MUHUNGA É ISOLADA DO RESTO DA LUNDA, UM INFERNO
QUE NÃO TEVE FESTAS DE FIM DO ANO 2012
Muhunga é um Bairro
no interior da Lunda-Sul, ao norte da comuna de Mona Quimbundo, a cerca de 35
Km da cidade de Saurimo, nas florestas do rio Luele e seus afluentes, um Bairro
ou aldeia sem saída a estrada principal Luanda-Lundas.
O caminho para se
chegar a aldeia do Muhunga é feita por trilhozinho via bairro Pimbe, através do
rio Luzia, Mualuango e alguns riachos até chegar. A viagem até aldeia de
Bicicleta pode durar 8 horas, de motorizada cerca de 4 horas, a via é péssima.
Aqui vive entre 50 á
60 famílias camponesas, a aldeia não tem escola, não tem posto médico, nem loja
ou cantina para a compra de bens de primeiras necessidades. Os produtos básicos
são adquiridos na cidade de Saurimo. O mais grave, há dois modos de
sobrevivência para essa população: a agricultura de subsistência, a pesca
artesanal e a caça.
O soba Muhunga e a
sua gente existem desde o tempo colonial e na mesma localidade, há 37 anos que estão
condenados a não fazerem festas por ocasião do fim de ano, o governo Angolano,
ignorou essa gente completamente, que vivem sem as mínimas condições humanas.
A Governadora da
Lunda-Sul, Cândida Narciso, nunca
visitou esta aldeia, nunca o fará porque não existe estrada para lá. Não é
prioridade da sua governação.
Visitamos a aldeia na
véspera de natal de 2012 e, encontramos uma cena caricata, como esta que se
segue: “o camponês Tchitelembe Muambumba
vive numa cabana de um só quarto, com a cama ao lado de uma fogueira, por cima
de um secador tradicional de bombo, dorme nesta cama com mais dois filhos; Sapalo
de 5 anos e Tchitungueno de 7 anos e a esposa”,
encontramos o camponês de calças rasgadas e uma camisa que era branca que se
tornou castanha escura de sujidade, a mulher nas mesmas condições e os filhos pior
ainda.
O Soba Muhunga nos
confessou que as mulheres da sua aldeia, por falta de condições económicas,
para lavar a roupa usam folhas de árvores como sabão em pleno século XXI. Porque
tanto alarido de um desenvolvimento que não chega a todos.
Nestas condições
estão as mais de 50 famílias da aldeia, total exclusão social e o agravamento
da pobreza, uma humilhação que abrange mais de 95%
da população das Lundas.
Durante a nossa
estadia de quase 10 horas na aldeia, podemos observar um grupo de cerca de 20
crianças entre 5 á 12 anos de idade, descalços, nuns e assustados sobre a nossa
presença. Não vimos nenhuma destas criaturas com bonecas ou outro tipo de
brinquedos, como outras crianças do resto de Angola nesta quadra festiva.
Um dos objectivos do milénio
defendidos por regime Angolano é o direito das crianças, a estas lhes foi tirada
e violada pelo próprio regime. Os dirigentes do regime não têm ideia da
situação de penúria, da miséria e
nudez que graça nas populações do interior da LUNDA.
Esta população
isolada do resto da Lunda e do mundo, não teve sorte da maioria da população
Angolana que festejou com pombas e circunstancias o natal e o fim de ano de
2012, não existirá esperanças, as de que o Sapalo e Tchitungueno
algum dia venham festejar estas dadas.
Por Samajone na LUNDA