quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
COMO A IRMÃ VERÓNICA TYIMUMA PRODUZIU A GRAMÁTICA NGANGUELA
Autora de uma gramática nganguela, uma das línguas autóctones angolanas, a Irmã Verónica Tyimuma explicou a sua motivação e os caminhos trilhados até à publicação da obra.
Natural do municpio do Kuvango, Diocese de Menongue, a Irmã Verónica chegou a Superiora Provincial das Irmãs de São José de Cluny e, neste momento, exerce as funções de Conselheira da superiora Geral para a África Francófona.
«É uma curiosidade muito antiga. Comecei quando estava a estudar na escola do magistério. Tinha 17 anos e um dia estava a preparar a aula para dar o pretérito imperfeito», contou a religiosa aos microfones da ‘Rádio Ecclesia’.
Nesta altura, acrescentou, começou a reparar que «o pretérito imperfeito em português não traduz tudo o que é imperfeito na terra, porque em nganguela todos os tempos têm três momentos.»
Primo, padre Manuel
Falou nisso ao seu pai, que era também professor, o qual lhe aconselhou estudar primeiro bem o português e poder fazer um trabalho deste, depois.
«Entretanto, fui escrevendo os verbos, mas, foi sobretudo, na altura da ordenação do meu primo, padre Manuel, que fiz um cântico e no momento que fiz o verso, que traduzia mais ou menos isto, “direi aos doentes que Deus é amor”», lembrou.
Só que, prosseguiu a irmã, «na palavra “doentes” errei no plural e senti-me humilhada, quando os meus tios começaram a rir da palavra mal traduzida.»
Foi a partir daí, então, que passou a estudar um bocadinho mais detidamente em pormenor a sua língua materna.
Fonte: O Apostolado