domingo, 29 de julho de 2012

PARTE IV - A EVOLUÇÃO POLÍTICA DE AFRICA E A LUNDA 1884 – 1891


PARTE IV - A EVOLUÇÃO POLÍTICA DE AFRICA E A LUNDA 1884 – 1891




4.- A ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL AFRICANA
4.1.- A CONFERENCIA DE BERLIM E OS INTERESSES DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONA AFRICANA


Os problemas de África são, e serão, ainda, por muito tempo, o pesadelo da Europa e do Mundo. A Conferência de Berlim (14 de Novembro de 1884 – 26 de Fevereiro de 1885), com o Acto Geral assinado por todos os participantes no próprio dia da clausura, traçou as linhas gerais da maquinação e da manipulação de cerca de 30.000.000 de povos inteiros, desagregação de etnias, tribos e traçado rectilineo de fronteiras em África.


É, neste ambiente de competições desenfreada dos grandes à custa dos pequenos, que se situa a chamada “Questão da Lunda – 1885-1894”  que teve o seu inicio com a convenção de 14 de Fevereiro de 1885 em BERLIM.


A Conferencia de Berlim nasceu do Tratado do Zaire (Congo), como já se disse nos textos anteriores, e foi feita para arranjos do Estado Independente do Congo. A Associação Internacional não tomou oficialmente parte nos trabalhos, mas lá estavam os seus agentes, e era constantemente subentendida e mesmo invocada. O barão de Courcel chamava-lhe «LA DAME DE NOS PENSÉES» - como também já se escreveu.


Daí que, da Conferência, tivesse nascido pleno de vigor o Estado Independente do Congo; daí que ela não tivesse sido encerrada sem as Potências o terem reconhecido; daí que a maior parte das resoluções tivessem servido mais as ambições e as exigências de LEOPOLDO II do que Estados, como Portugal, que já tinha manifestado a sua adesão aos princípios depois aceites.


A Alemanha fez, por isso, o Estado do Congo como muito bem quis; o rei dos Belgas não teve outra tarefa senão a de congregar, à sombra de BISMARK, os esforços das várias nações EUROPEIAS para os opor aos interesses das duas únicas Potências prejudicadas: França e Portugal.


A Conferência de Berlim foi, é certo, fértil de resoluções, mas a grande realização, a mais valida que dela saiu, foi o ESTADO INDEPENDENTE DO CONGO. E a prova é que, quando os milhões de Leopoldo começaram a escassear e o Estado Independente teve de estabelecer alfândegas para não se arruinar, os signatários de Berlim, esquecendo os princípios por que tanto se tinham batido, aceitaram um regime aduaneiro diferente.


O rei dos Belgas via esvair-se a sua fortuna pessoal, que, com o aplauso unânime de todos, havia de servir para governar sem imposto o jovem Estado – com então se acreditava.


- Ferreira Amaral, que governou Angola durante quatro anos, conta que, passando por LUANDA a caminho da Europa um oficial Austríaco ao serviço do Estado Independente e perguntando-lhe ele o que se fazia no Congo, este lhe respondeu: «NOUS DÉPENSONS PAISIBLEMENT LE QUINZIÉME MILLION DU ROI LÉOPOLD, ET, AVANT QU’IL LACHE TOUTE SA LAINE, JE VAIS, EN EUROPE, DÉPENSER MES ÉCONOMIES ET LE FELICITER DE SON IDÉE» - Discurso proferido na Câmara dos Deputados na sessão de 30 de Julho de 1891 (Diário das Sessões da Câmara dos Senhores Deputados, sessão n.º29, de 1891, p.9).

Este facto denuncia bem a desordem financeira do novel Estado e as intenções que animavam muitos dos administradores, confiantes no milhão que Leopoldo antes garantira anualmente à Associação Internacional Africana.

O verdadeiro Congo da Associação era incontestavelmente o rei Leopoldo. Quando nos princípios de 1885 ele se desfez de mais um milhão, os administradores da Associação Internacional, que a estavam sentindo em sérios apertos financeiros, pensaram logo em oferecer uma coroa imperial ao irmão da desditosa imperatriz do México, para pagar desse seu último favor. E por pouco não veio a chamar-se imperador da Bacia do .. Congo (Jornal de commercio, n.º 9338, de 11 de Fevereiro de 1885).


4.2.-  A CONFERÊNCIA DE BRUXELAS 1889 - 1890


Por isso, Leopoldo II em breve teve de recorrer ao empréstimo e, quando estava reunida a Conferência ANTI-ESCLAVAGISTA de Bruxelas 1889-1890, cuidou ele de aludir às muitas despesas que a sua obra em Africa estava fazendo e de pedir e conseguir a alteração do regime aduaneiro de 1885. Acordarão então os dezasseis Estados que se fizeram representar em Bruxelas, no anexo ao Protocolo XXXIII, em introduzir na Bacia Convencional do Congo (Zaire) os direitos de 10% sobre as importações, exceptuadas que fossem as das bebidas espirituosas, que ficariam sujeitas a um regime especial.


E aqui estava mais uma conferência Internacional que, embora tivesse sido convocada por sugestão feita à Bélgica pela Inglaterra para reprimir a escravatura, se colocara ao serviço dos interesses do Estado Independente do Congo. Evidentemente que o novo regime fiscal destinava-se a servir, em abstrato, todas as Potências que tinham possessões ou exerciam PROTECTORADOS NA BACIA DO CONGO, mas, em concreto, visavam as dificuldades financeiras com que o Estado de Leopoldo se debatia.


Vigoraria durante quinze anos e, findos eles, e no caso de não haver antes acordo, as Potências do velho continente e os EUA ficavam, no entanto, relativamente ao assunto, na posição que aceitaram pelo artigo 4.º do Acto Geral de Berlim, com a faculdade adquirida de cobrar direitos de entrada, cuja percentagem, “AD VALOREM”, não fosse superior a 10%.


- Diz o artigo 4.º: «Les marchandises importées das ces territoires resteront affranchies de droits d’entrée et de transit. Les puissances se réservent de décider, au terme d’une période de vingt années, si la franchise d’entrée sera ou no maintenue». A segunda parte deste artigo seria, portanto, ao cabo dos quinze anos previstos pela Conferência de Bruxelas, considerada caduca.


Relativamente às bebidas espirituosas, os representantes de Portugal obtiveram que os direitos mínimos a cobrar sobre elas, «Quando importadas no continente Africano, não excedesse metade dos direitos gerais então cobrados sobre as mesmas na grande maioria dos portos africanos».


- Discurso proferido pelo então ministro dos negócios Estrangeiros, Conde de VALBOM, na sessão de 25 de Junho de 1891, na Câmara dos Deputados (Diário das Sessões da Câmara dos Senhores Deputados, sessão n.º 23 de 1891, p.11)


A importação das armas de fogo, de pólvora e, de um modo geral, dos álcoois, sofreu restrições por se ter considerado a sua nocividade em Africa.


É, pois, à Inglaterra que o Estado Independente do Congo deve a Conferência de Bruxelas, e Leopoldo II, em quem a audácia industrial fora precedida pela ambição política, deve a salvação da sua fortuna pessoal à anulação da platónica bacia livre do Congo (Zaire).


4.3.- O ACORDO DE PARIS, DE 9 DE FEVEREIRO DE 1891


De harmonia com a declaração de 2 de Julho de 1890, que aprovava tal regime aduaneiro, firmaram, em conjunto, o Estado Livre do Congo, a França e Portugal o acordo que veio a ser assinado em Paris no dia 9 de Fevereiro de 1891.


Por ele, todas as mercadorias importadas da bacia ocidental do Congo (Zaire) passavam a pagar 6% ad valorem, com excepção das armas, das munições, da pólvora e sal, que pagariam 70%. Artigos havia, como as máquinas a vapor ou utensílios para fins industriais ou agrícolas, que pagavam apenas 3%, pois gozavam de regime de favor, mesmo de isenção, como era o caso de instrumentos científicos ou precisão.


O acordo de 9 de Fevereiro, que trouxe para a colonia de Angola ou província ultramarina, uma receita valiosa, foi modificado por protocolo celebrado em Lisboa em 8 de Abril de 1892 e por troca de notas, aqui feita também, em 10 de Maio de 1892.


Vigoraram as tarifas ad valorem, apesar de a título provisório e sob reserva da fixação eventual de uma tarifa especifica até ao limite dos falados 10% da Conferência de Bruxelas.


Aos produtos importados seria aplicada a tarifa de 10% ad valorem, elevada dos então 6%, e respeitar-se-iam as isenções e excepções previstas nos protocolos de 1892. Os produtos exportados manteriam as tarifas anteriormente fixadas.


Foi assim que o regime aduaneiro definiu na segunda parte do artigo 4.º do ACTO GERAL DE BERLIM se foi modificando antes do período de vinte anos previstos para a sua revisão.


«Esta evolução política de Africa em análise, neste período, a LUNDA TCHOKWE ou as terras sob domínio do Muatiânvua, era livres, independentes, embaro já entre 1890 á 1891, Henrique Augusto Dias de Carvalho já ter sido celebrado os tratados de Protectorado com os potentados TCHOKWES 1885-1887, mas ainda assim não havia nenhuma presença EUROPEIA no interior de toda a extensão desde Lualaba até o rio Lui na região do Xá-Muteba ou ao Sul, Muamuxico, Ndoji, Tchissuassua e Kumanongue».

sábado, 28 de julho de 2012

LISBOA - Exposição sobre expedição do primeiro Governador da Lunda Tchokwe


LISBOA - Exposição sobre expedição do primeiro Governador da Lunda Tchokwe



Em 1884, o major Augusto Henrique Dias de Carvalho iniciou uma expedição em Angola, que tinha como destino a Mussumba (corte) do império Lunda. Um século depois o que resultou dessa viagem, que durou cerca de quatro anos, pode ser visto em Portugal, numa exposição organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa, sob o título «Memórias de um explorador».

Patente até ao dia 31 de Julho, a exposição percorre o vasto espólio da colecção doada por Henrique de Carvalho à Sociedade de Geografia de Lisboa. Nela podem ser vistos alguns documentos, mapas, fotografias e objectos que constituíram a preparação e o resultado da expedição do explorador português, que veio a ser o primeiro governador da Lunda.

A viagem de Henrique de Carvalho iniciou-se em Maio de 1884, a partir de Malanje, com o objectivo de atingir a Mussumba do império Lunda, situada na actual República Democrática do Congo.

Já antes tinham passado pela Lunda, no coração da África Central, várias expedições, donde se destacam a de “David Livingston, enviado pela London Missionary Society em 1840, a Verney Lovott Camaron, do alemão Otto Schuth em 1887, de Max Bucher em 1879”. A do major Henrique Carvalho é, no entanto, considerada a “mais célebre” de todas e a que deixa mais marcas.

Da longa e dura expedição científica, diplomática e comercial à Lunda (Angola), entre os anos de 1884 a 1887, resultou a constituição de colecções científicas no âmbito da etnografia, fauna e flora, o registo de observações meteorológicas, um álbum fotográfico e a publicação de uma obra em oito volumes.



Henrique Carvalho acabou por doar  essa vasta colecção etnográfica à Sociedade de Geografia de Lisboa que a coloca agora à disposição do público português, nesta mostra patrocinada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do Projecto Explora e que tem como curadora a professora Manuela Cantinho.


A exposição conta ainda com o apoio da Fundação Escom que, como investidor em Angola, se quis associar a esta iniciativa, no âmbito da sua política de mecenato cultural.

“A exposição retrata a zona das Lundas, onde temos investimentos na  área da exploração mineira”, explicou ao Novo Jornal José Tavares de Almeida, lembrando que já em 2010 a Fundação Escom resolveu lançar a edição portuguesa do livro «A arte decorativa Tchokwe», da investigadora belga Marie Louise Bastin, com o objectivo de colocar à disposição do mundo lusófono um livro cujo “valor  científico é referência obrigatória para os investigadores, estudantes e o público em geral”, referiu então o presidente da Escom, Hélder Bataglia. Ao longo de um mês podem ser vistos, na Sociedade de Geografia de Lisboa, documentos, fotografias, mas também objectos Tchokwe e Kongo dessa importante colecção.

Henrique Augusto Dias de Carvalho foi o primeiro governador da Lunda, entre 1920 e 1957,  muito depois da sua expedição, durante a qual assinou “vários tratados de Protectorados com chefes Lunda-Tchokwe, sendo os mais importantes com Xa-Mutepa, Caungula, Muachissengue e Muachianva Mucanza Samaliamba, este último na Mussumba a 18 de Janeiro de 1887”.

“No âmbito da organização e direcção das operações militares de ocupação colonial portuguesa, foi criado através do Decreto de 13 de Julho de 1895, o Distrito da Lunda, tendo Capenda-Camulemba como sede capital e em 1905, 1907 e 1912, são fundados sucessivamente os postos de Caungula, Camaxilo e Mona-Quimbundo”, lê-se numa resenha histórica sobre a província da Lunda colonial ou Protectorado.


Nesse texto é referido ainda que “em consequência das reformas administrativas da potência colonizadora (Portugal), a Lunda toma em 1917 o carácter de Distrito Militar com sede em Saurimo e a 20 de Abril de 1929, Saurimo recebe a denominação de “Vila Henrique de Carvalho”, em homenagem ao chefe da expedição portuguesa, também primeiro Governador do novo distrito”.

Isabel Costa Bordalo

quinta-feira, 19 de julho de 2012

GREVE DE FOME NA CADEIA DA KAKANDA – ACTIVISTAS DO MANIFESTO EM GREVE DE FOME EM SOLIDARIEDADE AO AUGUSTO SÉRGIO NA CELA DA MORTE


GREVE DE FOME NA CADEIA DA KAKANDA – ACTIVISTAS DO MANIFESTO EM GREVE DE FOME EM SOLIDARIEDADE AO AUGUSTO SÉRGIO NA CELA DA MORTE



Nas sequências das informações sobre envenenamento e ameaças de mortes, perseguições que um agente dos serviços prisionais do estabelecimento da KAKANDA, fez a membros da CMJSPLT, que este Canal Online no més passado denunciou, relativamente aos activistas do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda, encarcerados ilegalmente naquela unidade da Kakanda no Dundo.


Esta notícia fez com que um grupo de membros do Comité Municipal do MPLA de Dundo, desloca-se a cadeia da Kakanda para tomar conhecimento das referidas denúncias.


Em reunião realizada no passado sábado dia 14 de Julho de 2012, com os activistas, o Sr Augusto Sérgio, condenado naquela unidade penitenciária em Maio de 2010, foi um dos oradores principais, que informou com detalhes as perecíeis porque tem passado na cadeia, as ameaças de morte, as perseguições e as condições desumanas submetidos aos reclusos.


Os agentes policiais não satisfeito com as denúncias, voltaram a carga, na noite do dia 17 do corrente, por volta das 22 horas e 45 minutos, apareceram na cela do Activista Politico e Prisioneiro do regime Sr Augusto Sérgio, o arrastaram, levando-o para “A FAMOSA CELA DA MORTE, CELA 21 DE 1M² “.


Nesta cela como seu nome indica, o recluso fica de pé, não pode mexer-se, porque o espaço é tão pequeno que não existe nenhuma forma para se mover. Neste espaço ele não tem direito as refeições, faz necessidades maiores e menores, não tem iluminação nem ventilação, não tem acesso aos raios solares, razão pela qual os reclusos chamam-no de cela da MORTE.


Por mais de 4 vezes, entre 2010 à 2012, denunciamos o estado precário de saúde do Sr Augusto Sérgio, ontem 18 de Julho, o mesmo caiu gravemente, foi submetido a uma consulta de urgência e o médico recomendou que fosse solto da cela em que se encontra, devido ao seu estado.


Os seus carrascos, dizem que ele deve pagar caro por os ter denunciado junto dos membros do Comité municipal do MPLA que visitaram a cadeia no pretérito dia 14 de Julho.


E não querem atender a pedição do médico, contínua doente e na referida cela, onde eles acham que devera permanecer 30 dias, razão pela qual os outros Activistas resolveram protestar, partindo para uma GREVE DE FOME por tempo indeterminada. TEMEM QUE POSSA ACONTECER O PIOR.


A Ministra da Justiça, ao Ministro do Interior, as organizações de defesa dos direitos humanos, Amnistia Internacional, HRW, Associação Mãos Livres, AJPD e instituições da ONU, apelamos que intervenham publicamente para salvar uma vida inocente, e que o governo do Senhor Presidente José Eduardo dos Santos, se é mesmo “Escolhido de DEUS”, que faça cumprir o artigo 2.º n.ºs 1 e 2, artigo 30.º e 31.º, artigo 36.º alíneas a), b), c) e d), artigo 60.º e 63.º, artigo 67.º n.º 4, todos da Constituição Angolana em vigor.


Que se ponha cobro a impunidade dos referidos Agente em conluio com a referida direcção prisional da Kakanda.


Os familiares sem vozes, porque ninguém, mas ninguém se importa por eles, estão muito preocupados com a sorte dos seus entes queridos na cadeia da Kakanda, continuam a reclamar o apoio da sociedade, o grito de socorro para que não aconteça o pior como o que aconteceu no dia 3 de Outubro de 2010, com a morte do senhor Bonifácio Matxihina Samumbala.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

AUTORIDADES TRADICIONAIS NA LUNDA JÁ SABEM QUE OS PARTIDOS POLITICOS SÓ QUEREM VOTO


AUTORIDADES TRADICIONAIS NA LUNDA JÁ SABEM QUE OS PARTIDOS POLÍTICOS SÓ QUEREM VOTO




De acordo com o regedor SAMUCUALE, que há dias participou numa reunião do Partido da situação, confidenciou-nos que o Secretario Provincial dos Camaradas na Lunda-Norte, pediu as autoridades tradicionais total apoio para o seu partido, tendo feito um milhão de promessas.


Pediu também as autoridades tradicionais, usarem das suas magias, dos seus feitiços para impedir qualquer outra força Politica na região a suplantar o seu partido.


Escolheu a dedo e unha as forças a serem esmagadas, assim, o Presidente da Comissão do Manifesto do Protectorado da Lunda Tchokwe, Muene Capenda Camulemba, Sua Majestade Muatchissengue, Dirigentes de Partidos Políticos da oposição cujos líderes sejam filho Lundas, entre outras personalidades que figuram da sua lista negra.


Ao que se sabe, as autoridades tradicionais, terminantemente deram-lhe um “NÂO”, mostrando-lhe que ao longo dos 35 anos em que o “M” governa em Angola, incluindo o território Lunda Tchokwe nada fez para este povo, que nos últimos anos, só é recordado nas vésperas de eleições, neste período é que aparece Motorizadas, Bicicletas, ofertas em dinheiros etc.,


Enquanto ao pedido para a eliminação física de dirigentes do Movimento do Manifesto do Protectorado da Lunda Tchokwe, por meio de feitiçaria, as mesmas deram-lhe também um outro “NÃO”, mostraram-lhe que estes são filhos da terra, estão a defender o direito de todos os Lundas, incluindo ele próprio. O regedor MUAMALUNDO disse lhe, “se o MPLA não mata os seus filhos, porque nós vamos matar os nossos próprios filhos e netos que querem libertar a Lunda da colonização deles”!


As nossas populações, sabem que o MPLA beneficia somente os sobas com roupas, rádios e motorizadas e bicicletas, caixas de vinhos, mas só para os sobas e o povo? Que é a maioria? Disse-nos o Soba MUALENGUE, que participou da mesma reunião a semana passada no Dundo.


 O velho Soba MUACANDALA, lembrou-nos que nos anos 60 á 70, o colono Português não prometia absolutamente nada, porque na altura acompanhava o seu pai que era Soba na administração, hoje tudo esta diferente, promete-se tanta coisa, tanta mentira e todos os anos a mesma coisa, lamentou.


Por Samajone na LUNDA


terça-feira, 17 de julho de 2012

INVASÃO FILIPINA NO CATOCA PARA SUBSTITUIR ANGOLANOS


INVASÃO FILIPINA NO CATOCA PARA SUBSTITUIR ANGOLANOS




Mais de 200 filipinos e expatriados vindos de alguns países da Asia, estam sendo profissionalizados no centro de Catoca para substuirem um número indeterminado de angolanos que serão despedidos em massa após as eleições de 31 de agosto, também com o regresso maciço de especialistas russos.

A fonte disse que cerca de 508 trabalhadores serão despedidos depois das eleições, porque neste momento não convém, para não criar embaraços ao MPLA que neste momento não goza de simpatias das populações da região pelo facto de ao longo dos 35 anos da governação do regime, o povo alimentou-se sempre de promessas nunca cumpridas.

Catoca, é uma das empresas que muita família tinha esperanças de um futuro melhor, agora paira na mente de muitos dos jovens a incerteza, ninguém sabe se é ele que sai ou o amigo.

A mesma fonte disse que os russos, estão a fazer muita pesca nos rios circundantes na região, o grave é que, o produto não é para o consumo em Catoca, mas sim para a exportação para a Rússia.

Pegam grandes quantidades, embalam e envia directamente para a Rússia nos aviões IL62. Esta exportação é um crime, porque eles não pagam imposto nem tem a autorização ou licenças para realizarem pesca nos rios da região.

Temos conhecimento, as de que os trabalhadores Angolanos, estão a se prepara para contraria as investidas da empresa, se esta levar acabo essa desejada substituição, isso nos foi confessado por um jovem que trabalha a cerca de 8 anos no Catoca, de seu nome Cagigi Adão de Almeida, técnico de máquinas, “olha nós vamos resistir como os mineiros da Espanha, estamos na nossa terra, não vamos permitir que se dê emprego a estrangeiros, isso aqui vai ser uma guerra”- rematou Cagigi…

Por Samajone em Saurimo.

Fernando da Piedade Dias dos Santos Vice-presidente de Angola valoriza diálogo para resolver conflitos em África


Fernando da Piedade Dias dos Santos Vice-presidente de Angola valoriza diálogo para resolver conflitos em África

Addis Abeba  – O vice-presidente da República, Fernando da Piedade Dias dos Santos, considerou na noite de domingo, em Addis Abeba (Etiópia), importante que se continue a promover o diálogo como a melhor forma de resolução de conflitos em África.

 
Fonte: Angop

Fernando da Piedade Dias dos Santos


Fernando da Piedade falava à imprensa angolana no final do primeiro dos dois dias de trabalho da XIX Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, em que representa o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.


A guerra é sempre má. Para além dos prejuízos humanos e materiais, atrasa o desenvolvimento. Daí que defendemos que todos os diferendos sejam resolvidos por via do diálogo”, afirmou.


PARA QUANDO AS NEGOCIAÇÕES DE DOIS CONFLITOS NO INTERIOR DE ANGOLA, QUESTÃO LUNDA TCHOKWE?.. Afinal os conflitos só podem ser considerados de guerras e mortes?


Afirmou que “
o mundo é cada vez mais global e África tem de ocupar o seu espaço” se relacionando de igual com outros continentes.

 
Fernando da Piedade acha ser altura de os africanos se emanciparem e acabar com situações de guerra que causam muitos prejuízos e atrasam o crescimento do continente.

 
Referiu que só numa situação de estabilidade no continente se poderá promover o comércio inter-africano e o bem-estar das suas populações.


O vice-presidente chefia uma delegação da qual fazem parte os ministros das Relações Exteriores, George Chicoti, do Comércio, Idalina Valente, e da Saúde, José Van-Dúnem, bem como o secretário de Estado da Relações Exteriores, Manuel Augusto.


Integram ainda os embaixadores na UA e na Etiópia, Arcanjo do Nascimento, na ONU, Gaspar Martins, bem como altos funcionários do Ministério das Relações Exteriores e da embaixada angolana.

OBS:
Porque é que os os dirigentes do regime, quando estão em palcos internacionais, falam tanta coisa, mas aqui no interior, ignoram os conflitos com que estamos a viver, caso Cabinda e Lunda?

segunda-feira, 16 de julho de 2012

TRAGÉDIA EM LUCAPA, ACIDENTE MATA 23 PESSOAS ENTRE ELES 5 CRIANÇAS


TRAGÉDIA EM LUCAPA, ACIDENTE MATA 23 PESSOAS ENTRE ELES 5 CRIANÇAS

foto ilustrativa

Ontem 15 de Julho de 2012, por volta das 15 horas, um aparatoso acidente junto da nascente do rio Luangando em Lucapa, matou 23 pessoas, entre eles 5 crianças, o motorista e o seu adjunto pereceram também.

Consta que um autocarro de passageiro, vinha da cidade de Dundo com destino para Lucapa e Saurimo, nas imediações da Comuna de Camissombo, o mesmo avariou, de repente apareceu um Camião CAMAZ pertence as Forças Armadas Angolanas com destino para Malange, aflitos os passageiros negociaram com o motorista.

Desconhece as verdadeiras causas que provocaram o acidente, muitos feridos em número por determinar, encontram-se no hospital local e outros foram evacuados para o Dundo, alguns estão em casas de familiares e amigos em Lucapa.


Por MKary José em Lucapa

domingo, 15 de julho de 2012

DUMDA WATEMBO, GRANDE DIGNIDADE LUNDA TCHOKWE E REI DO TCHIBOCO


DUMDA WATEMBO, GRANDE DIGNIDADE LUNDA TCHOKWE E REI DO TCHIBOCO




O Estado do Tchiboco e a 1.º Capital Tchokwe fora da Corte na Mussumba, para além do Itengo há cerca de 50 Km á norte de Saurimo, Tchiboco localizava-se entre as nascentes do rio Kwanza e o Cuango, nas imediações do Município do Kuemba-Bié e região do Alto Tchicapa no Municipio de Cacolo na Lunda Sul, este estado estendia-se mais a norte até Camaxilo, Lubalo e Lunguena.


O propósito deste texto não é falar da localização geográfica das terras de Dumba Watembo, mas sim a caracterização da sua personalidade, enquanto uma dignidade da Corte e um dos Aristocratas Lunda Tchokwe no final do seculo passado, os seus feitos e suas lembranças entre nós.

DUMBA WATEMBO E A SUA INDUMENTARIA

Relativamente ao vestuário de Dumba Watembo, há a notar que a cantaria CASSUNGO que lhe guarnecia o casaco era uma missanga de bordar, de cores diversas, muito apreciada pelos nativos Lunda Tchokwes, para a confecção de adornos. Era particularmente aplicada nas interessantes e artísticas coroas em múltiplas palas, e nos diademas, dos antigos chefes LUNDAS.

Com a mesma missanga devia ser bordado o diadema que Dumba Watembo ostentava abaixo da coroa de latão, e um pouco confundido com ela na descrição dos exploradores Europeus durante as suas viagens no coração de África.


Quando á pequena pele de antílope que usava, deve tratar-se duma pele de corça, animal em vários aspectos muito consagrado aos simbolismos do Sobado Lunda Tchokwe ainda hoje. No que se refere à coroa de latão, não apresenta ela correspondência de qualquer ordem com tradições Tchokwes ou Lundas.


Tratando-se de obra do próprio Dumba Watembo, devemos concluir que a fez inspirando-se em objectos idênticos que conheceu, ou em imagem ou ideia que lhe foi sugerida. Admitimos que se trate de influência de qualquer modo proveniente de parentes seus, investidos em altas funções de chefia nos Bângalas e na Jinga, em modos de realeza, e da nomeação dos Portugueses, como fossem, pelo menos os JAGAS de CASSANGE, originárias da família Lunda Tchokwe dos Konte, ou Tchingúri, parentes próximos dos Tembos (Tchingúri ua Konte ou Kinguri dos Bângalas, quando o Jaga de Cassange era irmão de Lueji ua Konte, governanta dos Lundas anteriormente ao primeiro Muatiânvua, e ambos parentes de Dumba Watembo).


Em qualquer caso, porém, o uso da coroa não podia de modo nenhum ser arbitrário, sem risco de agravo das relações familiares e oficiais com o estado dos Lundas da Katanga, seja com Muatiânvuas, e excede as dimensões previstas a esta nota histórico-biográfica explicar as inúmeras razões porquê.


Também tal uso não era um enjeite das normas tradicionais, e bem o comprova a presença do diadema dos chefes Lunda Tchokwes, usando a par com a coroa metálica do Dumba. No conjunto, devemos entender a presença de atributos de realeza tradicional dos Tchokwes, com os duma nova realeza, instituída pelos portugueses no oeste. Em um e outro lado tinha Dumba classificados parentes de cujas reciprocas dignidades ia resumindo em si honras, senão direitos.


Quando ao colar com «dois búzios e um pequeno chifre» deve tratar-se de N’zimbo dos Olivancillaria nana, provenientes da Ilha de Luanda, e dum chifre de corça (esta última peça geralmente recheada de produtos de curandice ou magismo é usada como amuleto).


Com vista ao bordão usado pelo Muene Dumba Watembo, e que muitas vezes lhe caia por terra, temos que o seu uso era para o efeito de exibir com maior evidência as garras de metal.


No que respeita aos anéis de latão, que lhe guarneciam os dedos, estamos em presença de um velho hábito de LUXO DOS TCHOKWES de categoria. Conhecemos grandes dignidades Lunda Tchokwes de categoria como Muatchondo e Tchilumba, em capaia que ostentavam anéis de latão e de cobre finamente cinzelados, em todos os dedos de mãos e na maior parte dos dedos dos pés. Aliás os nativos sabem-no bem, o metal amarelo e o cobre principalmente contrastam e realçam a beleza do tom das peles melanodermes.


Finalmente, quando às «longas unhas» de latão usadas por Dumba Watembo (melhor chamar-lhes garras e lembrarmos que Dumba significa Leão) trata-se duma exteriorização visível e tangível dos seus predicados de chefe poderoso, a que o próprio nome DUMBA não é estranho.


As garras do Dumba, como leão e como chefe, expressam a força e o poder de Dumba Watembo, que já traduzimos como LEÃO DE TEMBO ou Watembo. Este facto está de acordo com certos estilos e conceitos da vida Tchokwe, que levam os indivíduos a atribuir a si próprios os nomes e insígnias que entendem definir ou vincar a sua personalidade, caracter ou acção.


Por via inversa, também usam marcas ou símbolos que traduzem exteriormente os predicados do nome ou a condição, ou de ambos os factos ao mesmo tempo. É este o caso das garras de leão de Dumba Watembo, Rei dos Tchokwes, guerreiro contra os Minungos (guerras intestinas entre as mesmas tribos Tchokwes), Régulo e senhor das extensas florestas do mel, cabeça ornada com insígnias de duas realezas para maior glória dos Tembos e mais temerosa fama dos «demónios silículas do Tchiboco».


A titulo de pesquisa genealógica dos antepassados de Dumba Watembo, complementarmente a este registro histórico-biográfico, podemos acrescentar que, muito antes da presença dos Tembos na LUNDA dos Muatiânvuas na Katanga Ocidental, onde seria já um Tembo quem governava, no rio Lulua, um núcleo de povos que vieram mais tarde a constituir os Tchokwes, o nome Tembo já surgia, nos caminhos do nordeste Africano.


O QUE DIZ A TRADIÇÃO LUNDA TCHOKWE

Segundo tradições orais Lunda Tchokwe, que largamente recolhemos durante muitos anos, Tembo Kalunga (Thumba Kalunga) seria o nome de um dos filhos, o primeiro deles, de Tembo e Samba, os primeiros pais, ou pais edénicos, do povo Tchokwe, que tiveram por terra natal o misterioso LUFANDJIMBA, paragem que identificamos como sendo o Lago Vitória.

Encontra-se também o nome Tembo no quadro de reis da UGANDA. Ocupa o sexto lugar numa lista de 35, de acordo com Henry Stanley, “Através do Continente Negro”, Lisboa, 1880, Vol.II. págs.61. Tembo e Tembue são toponímicos, a meio da margem ocidental do TANGANICA, e na região do Lualaba-Lufira, próximo dos montes Kibara, encontramos mais uma vez o nome Tembo sob esta e outras grafias, Hermann Baumann, “Les Peuples et les Civilisations d’Afrique”, Paris, 1943. Págs. 183.


Seguidamente, descendo sempre na carta de África, encontramos o nome TEMBO NA KATANGA, mais tarde no Tchiboco, e em outras regiões da Lunda e Angola no geral, nestes casos já perfeitamente identificados com o Dumba Watembo de que estamos a tratar neste texto.


Não podemos deixar de dizer que esta pré-história dos Tembos é apresentada com todas as reservas.


Ressalvamos, no entanto, a versão etno-histórica de Tembo Kalunga filho dos primeiros pais Tchokwes, que é matéria de tradição e crença da própria tribo Tchokwe e Lundas, e por isso aceitável como história do povo, aliás insistentemente repetida. A partir daqui, assinalámos o nome Tembo, mas sem lhe podermos assegurar relações, senão a partir da sua comprovada existência na Katanga, nos finais do século XVI.


Em 1878 foi descrito e retratado o Dumba Watembo do Tchiboco, figura central destas notas, algo biografadas. Dele se pode dizer, que foi o primeiro e último de que se obteve registro. Nele se resume aqui por esse motivo em certa medida, um esboço geral dos Tembos.


De acordo com a oralidade Lunda Tchokwe, Dumba Watembo que temos vindo a descrever é o tio materno do Rei Muatchissengue Watembo, a linhagem da família real Tchokwe segundo a genealogia, será motivo de um outro artigo.


Em 1946 visitámos a zona original do velho estado do Tchiboco. Dos Dumba Watembo perdurava apenas uma tradição, enfraquecida pela Grande Fome, mortificada pela praga da varíola que em seguida assolou o território, conforme o relata a história tradicional daquelas belas florestas, onde os narradores nos descrevem, viva e dramaticamente, as funambulescas figuras humanas mumificadas pela fome no período da grande praga.


Podemos localizar aqui o epílogo do estado do Tchiboco o qual, e pelas razões já citadas, mesmo sem aquele flagelo, nunca perdurariam, não obstante as garras de latão de Dumba Watembo, ou de antecessores ou sucessores seus, que muito provavelmente as tivessem usado também.


OBS: Thumba Kalunga – Muacanhica, Muambumba, Makhaia, Muandumba (Dumba) e Tembo, esta teve Muatchissengue e Kaita Ka Tembo ou Watembo –a história continuará…