quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, envia carta a 10.ª Comissão da Assembleia Nacional a Sugerir a Criação de uma COMISSÃO Multisectorial para Inquérito e Investigação de assassinatos impunes ocorridos nos últimos 5 anos na região do Cuango, Lunda – Norte



Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, envia carta a 10.ª Comissão da Assembleia Nacional a Sugerir a Criação de uma COMISSÃO Multisectorial para Inquérito e Investigação de assassinatos impunes ocorridos nos últimos 5 anos na região do Cuango, Lunda – Norte.


Assembleia Nacional da Republica de Angola

Att.: 10ª Comissão dos Direitos Humanos, Petições e Reclamação dos Cidadãos

Sra Deputada Genoveva da Conceição Lino

PRESIDENTE

 
   
ASSUNTO:

ASSASSINATOS DE CIDADAOS INDEFESOS NO TERRITORIO LUNDA TCHOKWE POR AGENTES DO ESTADO OU POR MELIANTES AO LONGO DOS ULTIMOS 5 ANOS, O SILÊNCIO SEPULCRAL DOS SENHORES DEPUTADOS EM PARTICULAR A 10ª COMISSÃO DA ASSEMBLEIA NACIONAL

Genoveva da Conceição Lino - Presidente da 10ª C AN


Excelentíssima Senhora Presidenta!

 Saúdo-a na minha qualidade de Presidente do Movimento do Protectorado, pelas várias iniciativas, relativamente a situação reinante em Angola e em particular a questão da Nação Lunda Tchokwe, Protectorado Português 1885 – 2014.

 

O povo Lunda Tchokwe e o seu Estado supra identificado, ora representado pelo Movimento e defendido publicamente, desde 2007 e datas anteriores, apresenta os seus cordiais cumprimentos de alta consideração da vossa digníssima missão abnegada, em prol da defesa universal da legalidade, condição “Sine Qua Non”, que respeita os direitos fundamentais dos cidadão e dos povos.

 

Genocídio silencioso de substituição no território Lunda Tchokwe!

 

Não me abstenho de explicar-lhe o que se passa na Lunda Tchokwe é um genocídio de substituição sob o olhar silencioso dos senhores deputados, cujo estes foram vossos eleitores e, vossas excelências juraram defender-lhes na Assembleia Nacional, pela dimensão ultrajante do tratamento desumano, das mortes selectivas, dos assassinatos de pessoas indefesos ao longo de mais de 5 anos, tudo em nome dos diamantes, da humilhação, violência dos direitos humanos e pobreza extrema a que estão sujeitos  os cidadãos Lunda Tchokwe, nossos compatriótas.

 

Tenho clara noção das múltiplas responsabilidades que pesam sobre os Vossos ombros, no dia-a-dia da administração dos contenciosos e dossiers provenientes de toda a parte de Angola sobre reclamações e petições, incluindo também os da Nação Lunda Tchokwe, tenho ao mesmo tempo a plena consciência, de que, como humanos que todos somos é, provável não terem conhecimento do que acontece naquele território em matérias de violação dos direitos humanos.

 

O território da Nação Lunda Tchokwe, Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul e Norte, elegeu nos seus 4 círculos eleitorais 20 deputados a Assembleia Nacional, para além daqueles que foram eleitos por círculo nacional nos seus respectivos Partidos; MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA.
 

Por outro lado, custa-nos acreditar que vossa excelência não tenha conhecimento do que se passa no território da Lunda Tchokwe em matéria de assassinatos gratuitas sob protecção do poder que credenciou empresas de segurança privada para projectos mineiros, pertencentes as mesmas pessoas da elite governante em Angola, usurpadores do Protectorado Internacional Lunda Tchokwe, por ser o tema actual, nos meios de comunicação sociais angolanos, tanto da imprensa escrita, rádio, TV e na imprensa internacional.

 

Para além, dos últimos assassinatos da semana passada na região do Cuango, Xá-Muteba e do Cafunfo, que seguramente autoridade nenhuma irá tentar incriminar os responsáveis deste acto hediondo de uma Angola com cerca de 39 anos de Independência e 12 anos de Paz sobre a guerra civil da UNITA com o governo do MPLA.

 

Quando o desejo de alcançar indevidamente algo alheia sobrepor-se a força da razão real, o desejoso injusto opta por duas vias erradas; tenta escamotear a verdade ou quando se sentir derrotado opta pela violência, é o que assistimos todos os dias na Lunda Tchokwe.
 

Quando será criado uma Comissão Intersectorial de inquérito e investigação de todos os crimes mortíferos dos últimos 5 anos no território Lunda Tchokwe?
 

Porque a Juventude Lunda Tchokwe afluem ao garimpo de diamante?
 

No território da Nação Lunda Tchokwe o analfabetismo é no geral de 90%, as mulheres ocupam 75% desse número, com subnutrição crónica de 65% e uma taxa de mortalidade infantil de aproximadamente 600 por mil/nascidos. O desemprego é praticamente de 90 % entre a população em idade activa, 18 aos 65 anos, por falta de infra-estruturas fabris ou reconstrução em alta escala para a promoção do desenvolvimento e oferta maciça de empregos.
 

Os sistemas de saúde e ensino são precários, os mais pobres do mundo, por esta razão mais de 85% de crianças estão fora do ensino. Apenas um médico para 300 pessoas, a falta de professores e escolas é outro calcanhar de “Aquiles” que enferma a Nação Lunda Tchokwe no geral, um professor para uma sala abarrotada com mais de 200 crianças, ultrapassando o estipulado na reforma educativa angolanos, provas podemos apresenta-los.

 

Por falta de emprego a juventude masculina dedica-se ao garimpo de diamantes, que o Governo Angolano autorizou com licenças da prática do mesmo via artesanal e a autorização de Comptuarios pertencentes a Generais e Dirigentes do MPLA que compra esses diamantes, chamado de remanescente.

 

Haverá alguma outra razão de o Governo permitir que a Policia Nacional Angolana assassine cidadãos indefesos, porque estão a garimpar?


Como solucionar este problema sem derramamento de sangue dos filhos Lunda Tchokwe?

 

Por muito mais que doa, a ajuda que Angola presta a Nação Lunda Tchokwe com as obras paliativas em curso é a mera retribuição a ajuda que o nosso povo prestou ao Povo Irmão de Angola por intermédio do MPLA, UNITA e FNLA que facilitou a sua independência e a extinção da guerra civil angolana.
 

Lunda Tchokwe, Autonomia ou Secessão
 

Apesar do Movimento do Protectorado defender oficialmente autonomia da Nação Lunda Tchokwe, a questão em si mexe com interesses estratégicos, complexos e constitui uma facada nos compromissos de Angola assumidos no quadro da SADC onde é membro de pleno direito, mexe com o princípio fundamentado na criação da OUA em 1963, hoje União Africana, sobre a intangibilidade das fronteiras herdadas da colonização Europeia, mexe também com interesses internacionais e geopolíticas do ocidente, da China, Rússia e Europa, que temem pelas mudanças políticas e económicas desta região, que poderiam afectarem a presença destes colossos mundiais, que não é o caso da Nação Lunda Tchokwe.

 Secessão, palavra usada para identificar uma separação ou afastamento de algo que era unido, pode referir-se a várias coisas: Guerra Civil Americana, Secessão Vienense, movimento artístico, Secessão urbana e o separatismo no sentido lado da palavra, que também não é o caso da Nação Lunda Tchokwe.

 O Direito da Nação Lunda Tchokwe, não deve ser confundida com secessão, pois nós já somos independentes, simplesmente estamos a procura do “DIALOGO” para a nossa União com a Republica de Angola por via de uma “AUTONOMIA”, que é uma das grandes soluções para a eliminação das assimetrias e a criação de emprego e do aceleramento do desenvolvimento de ANGOLA, mantendo-se sempre a integridade territorial, exemplos da Ilha da Madeira e Açores em Portugal e em vários outros países do mundo.

Por isso, é que a nossa reivindicação é feita publicamente nas cidades e por meio de escrita sem compromissos obscuros e pacificamente.

Finalmente, informo a Vossa Excelência, que tencionamos voltar a escrever a 10ª Comissão da Assembleia Nacional, pelas posições que tem se ocupado nas suas funções de defesa dos direitos humanos para influência a criação de uma comissão de inquérito e investigação das mortes e assassinatos na Lunda Tchokwe.

 Almejando votos de iluminação divina, pelo qual o nosso povo pede a DEUS que, vos seja prolongada a vida, alta estima e consideração.

 

Luanda, 5 de Agosto de 2014.

  

Respeitosamente

José Mateus Zecamutchima

 

Anexo/Cópias:

- Grupos parlamentares: MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA;

- Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos;

-Ministro da Administração do Território;

- Provedor de Justiça;

- CEAST;

- Núncio Apostólico em Angola;

- Alto Comissariado da ONU para os direito Humanos;

- Embaixadas: USA, Portugal, Bélgica, França, UK e Alemanha.