terça-feira, 3 de julho de 2012

A ACTUALIDADE DA FEITIÇARIA NA LUNDA




Metamorfoseou-se e agora já não poupa os jovens e os intelectuais. É nova fisionomia da feitiçaria no Leste de Angola (no território da Lunda Tchokwe), segundo o Arcebispo de Saurimo, Dom …. Imbamba.

O prelado denunciou esta mutação antropológica, numa entrevista concedida ontem ao programa religioso da Rádio Ecclesia.

Intelectuais

Há intelectuais que acreditam que o poder que detêm vem do feitiço e dos banhos recebidos”, referiu o homem de Deus.

Antigamente, acrescentou, o feitiço era uma riqueza numa comunidade, porque o poder se revia nele quer de uma forma de defesa, proteção (segurança) quer de uma forma ofensiva para que os outros respeitem a comunidade.

Hoje, esta mentalidade feiticista já está esvaziada de valores. O feitiço em si tornou-se mais pernicioso porque já entram inveja, vingança e morte, suscitar o medo para que o outro não cresça, não manifeste a real riqueza que ele tem e, consequentemente, para que não se desenvolva. O feitiço hoje é um mal motivado pela cobiça”.

No seu ponto de vista, “os chamados adivinhos são os piores criminosos das comunidades atingidas pelo “cancro da feitiçaria”.

Adivinhos

“Os adivinhos são eles que dizem descobrir os feiticeiros e o fenómeno nas Lundas torna-se mais perigoso agora, porque este era um trabalho de respeito reservado aos mais velhos.  Hoje, estão aparecer jovens a invadirem a função de adivinho, com finalidades comerciais, cobrando valores pesados. Este agir está a criar, localmente, muita desordem”, completou o prelado.

Em guisa de ilustração, ele contou uma cena vivida por si numa aldeia sertaneja durante uma visita pastoral. Encontrou-a deserta e ao longo da estrada estava uma caravana da comunidade que se dirigia a uma outra aldeia, onde se encontrava um adivinho e que todos deveriam lá estar.

O curioso, prosseguiu Dom Imbamba, deparou-se com uma velhota que mal podia caminhar e interpelou-a, a resposta foi: “Meu filho, se eu ficar na aldeia em minha casa, no regresso da caravana, eu serei a acusada”. 

Como se não bastasse, a velha tinha em frente uma neta de 14 anos, colocada em posição dianteira de km por ter ser alegadamente adivinha.