ANÁLISE DA MÉDIA ANGOLANA SOBRE A QUESTÃO LUNDA
TCHOKWE
Quando
ao que toca a região da Lunda, por altura da “Dipanda” o legado do colono resumiu-se e passar aos
Angolanos um território delineado na conferência de Berlim 1884-1885 e o que
ali mais se via era um vazio de senso comum, ou seja, uma troca de impressões
em que o fundamento era o equívoco por uma imensa quantidade de silêncios, que,
em vês de serem indícios de consentimentos, eram sinais de desacordo camuflado.
Havia
de um lado o colono dominador e do outro o submisso colonizado, mas só
aparentemente submisso, pois o que valeu aos Portugueses foi terem-se ido
embora e deixar a batata a ferver, as LUNDAS, nas mãos dos autoritários dirigentes angolanos
que tomaram o poder em 1975, quer dizer, o MPLA.
Os
LUNDAS sempre souberam
manter-se calmos e aparentemente conciliantes, mas que neles medrou sempre foi
um espirito de LIBERDADE. O mesmo que agita os Binda. E quando Agostinho
Neto lançou para o ar a sua célebre tirada «Angola, um só povo
uma só Nação», o que ele disse não
passou de um magnífico exemplo de como se pode atirar tanta areia para os olhos
do povo de modo a cegá-lo. É que essa sua predição vingou, o sentimento de unidade
do povo angolano sempre prevaleceu em comparação com todas as outras tendências
federativas ou de autonomias mais ou menos esboçados, sobretudo em Cabinda, e
nas Lundas, mas também no sul, entre os kwanhama isto sem esquecer o terrível
sentimento de nostalgia que os Kongo alimentam pela antiga áurea do reino do
Kongo.
Porem
temos que ir mais longe na análise para perceber o que realmente se passou
durante estes quase quarenta anos de independência. O que vímos foi um certo número
de populações mais coesas do que as outras ascenderem mais rapidamente a níveis
de reivindicações superiores às das outras etnias. Essencialmente esse é o caso
dos Binda e dos LUNDA e a sua luta não tem fim porque não pode ter fim
enquanto eles forem vivos. Seria preciso matar o último dos seus filhos para
ter a vaga impressão de que as pretensões de acesso a autonomia por parte
desses povos desapareceram completamente do mapa. Isso jamais acontecerá, o que
quer dizer que o futuro de Angola é sombrio caso se mantenham no poder homens
que não tem cultura democrática nem tão pouco aptidões para o DIÁLOGO.
Hoje
passados mais de trinta e seis anos desde o dia da “Dipanda”, estão-se a notar
as primeiras lufadas de ar de liberdade, agindo primeiro pelos Binda, depois os
LUNDA, seguirão talvez os Kwanhama.
A
política do governo é muito simples; que se esmaguem todas essas ridículas
pretensões, não há diálogo, não há abertura de espirito e tudo se resume a um
dictat, sem a mais pequena possibilidade de discussão.
A
continuar a agir desse modo caminhamos a passos seguros para uma situação de
crise profunda, provavelmente pontual por alguns actos de violência, se não for
mesmo um conjunto de acções concertadas que poderão causar um levantamento de
massas com adesão possível de uma parte das forças armadas.
Estamos
em crer que não é isso que os Angolanos querem e se o governo tiver um mínimo de
capacidade de discernimento, ainda talvez estejamos a tempo de corrigir o tiro
a abrir um largo debate sobre não só o problema de Cabinda, mas também sobre o
da LUNDA.
In
folha8