Metamorfoseou-se
e agora já não poupa os jovens e os intelectuais. É nova fisionomia da
feitiçaria no Leste de Angola (no
território da Lunda
Tchokwe), segundo o Arcebispo de Saurimo, Dom …. Imbamba.
O
prelado denunciou esta mutação antropológica, numa entrevista concedida ontem
ao programa religioso da Rádio Ecclesia.
Intelectuais
“Há intelectuais que acreditam que o poder que
detêm vem do feitiço e dos banhos recebidos”,
referiu o homem de Deus.
Antigamente,
acrescentou, o feitiço era uma riqueza numa comunidade, porque o poder se revia
nele quer de uma forma de defesa, proteção (segurança) quer de uma forma
ofensiva para que os outros respeitem a comunidade.
“Hoje, esta mentalidade feiticista já está
esvaziada de valores. O feitiço em si tornou-se mais pernicioso porque já
entram inveja, vingança e morte, suscitar o medo para que o outro não cresça,
não manifeste a real riqueza que ele tem e, consequentemente, para que não se
desenvolva. O feitiço hoje é um mal motivado pela cobiça”.
No
seu ponto de vista, “os chamados
adivinhos são os piores criminosos das comunidades atingidas pelo “cancro da
feitiçaria”.
Adivinhos
“Os
adivinhos são eles que dizem descobrir os feiticeiros e o fenómeno nas Lundas
torna-se mais perigoso agora, porque este era um trabalho de respeito reservado
aos mais velhos. Hoje, estão aparecer jovens a invadirem a função de
adivinho, com finalidades comerciais, cobrando valores pesados. Este agir está
a criar, localmente, muita desordem”, completou o prelado.
Em
guisa de ilustração, ele contou uma cena vivida por si numa aldeia sertaneja
durante uma visita pastoral. Encontrou-a deserta e ao longo da estrada estava
uma caravana da comunidade que se dirigia a uma outra aldeia, onde se
encontrava um adivinho e que todos deveriam lá estar.
O
curioso, prosseguiu Dom Imbamba, deparou-se com uma velhota que mal podia
caminhar e interpelou-a, a resposta foi: “Meu
filho, se eu ficar na aldeia em minha casa, no regresso da caravana, eu serei a
acusada”.
Como
se não bastasse, a velha tinha em frente uma neta de 14 anos, colocada em
posição dianteira de km por ter ser alegadamente adivinha.