ALGUNS
DADOS HISTÓRICOS SOBRE UMA PARTE DA NAÇÃO LUNDA TCHOKWE
A Conferência de Berlim realizada em 1884 - 1885, para além de determinar a partilha do continente Africano entre as principais potências colonizadoras da época, nomeadamente Inglaterra, Alemanha, Bélgica, EUA, França, Portugal, e o império otomano, constituiu o ponto de partida da grande aventura da burguesia europeia visando a exploração da Africa. Nesta conferência não foi abordada a questão da Nação Lunda Tchokwe, porque não se conhecia os resultados dos trabalhos da expedição portuguesa a Mussumba do Muatiânvua, chefiada pelo Major Henrique de Carvalho como veremos mais adiante.
A partir do século XVIII, multiplicaram-se os interesses europeus em Angola e no coração de Africa, para lá das terras do Muatiânvua, motivados pelo rápido desenvolvimento do capitalismo industrializado e pelas independências das Américas, a fim de criarem zonas de influência para a obtenção de matérias-primas e escoamento de produtos. Assim, o império “Lunda” situado no coração de Africa Central (entre os paralelos 06º 30º e 11º 30º´ a sul e os meridianos 17º 30º`e 22º 30` a este), recebe várias expedições destacando-se a de David Livingston, enviado pela London Missionary Society em 1840, a Verney Lovott Camaron, do alemão Otto Schuth em 1887, de Max Bucher em 1879 e a mais célebre dos portugueses ao Mussumba de Muatiânvua, comandada pelo Major Henrique Augusto Dias de Carvalho, entre 1884 à 1887, partindo de Malange, já colónia de Angola.
Henrique Augusto Dias
de Carvalho assinou na sua expedição vários tratados de protectorados com
chefes Lunda Tchokwe, sendo os mais importantes com Xa-Muteba, Caungula, Nzovo,
Muatchissengue e Muatiânvua Mucanza XVII Samaliamba, este último na Mussumba a
18 de Janeiro de 1887.
No âmbito da organização e direcção das operações militares de ocupação colonial portuguesa, foi criado através do Decreto de 13 de Julho de 1895, o Distrito militar da Lunda, com base nos tratados de protectorado, amizade e comercio entre os dois estados (veja os artigos do tratado com Muatchissengue); Portugal e a Nação Lunda Tchokwe, tendo Capenda-Camulemba como sede da primeira Capital no território Tchokwe e em 1905, 1907 e 1912, são fundados sucessivamente os postos de Caungula, Camaxilo e Mona-Quimbundo ou simplesmente Muata Muatchibundo, Saulimbo de recente criação.
Em consequência das
reformas administrativas que Portugal vai operando, a Lunda toma em 1917 o
carácter de Distrito Militar com sede em Saurimo e a 20 de Abril de 1929,
Saurimo recebe a denominação de “Vila Henrique de Carvalho”, em homenagem ao
chefe da expedição portuguesa, também primeiro Governador do novo distrito.
Em 28 de Maio de
1956, a Vila Henrique de Carvalho é elevada à categoria de cidade através do
Diploma Legislativo n.º 2757, como o leitor pode ver a diferença abismal em
anos de fundação entre as cidades da Província ultramarina Portuguesa com
relação as cidades da Nação Lunda Tchokwe que não é colónia portuguesa, não fomos
colonizados antes de 1975, alias quando se celebra um tratado, é porque a
ligação entre as duas coisas é jurídica e não de alguma imposição ou
colonização.
Se neste país há
juristas que dominam o direito, apareçam para dizerem o contrário que os
tratados de protectorado foram assinados como uma brincadeira portuguesa, ESTE
É O DESAFIO AO REGIME DO MPLA E A COMUNIDADE INTERNACIONAL, A ONU, A UNIÃO
EUROPEIA E A UNIÃO AFRICANA.
Dois anos depois da
proclamação da independência de Angola 1975, em que os filhos Lunda Tchokwe
ajudaram os Angolanos a se libertarem de Portugal, tendo oferecido o seu território
para que ai desenvolvesse a sua guerrilha, António Agostinho Neto, decreta a divisão
da Lunda em Norte e Sul por força do Decreto n.º 48/78, do Conselho da
Revolução, sem consulta nem o consentimento do Povo Lunda Tchokwe, essa divisão
foi o pronuncio dos actuais conflitos étnicos do mesmo povo.
A nossa incapacidade
de fazermos a leitura clara do colonizador Angolano, dividir para reinar, é que
faz com que, a luta musculada ou “MASSENDA” que se mordem entre si. Essa divisão
foi bem calculada, estudada minuciosamente e os resultados estão ai, conflitos étnicos
e o regime JES/MPLA fica aplaudindo.
LISTA DOS GOVERNADORES PORTUGUESES NA LUNDA ATÉ 1975
1 - Henriques Augusto Dias de Carvalho – 1895-1920
2 - Bento Roma
3 - Intendente Bonué
4 - Intendente Dr. Amadeu de Meneses
5 - Intendente Bicude da Costa
6 - Intendente Xavier Martins, 18.01.1953 a 1955
7 - Intendente Sacramento Monteiro, 1955 a 1956
8 - Intendente Mário Monteiro Pinto, 1956 a 1957
9 - Tenente-Coronel Martins Soares, 1957 a 1961
10 - Artur Carmona, 1961 a 1964
11 - Coronel Júlio Ferreira de Araújo, 1964 a 1965
12 - António Nascimento Rodrigues, 1965 a 1966
13 - Tenente-Coronel Soares Carneiro, 1966 a 1968
14 - Coronel Manuel Teodoro dos Ramos, 1968 a 1975
2 - Bento Roma
3 - Intendente Bonué
4 - Intendente Dr. Amadeu de Meneses
5 - Intendente Bicude da Costa
6 - Intendente Xavier Martins, 18.01.1953 a 1955
7 - Intendente Sacramento Monteiro, 1955 a 1956
8 - Intendente Mário Monteiro Pinto, 1956 a 1957
9 - Tenente-Coronel Martins Soares, 1957 a 1961
10 - Artur Carmona, 1961 a 1964
11 - Coronel Júlio Ferreira de Araújo, 1964 a 1965
12 - António Nascimento Rodrigues, 1965 a 1966
13 - Tenente-Coronel Soares Carneiro, 1966 a 1968
14 - Coronel Manuel Teodoro dos Ramos, 1968 a 1975
A Autonomia da Nação
Lunda Tchokwe é o imperativo do século XXI e o grande desafio a comunidade
internacional que advoga o “Dialogo” como o meio para a resolução de conflitos
territoriais, evitando-se o derramamento de sangue por meio de violência armada.
A Nação Lunda Tchokwe
quer conviver lado a lado com os seus irmãos Angolanos, rumo ao desenvolvimento
sustentável, mas sempre na diferença e no reconhecimento da dignidade de cada
povo.