segunda-feira, 17 de junho de 2013

PRETOS AO PODER PORQUE…OS NEGROS JÁ LÁ ESTÃO

PRETOS AO PODER PORQUE…OS NEGROS JÁ LÁ ESTÃO


William Tonet – Folha 8, edição 1146 de 15 junho 2013




Hoje, depois de muito se ter fala­do sobre a entrevista concedida, pelo Presi­dente da República à SIC, canal de televisão privada portuguesa, decidi não me ater muito a ela, preferin­do fazer uma incursão so­bre o que considero estar na base de muita da confli­tualidade em alguns países de África e, principalmen­te, em Angola, depois de se ter libertado do jugo colonial português e estar, desde 1975, a ser governa­da por angolanos.


No calor da luta de liberta­ção nacional, estes nacio­nalistas ou pseudo-nacio­nalistas pretos, carentes de legitimidade e solida­riedade para a guerrilha, fez juras de, tão logo, che­gados ao poder, inverter o rumo do racismo, da po­breza e da discriminação, enfrentada pelos diferen­tes povos, que despojados das suas terras, viviam na miséria.

Ledo engano.

Instalados no poder, os novos dirigentes forma­dos e forjados nas aca­demias ocidentais, não conseguiram adaptar es­ses conhecimentos à rea­lidade dos seus povos, tal como fazem, com maes­tria os asiáticos e árabes. Os angolanos, preferiram, dar continuidade de forma mais refinada a uma práti­ca institucionalizada pelo regime salazarista: a assi­milação. Esta consistia em transformar o indígena, que adoptasse uma pos­tura distinta dos da maio­ria, como renegar a sua cultura, língua, costumes, alimentação, religião e tra­dição, em negros, melhor, indígenas psicologicamen­te lavados, que renegavam a luta pela independência e por via disso, poderiam ascender a certos cargos, na função pública colonial.


Muitos destes assimilados infiltraram-se nas fileiras da revolução, com o ob­jectivo claro de subverter os propósitos da constru­ção de um verdadeiro Es­tado de cariz africano, mo­derno e tecnologicamente próximo dos demais Esta­dos do mundo.


E tanto assim é que, hoje, podemos verificar os da­nos que os negros causam aos pretos, que sendo a maioria, estão relegados para a mais ignóbil po­breza, miséria extrema, discriminação, para além de não terem educação e saúde, com o mínimo de qualidade e dignidade, enquanto essa minoria se refastela com os milhões de dólares desviados do erário público, transfor­mando por via disso, a corrupção numa norma institucional, com imuni­dade bastante, para não causar danos aos seus ac­tores, com a apropriação dos sistemas de justiça, policial e militar.


Por esta razão, por mais paradoxal que possa pa­recer, neste momento, a maioria dos pretos angola­nos, está refém de negros assimilados, que despre­zam e têm vergonha de assumir as línguas angola­nas, os costumes e a tradi­ção dos diferentes povos que habitam e convivem de forma harmoniosa o território Ngola (Angola), impondo uma que é estra­nha à maioria.


Só um negro pode aplau­dir que uma Constituição de um país onde existem várias línguas, e na qual estas sejam relegadas para segundo plano, por eleição de uma estrangeira.




Só um negro pode or­gulhar-se de colocar na sua Constituição a mes­ma norma, que é a base da colonização: a terra é propriedade exclusiva do Estado. Uma cópia fiel do que defendia o colonialis­mo, mas que se tolerava por ser estrangeiro, mas diante de tantas anormali­dades, não tenho dúvidas; António Salazar, ao lado do que fazem muitos dos actuais dirigentes negros aos pretos, era um feto.


Só os negros continuam a assumir, ainda hoje, tal como o faziam no tempo colonial, que pirão (fun­ge) só comem uma vez por semana, aos sábados, porque senão dormem e com o maior desplante defendem como seu prato preferido o “cozido à por­tuguesa”, tal é o desenrai­zamento.


Os pretos, feliz e orgulho­samente, comem pirão todos e várias vezes ao dia e não dormem, pelo con­trário, trabalham vigorosa­mente.


Os negros, defendem a continuidade das datas co­loniais nas cidades liberta­das, tal como a manuten­ção do livro dos nomes coloniais nas conservató­rias do Registo Civil, onde impera a resistência aos nomes angolanos e africa­nos, diferente da promo­ção, também, dos nomes cubanos e russos.


Politicamente, a elite ne­gra é propensa à acultu­ração e à promoção de valores estrangeiros, base por onde assenta a estra­tégia da discriminação dos adversários políticos, dos assassinatos selectivos dos membros da oposição, da arrogância extrema, da privatização familiar do Estado, da fraude elei­toral, da má distribuição da riqueza nacional, da corrupção endémica e da implantação de uma de­mocracia de fachada. Os negros, também, no seu complexo, transformam as minorias em cobaias, melhor, segundo as con­veniências do seu poder, vão promovendo a intriga entre mulatos, brancos e pretos, para melhor reinar, quando sabem que estas duas raças unidas (já que os mulatos patrióticos, consideram-se pretos), por Angola, são uma força incontornável.


Basta recordar que no tempo colonial, não havia mulatos, pois a maioria, orgulhosamente consi­deravam-se preto, que o diga o kota Bonga, que “palava” de manhã até a noite se lhe chamassem de laton. Infelizmente, um dos maiores responsá­veis desta divisão de raças entre nós, foi Agostinho Neto, na sua política dra­coniana.


É pois nesta encruzilha­da que se encontra, neste momento, Angola, carente de uma unidade de todos os seus cidadãos: pretos e brancos, unidos e verda­deiramente comprometi­dos com as suas origens, com o fim do racismo, com a democracia e com uma verdadeira paz e po­lítica de reconciliação na­cional.


Por via disso é preciso que nasça um amplo mo­vimento nacional, para a promoção de novas leis, capazes de revogarem aquelas que são a continu­ação da política colonial, como a exclusividade da língua portuguesa, a titula­ridade da terra, as actuais efígies na moeda nacional, os símbolos da República, o hino e a bandeira, princi­palmente.




Os pretos, os mulatos e brancos patrióticos e co­erentes, devem tudo fa­zer para evitar que o país tenha uma transição pacifica e não violenta do poder, que parece ser in­tenção do actual regime, que se sente como peixe na água, com a guerra. Por esta razão, os verdadeiros nacionalistas de todas as raças e povos, maiorias ou minorias, devem redobrar esforços, para que a nova aurora, salve Angola do di­lúvio anunciado.