terça-feira, 19 de janeiro de 2016

OS DIAMANTES DA NAÇÃO LUNDA TCHOKWE SÃO ETERNOS, MAS AO SERVIÇO E BENEFICIO DA TIRANIA COLONIZADORA DE ANGOLA

OS DIAMANTES DA NAÇÃO LUNDA TCHOKWE SÃO ETERNOS, MAS AO SERVIÇO E BENEFICIO DA TIRANIA COLONIZADORA DE ANGOLA



O Governo angolano prevê um crescimento de 1,5% da produção nacional de diamantes em 2016, para quase nove milhões de quilates, depois do recorde registado no último ano.


Segundo a mais recente projecção do Ministério da Geologia e Minas, a perspectiva para 2016 passa por alcançar a produção de 8,962 milhões de quilates, entre as componentes industrial e artesanal (garimpo individual ou em cooperativas, sob licença do Estado), esta última estimando uma produção superior a 860 mil quilates.


“Dentro de cinco anos, com os novos projectos que estamos a preparar, esperamos mais do que duplicar a produção”, assumiu o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz.


Angola atingiu em 2015 um novo recorde de produção de diamantes, com 8,837 milhões de quilates, o que rendeu ao país 1,1 mil milhões de dólares (cerca de mil milhões de euros), mas reflectindo uma quebra de receitas de quase 200 milhões de euros devido à quebra generalizada na cotação internacional.


Depois do petróleo, os diamantes são o principal produto de exportação de Angola, país que está entre os cinco principais produtores mundiais.


Para Francisco Queiroz, o sector mineiro angolano – ainda a extracção de metais como ferro e ouro – estará em condições, no “longo prazo”, de se “equiparar ao petróleo”, em termos de receitas geradas para o país.


“E num horizonte entre cinco a dez anos, de modo sustentável, poderemos [sector mineiro] ter um impacto muito maior no Produto Interno Bruto e na arrecadação de receitas fiscais”, projectou o governante.


Segundo aquele ministério, o sector da geologia e minas conta com vários projectos em processo de financiamento e desenvolvimento mineiro, casos da prospecção e produção de nióbio (metal utilizado para produzir aço), na província da Huíla, de produção de ouro do M´Pompo, também na Huíla, e do projecto Tchiuzo, de diamantes, na Lunda Sul.


O mais estruturante dos projectos é a nova mina de diamantes do Luaxe, no interior norte, “o maior kimberlito” descoberto no país e que poderá duplicar a produção nacional, cuja produção arranca “nos primeiros meses de 2018” e que poderá garantir uma produção anual de cerca de dez milhões de quilates.


A mina de Luaxe deverá representar reservas à volta de 350 milhões de quilates e conta com uma previsão de exploração de mais de 30 anos, após um investimento estimado superior a mil milhões de euros.


O sector conta ainda com projectos para a extracção de cobre nas províncias do Uíge e do Cuanza Sul.


Os diamantes contribuem apenas com 1% dos valores fiscais arrecadados no país, que continuam fortemente dependentes da venda do petróleo.


Francisco Queiroz espera que com a nova mina de diamantes do Luaxe, que poderá mais do que duplicar a produção nacional, esse valor suba para os 5% até 2020. “Essa mina poderá tornar-se a maior do mundo”, previu.


O ministro fez esta previsão à margem de uma visita, há um mês, à China a convite do ministro da Terra e dos Recursos Naturais chinês, Jiang Daming.


Para além de se reunir com o seu homólogo chinês, Francisco Queiroz assistiu ao encerramento de um programa de treino de 30 técnicos angolanos no Instituto de Geofísica e Geoquímica de Langfang, na província chinesa de Hebei.


Os técnicos deverão agora ser distribuídos por três laboratórios geoquímicos em Angola, cuja construção está a cargo da empresa estatal chinesa China International Trust and Investment Corporation (CITIC).


Além da formação e construção de laboratórios, o contrato de 6.250 milhões de kwanzas, celebrado entre a CITIC e o Instituto Geológico de Angola, inclui o fornecimento de equipamento e assistência técnica.


Francisco Queiroz prevê que aquelas estruturas, cuja maior está localizada em Luanda, venham a atender “todas as necessidades de análise geoquímica do país e também dos países que necessitarem dos nossos serviços”.


“Estamos a contar que a partir de 2020 Angola tenha grandes projectos mineiros em desenvolvimento, para que então possamos diversificar a economia e sobretudo diversificar as fontes de receitas fiscais”, concluiu.


Recorde-se que a diamantífera russa Alrosa prevê investir mais de 1,2 mil milhões de dólares em dois projectos de produção de diamantes em conjunto com a empresa estatal angolana Endiama.


O anúncio foi feito a 1 de Julho do ano passado, em Luanda, pelo presidente do Conselho de Administração da Alrosa, Andrey Zharkov, à saída de uma reunião com o vice-Presidente da República, Manuel Vicente, com destaque para o projecto Tchiuzo.


Avaliada em 200 milhões de dólares, esta exploração mineira permitirá criar cerca de 700 novos postos de trabalho na província da Lunda Norte e uma produção diamantífera anual estimada em 2,5 milhões de quilates que está numa fase avançada de desenvolvimento.


Igualmente envolvendo a diamantífera estatal, Endiama, e outros parceiros, a Alrosa prevê investir mil milhões de dólares no projecto Luaxe.


Alrosa e Endiama vão ainda investir cerca de 15 milhões na prospecção de novos quimberlitos (depósitos principais de diamantes), nos próximos três anos, através da empresa participada por ambas, denominada “Kimangue”.


Isto tendo em conta que Angola apenas conhece o potencial de produção diamantífera de 40% território nacional, conforme explicou o presidente do Conselho de Administração da Endiama.


“Quer dizer que a probabilidade de encontramos recursos minerais nos restantes 60 por cento é elevada”, disse Carlos Sumbula.


A Alrosa está presente em Angola na Sociedade Mineira de Catoca (SMC) – detentora destas novas concessões diamantíferas -, que opera a mina de Catoca, a quarta maior do mundo.


A SMC é detida a 32,8 por cento pela Alrosa, maior produtora russa de diamantes, a mesma percentagem da estrutura accionista que é controlada pela estatal Endiama.


A mina conta com uma profundidade, a céu aberto, de 600 metros e deverá estar em operação até 2031, sendo a quarta maior do género em todo o mundo, devendo igualmente ser alvo de um novo investimento.


Só os dois novos projectos em carteira pela Alrosa – Tchiuzo e Luaxe – permitiriam a Angola mais do que duplicar a actual produção de diamantes do país, a principal fonte de receita angolana depois do petróleo.



Dados da indústria diamantífera mundial apontam Angola como quinto maior produtor de diamantes, mas a sua produção representa apenas 8,1% do valor global mundial.