:
O texto da
carta do Poder Tradicional da Corte do Muatchissengue a seguir: “Cientes da
nossa responsabilidade histórica, pois o poder real não é uma figura decorativa, servimos-nos de
porta-vozes de todos os Lunda-Tchokwe para expormos ao Governo Angolano, por
vosso intermédio, as principais inquietações que nos têm sido reportadas.
Seguindo o legado dos nossos ancestrais
(Nakapamba, Tembo, Thumba, Samba, Mwambumba, Mwandumba, Mwakanhika, Mwandonji,
Mwakapenda, Kaungula, Mwachimbundu, Mwana Kafuvu, Chinguly e tantos outros),
decidimos romper o silêncio e expormos a situação, na esperança de que seja
ouvido o clamor do povo e seja revista a situação.
Pelo que nos têm constado, a riqueza extraída na Lunda não tem reflexos na Região. Há um contraste entre o aumento da produção de diamantes e o agravamento da pobreza no seio das populações.
Os Lunda Tchokwe recuam no tempo e
dizem: "No tempo da Diamang, a exploração do minéro Iimitava-se
apenas a Andrada (actual Nzagi), Dundo, Fucaúma e Lucapa. A
actividade extractiva era exercida apenas de dia. Todo património da Empresa,
incluindo os serviços administrativos,
localizava-se cá. Com o pouco que o colono explorava
construiu-se cidades e vilas, estradas,
escolas e hospitais, além da produção agrícola.
Hoje, o diamante é explorado
dia e noite (24/24), em toda a extensão
territorial da Lunda (do rio
Lui ao rio Cassai). Por mês são extraídos
milhares e milhares de quilates. Em
contrapartida, a população da Região
continua a viver em casebres de pau-a-pique, cobertos de
capim. O pouco que o colono tinha construído está
em vias de extinção (a exemplo das estradas e cidades
como Lukapa, Andrada, Dundo, Saurimo, etc.). Os principais
aglomerados populacionais (aldeias e regedorias,
incluindo a capital do Reino Tchokwe - Itengo) não têm água potável ou
canalizada. Em toda a Região não existem indústrias transformadoras,
nem se pratica agricultura mecanizada.
Ninguém sabe o paradeiro dos
10% de exploração a que a Região tem direito. Em
toda a Região Lunda Tchokwe
não existe um único hospital equipado com tecnologia de ponta.
Até mesmo um simples aparelho de raio-X é difícil
encontrar, além da cronica falta de medicamentos.
E mais. A extracção do
minério é feita na Lunda, mas a Direcção da Endiama está
em Luanda. A grande maioria dos trabalhadores vive cá, mas
o Hospital da Endiama (bem equipado com tecnologia moderna)
localiza-se em Luanda; a lapidação dos diamantes é feita em Luanda; a escola
de formação de técnicos de geologia e minas foi retirada desta região
para a região Norte etc; e como se
isso não bastasse, até as direcções das empresas mineiras
situam-se também em Luanda (a exemplo de
Catoca)." Além disso, "as principais empresas mineiras
dificilmente empregam a mão-de-obra local, preferindo trazer
trabalhadores de outros pontos de Angola."
Alguns dos descendentes dos potentados da
Região sublinham que"desde a criação da
Endiama, em substituição da Diamang, a produção diamantífero tem aumentado vertiginosamente, e a qualidade dos
diamantes extraídos é de longe superior a que se explorava
no tempo colonial.
Hoje já se extraem pedras com mais
de 400 quílates. A produção diária de Catoca rende milhões e milhões
de dólares; se junta a isso os milhares de quílates extraídos das
riquíssimas minas da Região do Kwangu, Andrada, Lukapa,
Dundo. Mesmo com esse dinheiro todo, não se
faz nada que dignifica a Região “ou a Nação Lunda Tchokwe.
A prática reiterada leva as populações da
Região a prever que, com a descoberta e entrada imediata em funcionamento do
maior Kimberlito do Mundo (Lwashy), "a pobreza da população da Região
vai agudizar-se.
Quanto mais e melhores diamantes se extraem
na Lunda, agrava-se a miséria das suas populações. Ao que tudo indica, o
Kimberlito do Lwashy vai tornar péssima a pior situação criada por Catoca:
Oferecer uma viatura ao Rei ou Regedor, uma
motorizada e garrafão de vinho para o soba, não é a solução para os problemas
das populações. Quem guia o povo não é o soba. Cada habitante de cada aldeia ou
povoação obedece mais ao chefe da sua linhagem (munhachi), que pode ser Kamba
Nguji, Chitelembe, Fota, Mwakahiya, Mwamushiko, Mwakongolo, Mwazaza, Kayita,
etc. E o chefe da Linhagem nunca foi egoista. Sabe repartir o mal pelas
aldeias.
No que toca à História da Região, a nível do
Leste não encontramos nenhuma identificação de um local histórico. Não existem
monumentos em homenagem às principais figuras históricas da região, nem alguma
sinalização dos locais históricos, nem as ruas das cidades do Leste têm nomes
dos seus ancestrais.
Além das figuras de Mwene Mwachissengue
Watembo, Mwene Lushiku (Kelendende), Nguza-ya-wona (Mwamuyombo) e a capital
histórica e cultural do Reino Tchokwe (ltengo), a batalha de Cangamba (na
província do Moxico) marcou a História de Guerra civil de Angola, com grandes
efeitos no Kuando Kubango. Mas hoje está totalmente esquecida, sem nenhum monumento
em homenagem aos seus Heróis, como aconteceu com Kifangondo, Cuito-Cuanavale,
só para mencionarmos alguns pontos de Angola.
Já não se ouve falar dos Heróis de Cangamba
no Moxico.
Analisados os factos acima expostos,
cumpre-nos o dever histórico de, junto das autoridades de direito, procurar
soluções para os problemas que afligem as nossas populações.
Os factos apontados transcendem as
capacidades dos governos das três províncias da Região, daí a razão de
endereçarmos esta exposição ao Governo Central (Chefe do Executivo e seus
colaboradores e auxiliares Angolanos) para melhor decidir.
O poder
tradicional rompeu o silêncio conforme a exposição acima, o que falta agora, é você, o intelecto, a mente pensante e desenvolvida, a tua contribuição, a tua coragem em defesa da sua própria dignidade, como consequência
de males que clamam por uma transformação profunda do sistema de governação em
vigor na Nação Lunda Tchokwe, ou seja, a AUTONOMIA.
Texto com
continuação na próxima edição.