Luanda –
Os actos da bruxaria são muito frequentes nas comunidades africanas. A
bruxaria, em si, é uma arte bastante sofisticada e complexa, uma espécie de
magia, que envolve práticas e rituais de carácter extraordinário, cujas leis
que regem este fenómeno são obscuras e inexplicáveis, assente no poder
sobrenatural que se traduz na feitiçaria, hipnotismo, sonambulismo, encanto,
sedução, aversão e fantasma.
Fonte: Club-k.net
O poder mágico da bruxaria permite ocultar a imagem do bruxo ou da bruxa
enquanto estiver a bruxar, projetando um rosto de outra pessoa inocente. Esta
técnica de dissimulação de “personalidade jurídica” tem como objetivo principal
confundir a pessoa bruxada, provocar o clima de inimizade entre as duas pessoas
e encobrir o actor do crime.
Este acto ilícito, de burla e de calúnia, que caracteriza a bruxaria, viola o
“principio de identidade”, segundo o qual: O que é é; o que não é não é. Isto
é, A é A e B é B. Noutras palavras, todo o Objeto é igual a si próprio.
As coisas que acontecem na nossa sociedade angolana assemelham-se à bruxaria,
procurando dissimular os Actos de corrupção a olho nu da opinião pública
nacional e internacional.
Há muitos anos, em busca da paz, debateu-se com a questão da honestidade e da integridade dos líderes angolanos. Todo o esforço de Guerra-civil e as manobras estratégicas andavam em volta da legitimidade politica, da representatividade e da probidade – isto é, da Razão.
A Razão não se inventa, ela existe, persiste, subsiste e é inalterável. Pois,
ela funda-se em elementos concretos, materiais e tangíveis. Não é abstrata nem
é subjetiva.
Por isso, a Razão, em determinadas circunstancias, pode ser alvo de adulteração
ou de desinformação. Mas, este estado de coisas é transitório na medida em que
o processo da maturação dos factos pode demorar, mas chegará a fase crítica de
ruptura em que a Verdade estabelece a sua plena supremacia incontestável sobre
a Mentira.
A nossa Memória colectiva é bem fresca da campanha de intoxicação sistemática que se verificou dentro e fora do país sobre o dito, “diamantes de sangue” atribuído ao Presidente Fundador da UNITA. Esta campanha de desinformação, protagonizado pelo líder do MPLA, tinha como objetivo estratégico conspirar a morte do Dr. Jonas Malheiro Savimbi junto das Potencias Ocidentais.
Este último era acusado, de modo insistente e violento, de se enriquecer ilicitamente com as receitas provenientes da exploração dos diamantes das áreas sob a jurisdição da UNITA, que representavam mais de 70% do território nacional.
Neste respeito, as Nações Unidas tivera aplicado as Sanções punitivas contra a UNITA, que tinham o propósito preciso de «encontrar e confiscar», a nível mundial, o património deste Partido, em termos de imoveis e recursos financeiros.
Este Relatório, tanto esperado, nunca foi divulgado até esta data. Porém,
sabe-se bem que, nesta operação, de grande envergadura, à caça do património da
UNITA, tivera sido descoberto, pelo Comité de Sanções, as contas chorudas e os
imoveis luxuosos dos dirigentes do MPLA, espalhados pelo Ocidente.
O MPLA não contava, de antemão, com o alcance desta operação que deu autoridade
absoluta às Nações Unidades de inquirir tudo que estava relacionado com Angola,
de quem quer que seja – público ou privado. Foi efectivamente nesta altura em
que a Soberania do País foi entregue, de mão beijada, às Nações Unidas.
Felizmente, como a Razão é um fenómeno material e insuperável, os factos emergiram abertamente, demonstrando nitidamente quem afinal de contas tivera sido cúmplice do enriquecimento ilícito através da Guerra-civil, da corrupção e de gatunice.
Recentemente, a Revista Norte Americana, FORBES, divulgou dados detalhados sobre os Ricaços Angolanos, os multibilionários, que através da Guerra-civil, por via do petróleo, utilizando os mecanismos ilícitos se transformaram em capitalistas mais ricos do Continente Africano.
A filha do Presidente Eng.º José Eduardo dos Santos, a Imperatriz Isabel dos Santos, se afirma como sendo a mulher mais poderosa e mais rica da Africa, com uma fortuna fabulosa, cifrada em múltiplos bilhões de dólares norte americanos.
De entre os multibilionários angolanos, divulgados por esta Revista, o Presidente de Angola, Eng.º José Eduardo dos Santos, de origem pobre, do musseque de Luanda, encabeça a lista das personalidades mais ricas do Continente, fazendo parte dos maiores Magnatas do Mundo, cuja fortuna é incalculável, representando mais de metade do património nacional.
Esta revelação, feita por uma Revista prestigiosa da maior Potência mundial, os EUA, que controla todas as Instituições Financeiras do Mundo, despensa qualquer dúvida sobre a sua veracidade e credibilidade.
Além disso, a indústria petrolífera angolana é dominada pelas Multinacionais Ocidentais, através dos quais se efetuam todo o circuito de transações comerciais, investimentos e a circulação dos recursos financeiros.
Para fazer fé da veracidade destes dados, que são do conhecimento geral de todos angolanos, o Jornal de Angola (Ano 36, Nº. 12826 de 25.01.2013) retomou, em destaque, na primeira página, o resumo da Revista FORBES sobre a fortuna da Imperatriz Isabel dos Santos.
A questão fundamental não consiste na divulgação desta informação, que não é uma novidade nenhuma, mas sim, do alcance do enriquecimento ilícito, da profundidade da corrupção, da impunidade, da insensibilidade do regime, do conluio da comunidade internacional, e da falta de mecanismos eficazes para combater este fenómeno corrosivo.
De modo genérico, a problemática reside no facto de que, o sistema já estabeleceu uma «casta», uma classe dominante, que se transformou numa Oligarquia, que possui todos os poderes politico, económico, financeiro, judiciário, defesa e segurança, média, função pública e o sector privado.
Todos os poderes acima referidos, estão centralizados e concentrados numa só pessoa, no Senhor José Eduardo dos Santos, rodeado por um núcleo de famílias e Barões poderosos, que exercem uma espécie de Monopólio sobre as Instituições Financeiras e os Sectores vitais da Economia do País, com o maior destaque, ao Petróleo e Diamantes.
Um dos factores mais relevantes, na avaliação deste fenómeno, é o entrosamento entre as Potências Mundiais e a Oligarquia Angolana, no domínio de investimentos e capitais financeiros, veiculados pelas Companhias Multinacionais.
Este círculo do relacionamento estratégico, além dos Estados Unidos da América e da União Europeia, incluem os BRICS – Brasil, Rússia, India, China e Africa do Sul, os quais concorrem para o mercado petrolífero angolano.
A dependência excessiva das economias dos Países Industrializados sobre o Petróleo faz com que este produto energético tornasse o factor-dominante da Política Externa das Potências Industrializadas, que orienta e conduz as Estratégias das suas Acçoes diplomáticas.
Isso, de certo modo, cria uma vulnerabilidade enorme nas Potências Mundiais,
sobretudo das Democracias Ocidentais, em lidar com este fenómeno da corrupção,
do abuso do poder e de desvios de fundos públicos em Africa, sobretudo dos
Países produtores do petróleo.
Acima disso, Os factores internos (partido-estado, pobreza, iliteracia, atraso,
dependência, falta de liberdades e ineficácia da lei) constituem uma barreira
intransponível no processo da responsabilização e prestação de contas.
O «equilíbrio político» a nível do Parlamento, tivesse sido a forma mais eficaz e efectiva de estabelecer um quadro jurídico adequado, capaz de fazer valer as leis à toda gente, sem discriminação alguma. Isso passaria necessariamente por um processo eleitoral transparente, justo, representativo e participativo que correspondesse a vontade expressa dos eleitores.
Infelizmente, não é isso que acontece aqui onde o Conselho Nacional Eleitoral,
o Tribunal Constitucional e outros Órgãos Competentes fazem parte integral do
sistema do partido-estado, e estão sob a jurisdição directa da Casa Militar que
decide, orienta, conduz e controla todo o processo eleitoral.
Os lugares no Parlamento não resultam da vontade expressa dos eleitores, mas sim, do Presidente do MPLA, Eng.º José Eduardo dos Santos, que determina previamente, de modo arbitrário, a distribuição dos mandatos, de acordo com o seu capricho de se eternizar no poder.
Em função de interesses económicos, acima referidos, a comunidade
internacional, embora ciente dessas irregularidades, que não abonam a
democracia, é obrigada a fechar os olhos, comprometendo-se e legitimando os
resultados eleitorais fictícios.
Visto esta situação, nesta perspectiva, Angola se encontra mergulhada num imbróglio em que, apesar dos factos evidentes da corrupção e de enriquecimento ilícito da classe dominante, sobretudo do Presidente e sua família, não se vislumbra a tomada de consciência da sociedade angolana no sentido de por cobro a esta situação vergonhosa e repugnante.
Para cúmulo de tudo isso é a ganância e a insensibilidade que envolve a classe dominante, a qual não tem o sentimento profundo de solidariedade com a desgraça das comunidades locais.
Pois, esta classe confunde os direitos da cidadania, a responsabilidade do Estado perante os seus cidadãos, com a caridade das organizações filantrópicas. Nesta lógica, obriga a população local, diante de si, dançar, aplaudir, louvar e agradecer pela migalharia posta à disposição, de carácter propagandístico.
Enquanto, na verdade, esta classe de ricaços está mais inclinada aos interesses alheios, em detrimento dos seus cocidadãos que jazem na miséria. Se não, vejamos! A Imperatriz Isabel dos Santos se preocupa mais com a crise económico-financeira em Portugal. A maior parte do seu capital financeiro e investimentos estão sedeados em Lisboa, Amesterdão e Londres.
Ela é uma mulher muito viajada, que passa mais tempo no luxo e no conforto das Metrópoles Ocidentais. A Isabel é notória de anglofilia (adoração de tudo que é da Inglaterra), extravagante, astuta e esbanjadora. Recentemente gastou, em despesas pessoais, mais de 100 milhões de dólares norte-americanos, em curto espaço de tempo.
Na verdade, na base da técnica da bruxaria, da dissimulação da imagem, a Dona Isabel dos Santos desempenha efectivamente este papel de encobrir a fortuna do seu pai, sendo ela a detentora principal da maior parte deste capital financeiro, depositado em paraísos fiscais.
Todavia, se ela fosse patriota e autóctone, como primogénita do Presidente Angolano, delfim da Dinastia, devia investir este dinheiro, desviado do Cofre do Estado, nas Comunidades Rurais e nos Bairros dos Centros Urbanos, que carecem de alimentação, água, luz, habitação, saneamento básico, serviços de saúde, ensino e educação.
Sendo uma Mulher destacada e privilegiada, com acesso livre ao Poder e ao Cofre
do Estado, onde ela tem a liberdade plena e ilimitada de obter qualquer soma
que quiser, teria engajado os seus investimentos nos «Projetos Sociais» que
libertassem o género da iliteracia, da fome e da pobreza, e que promovessem, na
íntegra, a mulher, a família, a infância, a maternidade, a paternidade
responsável, os grupos vulneráveis e as minorias desfavorecidas. Em vez de
estar a andar por ai, nos países alheios, investindo em projetos de luxos e de
lucros exorbitantes, que pouco beneficiam o Povo Angolano.
Com efeito, a «inclinação excessiva à xenofilia», por parte dos dirigentes do MPLA, faz-me acreditar do facto de que, neste regime, a “Angolanidade” é uma coisa oca, que não representa nada na prática. Só se usa apenas para distrair os Angolanos, menos atentos.
Parafraseando, a situação que se verifica actualmente em Angola é altamente melindrosa e instável. Porém, tudo dependerá das transformações internas na conjugação de forças para que se alcance um certo grau de equilíbrio politico. Na vida, não existe situações estáticas inalteráveis, cujo desequilíbrio se mantenha estagnante, em repouso eterno.
Tivemos casos semelhantes deste género em que o Presidente Mobutu Sessesseko, do Zaire, e o Presidente Kenneth Kaunda, da Zâmbia, tiveram sistemas políticos idênticos do MPLA, com uma centralização e concentração do Poder absoluto. Contudo, os factores internos se encarregaram desta situação antidemocrática e hoje os Partidos dos Líderes acima referidos, MPR e UNIP, extinguiram-se bruscamente.
Acima disso, os factores da Globalização, que pugnam pelos valores democráticos da liberdade e de boa governação, não deixarão nenhuma pedra permanecer em cima de outrem, em todos Estados-Membros da Comunidade Internacional.
Em jeito de refrescar a memória, ao longo da nossa Historia pós-independência, pregou-se sistemática e massivamente o Marxismo-leninismo, o Socialismo, a Sociedade sem Classes Sociais e o Poder Popular.
Olhando, porém, à realidade actual do nosso País – do capitalismo desenfreado, do nepotismo, da pobreza extrema, da injustiça social e de ganância. Nestas circunstâncias, onde estará a credibilidade, a honestidade, a probidade, a legitimidade, a moralidade e a ética politica desses governantes, tao corruptos?
Neste contexto, será que a luta de classes, que tanto se defendeu, entre o
patrício e a plebe, deixa de ter sentido?
Logo, esta maneira de ser, de má governação e do abuso do poder, não terá sido a origem principal da pobreza, da fome e dos conflitos actuais que se verificam em todas regiões do Continente Africano?
Acho que sim! O que fazer?
http://baolinangua.blogspot.com