PRETOS
AO PODER PORQUE…OS NEGROS JÁ LÁ ESTÃO
William Tonet – Folha
8, edição 1146 de 15 junho 2013
Hoje, depois de muito
se ter falado sobre a entrevista concedida, pelo Presidente da República à
SIC, canal de televisão privada portuguesa, decidi não me ater muito a ela,
preferindo fazer uma incursão sobre o que considero estar na base de muita da
conflitualidade em alguns países de África e, principalmente, em Angola,
depois de se ter libertado do jugo colonial português e estar, desde 1975, a
ser governada por angolanos.
No calor da luta de
libertação nacional, estes nacionalistas ou pseudo-nacionalistas pretos,
carentes de legitimidade e solidariedade para a guerrilha, fez juras de, tão
logo, chegados ao poder, inverter o rumo do racismo, da pobreza e da
discriminação, enfrentada pelos diferentes povos, que despojados das suas
terras, viviam na miséria.
Ledo engano.
Instalados no poder,
os novos dirigentes formados e forjados nas academias ocidentais, não
conseguiram adaptar esses conhecimentos à realidade dos seus povos, tal como
fazem, com maestria os asiáticos e árabes. Os angolanos, preferiram, dar
continuidade de forma mais refinada a uma prática institucionalizada pelo
regime salazarista: a assimilação. Esta consistia em transformar o indígena,
que adoptasse uma postura distinta dos da maioria, como renegar a sua cultura,
língua, costumes, alimentação, religião e tradição, em negros, melhor,
indígenas psicologicamente lavados, que renegavam a luta pela independência e
por via disso, poderiam ascender a certos cargos, na função pública colonial.
Muitos destes
assimilados infiltraram-se nas fileiras da revolução, com o objectivo claro de
subverter os propósitos da construção de um verdadeiro Estado de cariz
africano, moderno e tecnologicamente próximo dos demais Estados do mundo.
E tanto assim é que,
hoje, podemos verificar os danos que os negros causam aos pretos, que sendo a
maioria, estão relegados para a mais ignóbil pobreza, miséria extrema,
discriminação, para além de não terem educação e saúde, com o mínimo de
qualidade e dignidade, enquanto essa minoria se refastela com os milhões de
dólares desviados do erário público, transformando por via disso, a corrupção
numa norma institucional, com imunidade bastante, para não causar danos aos
seus actores, com a apropriação dos sistemas de justiça, policial e militar.
Por esta razão, por
mais paradoxal que possa parecer, neste momento, a maioria dos pretos angolanos,
está refém de negros assimilados, que desprezam e têm vergonha de assumir as
línguas angolanas, os costumes e a tradição dos diferentes povos que habitam
e convivem de forma harmoniosa o território Ngola (Angola), impondo uma que é
estranha à maioria.
Só um negro pode
aplaudir que uma Constituição de um país onde existem várias línguas, e na
qual estas sejam relegadas para segundo plano, por eleição de uma estrangeira.
Só um negro pode orgulhar-se
de colocar na sua Constituição a mesma norma, que é a base da colonização: a
terra é propriedade exclusiva do Estado. Uma cópia fiel do que defendia o
colonialismo, mas que se tolerava por ser estrangeiro, mas diante de tantas
anormalidades, não tenho dúvidas; António Salazar, ao lado do que fazem muitos
dos actuais dirigentes negros aos pretos, era um feto.
Só os negros
continuam a assumir, ainda hoje, tal como o faziam no tempo colonial, que pirão
(funge) só comem uma vez por semana, aos sábados, porque senão dormem e com o
maior desplante defendem como seu prato preferido o “cozido à portuguesa”, tal
é o desenraizamento.
Os pretos, feliz e
orgulhosamente, comem pirão todos e várias vezes ao dia e não dormem, pelo contrário,
trabalham vigorosamente.
Os negros, defendem a
continuidade das datas coloniais nas cidades libertadas, tal como a manutenção
do livro dos nomes coloniais nas conservatórias do Registo Civil, onde impera a
resistência aos nomes angolanos e africanos, diferente da promoção, também,
dos nomes cubanos e russos.
Politicamente, a
elite negra é propensa à aculturação e à promoção de valores estrangeiros,
base por onde assenta a estratégia da discriminação dos adversários políticos,
dos assassinatos selectivos dos membros da oposição, da arrogância extrema, da
privatização familiar do Estado, da fraude eleitoral, da má distribuição da
riqueza nacional, da corrupção endémica e da implantação de uma democracia de
fachada. Os negros, também, no seu complexo, transformam as minorias em
cobaias, melhor, segundo as conveniências do seu poder, vão promovendo a
intriga entre mulatos, brancos e pretos, para melhor reinar, quando sabem que
estas duas raças unidas (já que os mulatos patrióticos, consideram-se pretos),
por Angola, são uma força incontornável.
Basta recordar que no
tempo colonial, não havia mulatos, pois a maioria, orgulhosamente consideravam-se
preto, que o diga o kota Bonga, que “palava” de manhã até a noite se lhe
chamassem de laton. Infelizmente, um dos maiores responsáveis desta divisão de
raças entre nós, foi Agostinho Neto, na sua política draconiana.
É pois nesta
encruzilhada que se encontra, neste momento, Angola, carente de uma unidade de
todos os seus cidadãos: pretos e brancos, unidos e verdadeiramente comprometidos
com as suas origens, com o fim do racismo, com a democracia e com uma
verdadeira paz e política de reconciliação nacional.
Por via disso é
preciso que nasça um amplo movimento nacional, para a promoção de novas leis,
capazes de revogarem aquelas que são a continuação da política colonial, como
a exclusividade da língua portuguesa, a titularidade da terra, as actuais
efígies na moeda nacional, os símbolos da República, o hino e a bandeira,
principalmente.
Os pretos, os mulatos
e brancos patrióticos e coerentes, devem tudo fazer para evitar que o país
tenha uma transição pacifica e não violenta do poder, que parece ser
intenção do actual regime, que se sente como peixe na água, com a guerra. Por
esta razão, os verdadeiros nacionalistas de todas as raças e povos, maiorias ou
minorias, devem redobrar esforços, para que a nova aurora, salve Angola do dilúvio
anunciado.