sábado, 12 de fevereiro de 2011

POVOS DESCALSOS MARCHAM SOBRE DIAMANTES NAS LUNDAS E MOXICO


Onde são aplicadas as receitas provenientes dos diamantes destinadas às províncias produtoras? “Nas gravatas” – é a resposta das populações das Lundas e Moxico, colhida pelo repórter da Ecclesia.

Indignações, a poucos quilómetros do quarto maior quimberlito do mundo, ou seja, na cidade de Saurimo, a capital da província da Lunda-Sul.

As três províncias são as menos desenvolvidas, contra toda generosidade da natureza.

O desenvolvimento da própria indústria diamantífera deixou sequelas: pessoas amputadas, hipertensos e outros pacientes crónicos que não conhecem um serviço de saúde digno.

Falta água potável, luz, estradas e habitações prometidas e nunca construídas.

A região apresenta um retrato do verdadeiro subdesenvolvimento, com os sistemas de ensino e saúde a degradarem-se cada vez mais.

Os problemas trazidos do tempo de guerra não apresentam alguma melhoria e em alguns casos agravaram-se.

“Eles mostram as gravatas e dizem que a sociedade está a desenvolver” – comenta o convidado do repórter.

Reconhece, no entanto, que se tenta melhorar alguma coisa mas, “nem sequer podemos dizer que há uma luz do fundo do túnel”.

A lei dos diamantes aprovada em 1996 atribui dez por cento das receitas provenientes da exploração às províncias do leste de Angola.
Segundo a mesma lei, as províncias das Lundas Sul e Norte beneficiariam de 3 por cento cada, e o Moxico com 4 por cento.

A verdade é que nem as autoridades locais e centrais se pronunciam sobre o impacto desta lei.
E para o povo que nada sabe e marcha descalso sobre diamantes, pior ainda... Talvez diamantes por um canudo, a partir do miradouro.