KARL MARX SOBRE-HUMANO VISÃO
AGUÇADA PERMANECE 200 ANOS DEPOIS, REFLEXÕES...
"Trabalhadores do mundo
inteiro, uni-vos", talvez uma
das frases mais conhecidas de Karl Marx, foi o que o escultor Laurence Bradshaw
gravou na lápide do filósofo. Ele morreu em 1883, aos 64 anos, em Londres, e
está sepultado no cemitério de Highgate.
Marx
cresceu no perfeito idílio de uma região vinícola. O Vale do Mosela, onde se
situa sua cidade natal, Trier, é considerado uma das mais belas paisagens
cultivadas da Alemanha. A França não está distante. "Liberdade, igualdade,
fraternidade", os grandes ideais da revolução de 1789, não tardaram a
chegar a Trier. E aí, adeus ao romântico sossego regado a vinho branco.
Na
juventude, Marx era um poeta altamente romântico. "Em torno de mim flui
uma pulsão eterna, / eterno arrebatamento, eterna chama", diz um de seus
poemas. Os versos eram dedicados a Jenny von Westphalen. E a corte funcionou,
pois os dois jovens casaram-se em junho de 1843. Primeiro no civil e pouco
depois, apesar da descrença de Marx, também na igreja.
A
vida inteira, Marx nunca conseguiu lidar com dinheiro, sua família estava
sempre à beira da falência. Por isso foi um feliz acaso, não só editorial mas
também financeiro, ele ter encontrado em meados da década de 1840 Friedrich
Engels, filho rico e intelectual de um fabricante. Engels o apoiava
regularmente: Marx seguiu tendo que frequentar a casa de penhores, mas com
menor frequência.
Para
impor limites aos capitalistas é necessária uma "socialização dos meios de
produção", escreveu Marx em sua principal obra, "O Capital". Aí
o "invólucro capitalista" arrebentará definitivamente. Depois é
preciso partir para o ataque contra os "exploradores": "Os
expropriadores serão expropriados", prometia o filósofo.
Marx
não perdoou quando o presidente Charles Louis Napoléon Bonaparte se proclamou
imperador dos franceses em 1851, imitando seu grande modelo, Napoleão
Bonaparte. "Hegel observou que todos os fatos e personagens de grande
importância na história universal ocorrem duas vezes”, citou Marx, complementando:
"Esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como
farsa."
Em
nome de Marx, regimes totalitários tomaram o poder em diversas partes do mundo,
com violência impuseram as doutrinas políticas que achavam encontrar em suas obras.
O próprio Marx parece ter previsto o desastre bem cedo e comentado: "Tudo
que sei é: não sou um marxista." A citação não é comprovada, mas
certamente faz honra aos traços liberais de sua obra.
O
Leste é "vermelho" também na África: Marx e Engels são celebrados na
Etiópia. Junto a Lênin, eram vistos como garantia de um grande futuro, que o
país lutaria para conquistar. Em nome desse futuro a obra de Marx foi declarada
doutrina infalível e aclamada pelas massas. Como em 1987, em Addis Abeba,
durante o 13º aniversário da tomada do poder por Haile Mengistus.
Até
1989, a filosofia de Marx esteve a serviço dos regimes totalitários na Europa
Oriental, que acabaram falindo financeiramente. De repente os Estados
soviéticos entraram em colapso. A Hungria foi a primeira a abrir as fronteiras
para o Ocidente. Os cidadãos da Alemanha Oriental que lá se encontravam queriam
uma única coisa: ir embora. A partir de 1989, por algum tempo deixou-se de
falar de Marx.
Alguns
anos após o colapso do comunismo, Marx reaparece como figura de grafite em
Berlim. Sua camiseta lembra: "Eu disse a vocês como mudar o mundo".
Ele próprio, há muito tempo aposentado, tem que catar garrafas para sobreviver.
É como se a revolução fosse um projeto sem fim – e impossível de completar.
Uma
estátua de Marx com mais de quatro metros de altura, cujos "longos cabelos
e longo casaco representam sua sabedoria": assim explica o escultor chinês
Wu Weishan sua visão do filósofo alemão. Em Trier houve grande relutância em
aceitar o presente da China, devido ao pouco respeito pelos direitos humanos no
país. O que Marx diria disso?
"Trabalhadores do mundo
inteiro, uni-vos", talvez uma
das frases mais conhecidas de Karl Marx, foi o que o escultor Laurence Bradshaw
gravou na lápide do filósofo. Ele morreu em 1883, aos 64 anos, em Londres, e
está sepultado no cemitério de Highgate.