segunda-feira, 27 de junho de 2016

O SILÊNCIO SEPULCRAL E A INDIFERENÇA DOS SEUS FILHO, FAZ DA NAÇÃO LUNDA TCHOKWE UM “CORPO INERTE ONDE CADA ABUTRE VEM DEBICAR O SEU PEDAÇO”

O SILÊNCIO SEPULCRAL E A INDIFERENÇA DOS SEUS FILHO, FAZ DA  NAÇÃO LUNDA TCHOKWE UM “CORPO INERTE ONDE CADA ABUTRE VEM DEBICAR O SEU PEDAÇO”

O LUNDA TCHOKWE  tem  um passivo decorrente da presença Portuguesa 1885- 1975, que fingiam proteger, no fundo usava da boa vontade do nosso povo e aplicava métodos de colonização e que os acompanha aos dias de hoje, traduzido pelo facto de o protector na capa de colonizador não os ter ensinado absolutamente nada, com a mesma medida macabra, o MPLA que substituiu os Portugueses fazem o mesmo ao longo dos 40 anos da nossa dependência colonial de Angola.


A Nação Lunda Tchokwe, tornou-se hoje em um corpo inerte, onde de facto cada abutre vem debicar o seu pedaço e deixar milhões de autóctones na linha vermelha da extrema miséria, tudo isso pela vontade do tirano, o ditador e colono José Eduardo dos Santos.


A pilhagem e lapidação frenética da riqueza é um destes factos que clarifica a inercia dos poderes colonizadores de Angola sobre o território da Nação Lunda Tchokwe em cujo presença massiva de estrangeiros, bastante notória; Malianos, SenegalesesMauritanos, Libaneses, Chineses, Russos, Cubanos, Brasileiros, SíriosCongoleses, Zambianos, Namibianos, S. Tomeses, Cabo Verdianos, Ugandeses, Quenianos, Tanzanianos, Sul Africanos, entre outros.


A exploração da madeira na região do Moxico que em nada beneficia aquela região, a exploração do diamante com mais de 200 projectos mineiros em toda a extensão da Lunda Tchokwe, incluindo o kimberlite de Catoca e o Luachi, a expropriação de terras, a situação militar e policial, a prostituição infantil, a exploração de menores em trabalhos forçados, sobretudo no cultivo de arroz no Cuando Cubango pelos Chineses, os assassinados impunes na região do Cuango, Cafunfo, Capenda, Muxinda, Cacolo, Calonda, Caungula, Camaxilo, saúde precária e péssima educação fazem parte de uma enorme lista de maldades contra o nosso povo.



A LUTA PACIFICA DO RESGATE DA AUTONOMIA DA LUNDA TCHOKWE NÃO TEM DONO É UM PROCESSO INCLUSIVO PARA TODOS ATÉ OS ANGOLANOS…



O pior  desta luta pacifica,  é o silêncio sepulcral e a indiferença de muitos filhos Lunda Tchokwe; Doutores, Engenheiros, Economistas, Advogados, Jornalistas, Médicos, Políticos, Militares, Policias, Agentes de Serviços Secretos, Professores e a Juventude Estudante nas Universidades, que mesmo estando a viver com esta dura realidade, não se dignam em repudiar, denunciar e unirmos os esforços para acabarmos com isso, tal como fez a Corte do Muatchissengue Watembo em Abril de 2016, quando romperam o silêncio e disseram as verdades ao Ministro Auxiliar e Colaborador do Chefe do Executivo do regime tirânico JES/MPLA Bornito de Sousa, cujo extracto se transcreve a seguir:



O texto da carta do Poder Tradicional da Corte do Muatchissengue a seguir: “Cientes da nossa responsabilidade histórica, pois o poder real não é  uma figura decorativa, servimos-nos de porta-vozes de todos os Lunda-Tchokwe para expormos ao Governo Angolano, por vosso intermédio, as principais inquietações que nos têm sido reportadas.



Seguindo o legado dos nossos ancestrais (Nakapamba, Tembo, Thumba, Samba, Mwambumba, Mwandumba, Mwakanhika, Mwandonji, Mwakapenda, Kaungula, Mwachimbundu, Mwana Kafuvu, Chinguly e tantos outros), decidimos romper o silêncio e expormos a situação, na esperança de que seja ouvido o clamor do povo e seja revista a situação.


Pelo que nos têm constado, a riqueza extraída na Lunda não tem reflexos na Região. Há um contraste entre o aumento da produção de diamantes e o agravamento da pobreza no seio das populações.


Os Lunda Tchokwe recuam no tempo e dizem: "No tempo da Diamang, a exploração do minéro Iimitava-se apenas a Andrada (actual Nzagi), Dundo, Fucaúma e Lucapa. A actividade extractiva era exercida apenas de dia. Todo património da Empresa, incluindo os serviços administrativos, localizava-se cá. Com o pouco que o colono explorava construiu-se cidades e vilas, estradas, escolas e hospitais, além da produção agrícola.


Hoje, o diamante é explorado dia e noite (24/24), em toda a extensão territorial da Lunda (do rio Lui ao rio Cassai). Por mês são extraídos milhares e milhares de quilates. Em contrapartida, a população da Região continua a viver em casebres de pau-a-pique, cobertos de capim. O pouco que o colono tinha construído está em vias de extinção (a exemplo das estradas e cidades como Lukapa, Andrada, Dundo, Saurimo, etc.). Os principais aglomerados populacionais (aldeias e regedorias, incluindo a capital do Reino Tchokwe - Itengo) não têm água potável ou canalizada. Em toda a Região não existem indústrias transformadoras, nem se pratica agricultura mecanizada.


Ninguém sabe o paradeiro dos 10% de exploração a que a Região tem direito. Em toda a Região Lunda  Tchokwe não existe um único hospital equipado com tecnologia de ponta. Até mesmo um simples aparelho de raio-X é difícil encontrar, além da cronica falta de medicamentos.


E mais. A extracção do minério é feita na Lunda, mas a Direcção da Endiama está em Luanda. A grande maioria dos trabalhadores vive cá, mas o Hospital da Endiama (bem equipado com tecnologia moderna) localiza-se em Luanda; a lapidação dos diamantes é feita em Luanda; a escola de formação de técnicos de geologia e minas foi retirada desta região para a região Norte etc; e como se isso não bastasse, até as direcções das empresas mineiras situam-se também em Luanda (a exemplo de Catoca)." Além disso, "as principais empresas mineiras dificilmente empregam a mão-de-obra local, preferindo trazer trabalhadores de outros pontos de Angola." 



Alguns dos descendentes dos potentados da Região sublinham que"desde a criação da Endiama, em substituição da Diamang, a produção diamantífero tem aumentado vertiginosamente, e a qualidade dos diamantes extraídos é de longe superior a que se explorava no tempo colonial.
   

Hoje já se extraem pedras com mais de 400 quílates. A produção diária de Catoca rende milhões e milhões de dólares; se junta a isso os milhares de quílates extraídos das riquíssimas minas da Região do Kwangu, Andrada, Lukapa, Dundo. Mesmo com esse dinheiro todo, não se faz nada que dignifica a Região “ou a Nação Lunda Tchokwe.



A prática reiterada leva as populações da Região a prever que, com a descoberta e entrada imediata em funcionamento do maior Kimberlito do Mundo (Lwashy), "a pobreza da população da Região vai agudizar-se.


Quanto mais e melhores diamantes se extraem na Lunda, agrava-se a miséria das suas populações. Ao que tudo indica, o Kimberlito do Lwashy vai tornar péssima a pior situação criada por Catoca:


Oferecer uma viatura ao Rei ou Regedor, uma motorizada e garrafão de vinho para o soba, não é a solução para os problemas das populações. Quem guia o povo não é o soba. Cada habitante de cada aldeia ou povoação obedece mais ao chefe da sua linhagem (munhachi), que pode ser Kamba Nguji, Chitelembe, Fota, Mwakahiya, Mwamushiko, Mwakongolo, Mwazaza, Kayita, etc. E o chefe da Linhagem nunca foi egoista. Sabe repartir o mal pelas aldeias.


No que toca à História da Região, a nível do Leste não encontramos nenhuma identificação de um local histórico. Não existem monumentos em homenagem às principais figuras históricas da região, nem alguma sinalização dos locais históricos, nem as ruas das cidades do Leste têm nomes dos seus ancestrais.


Além das figuras de Mwene Mwachissengue Watembo, Mwene Lushiku (Kelendende), Nguza-ya-wona (Mwamuyombo) e a capital histórica e cultural do Reino Tchokwe (ltengo), a batalha de Cangamba (na província do Moxico) marcou a História de Guerra civil de Angola, com grandes efeitos no Kuando Kubango. Mas hoje está totalmente esquecida, sem nenhum monumento em homenagem aos seus Heróis, como aconteceu com Kifangondo, Cuito-Cuanavale, só para mencionarmos alguns pontos de Angola.


Já não se ouve falar dos Heróis de Cangamba no Moxico.


Analisados os factos acima expostos, cumpre-nos o dever histórico de, junto das autoridades de direito, procurar soluções para os problemas que afligem as nossas populações.


Os factos apontados transcendem as capacidades dos governos das três províncias da Região, daí a razão de endereçarmos esta exposição ao Governo Central (Chefe do Executivo e seus colaboradores e auxiliares Angolanos) para melhor decidir.


O poder tradicional rompeu o silêncio conforme a exposição acima, o que falta agora, é você, o intelecto, a mente pensante e desenvolvida, a tua contribuição, a tua coragem em defesa da sua própria dignidade, como consequência de males que clamam por uma transformação profunda do sistema de governação em vigor na Nação Lunda Tchokwe, ou seja, a AUTONOMIA.


Texto com continuação na próxima edição.