NOVAS MEDIDAS DE INTIMIDAÇÃO POLITICA DO REGIME DO PRESIDENTE JOSE EDUARDO DOS SANTOS EM CABINDA
O
padre Casimiro Congo, uma figura emblemática de Cabinda e opositor ao regime de
Luanda, diz que forças de segurança cercaram a sua casa. UNITA está preocupada
com crescimento de actos de intolerância política no Huambo.
Em
Cabinda, o padre Casimiro Congo, afastado em 2011 do exercício clerical da
Igreja Católica, queixa-se de estar a ser perseguido pelos serviços secretos e
pelo comando provincial da Polícia Nacional.
À
DW África, Casimiro Congo denunciou que, este domingo (10.08), por volta das
quatro horas da manhã, a sua casa esteve cercada por cerca de 45 militares
fortemente armados, sob a direcção do comandante da polícia local, Cristo
Liberal, e do responsável local dos serviços secretos. As forças de segurança
terão intimidado as pessoas que entravam e saíam da sua residência.
Um
grupo de oração tem-se reunido todas as manhãs em casa do padre Congo, depois
das autoridades terem fechado no mês passado uma Igreja ligada a si, denominada
"Igreja Católica das Américas".
"Aqui
em Cabinda, o que não está sob a cobertura do Governo, habitualmente, não
consegue subsistir. Há pessoas que, cá em Cabinda, constituem um problema para
o Governo. Eu sou uma delas", afirma o padre Casimiro Congo. "Não sei
por que razão o regime angolano não compreende que não é hostilizando as
pessoas que se resolve o problema de Cabinda."
"Não sou delinquente"
Casimiro
Congo anunciou que vai intentar uma acção judicial contra os responsáveis da
polícia e dos serviços de inteligência: "Eles não me podem tratar como um
delinquente, porque eu não sou delinquente", diz.
Todos
os esforços efectuados para ouvir o comando provincial de Cabinda da Polícia
Nacional não foram bem sucedidos.
UNITA também denuncia intimidação política
Este caso surge depois de deputados da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) visitarem a província central do Huambo para averiguar o "crescimento dos actos de intimidação e intolerância política" naquela região.
Na
ocasião, Raúl Danda, chefe da bancada parlamentar do maior partido da oposição,
falou também da situação em Cabinda. Danda denunciou a existência de
perseguição política e a violação dos direitos humanos na província, afirmando
mesmo que há, neste momento, uma forte presença militar nas áreas do Lika,
Luango e noutras zonas centrais do enclave, que já terá levado à detenção
ilegal de vários Cabindas.
"Porque
terá havido algumas acções – não se sabe se foram da autoria da Frente de
Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) ou se foram simuladas. Mas estão a
prender pessoas lá. Há pessoas que morrem em Cabinda. É preciso acabar com
isto", afirmou Raúl Danda.