quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

COBERTURA ESCOLAR DE ANGOLA 1845 – 1919 VS LUNDA TCHOKWE

COBERTURA ESCOLAR DE ANGOLA 1845 – 1919 VS LUNDA TCHOKWE



Primeiras letras em Angola”, edição da Camâra Municipal de Luanda, 1973, uma obra valiosa de Martins dos Santos, missionário catolico, nascido em 1926 em Pêra do Moço - Portugal, conceituado professor de Seminário Missionário do Verbo Divino em Covilhas,  um dos grandes estudiosos da História de Angola colonial, mostra nesta sua obra investigativa dos anos 60 - 70, em vesperas de independência a realidade nua e crua, de que definitivamente a Nação Lunda Tchokwe, nunca fora antes nem depois, parte integrante de Angola.


De acordo com obra de Martins dos Santos, foram os missionários vindos de Portugal que sugeriram o aparecimento das primeiras instituições de ensino em Luanda, do contrário não seria.


...”A menos de vinte anos da fundação da cidade, o visitador da Companhia de Jesus, Padre Pedro Rodrigues, que esteve em Angola nos anos 1593 e 1594, aconselhava que se fundasse um colégio para a instrução da juventude, para o ensino das letras. Esta recomendação não foi desprezada e, assim, sabemos que um decénio mais tarde, em 1605, havia já uma escola em funcionamento, junto do convento dos jesuitas, que era onde hoje estão o Paço Arquiepiscopal e a Imprensa Nacional de Angola (actualmente complexo do Pálacio da Cidade Alta da Presidência da República de Angola). Foi encarregado do ensino o Padre Pedro de Sousa”...


Para a província ultramarina de Portugal, a partir de 1659 até 1845, surgiram várias instituições escolares de diferentes tipos e ensinos; aulas de disciplinas de Humanidades, Latim, Filosofia e Retórica, Matemática, Geometria, Aritmética, Trigonometria, Topógrafia e Contabilidade, bem como a Medícina, já nos anos 1789.


Em 1844 e 1845, foi reestruturada a Escola Médica de Luanda, foi publicado novo esquema de cursos e novos programas de ensino, foi a partir deste momento que o ensino tomou feição e abrangencia em território de Angola, e o ensino primário obrigatório e gratuito, o cuidado e selecção dos professores. Menos a Nação Lunda Tchokwe, em que não existia, neste período a presença de Portugal ou de outra nação Europeia, ou seja a LUNDA era ainda uma terra desconhecida, não faz parte da propalada colonização Portuguesa de 500 anos em Angola.


Presença de Portugal na Lunda como protector, 90 anos, isto é, entre 1885 – 1975, a efectiva instalação em toda a extensão Kuando Kubango, Moxico e o distrito da Lunda no geral apenas a partir do ano de 1920 para os anos 40, 50 e 60, tal como os angolanos mal conheciam a Lunda até 1950.


A cobertura escolar angolana de 1845 á 1919, chega finalmente dentro dos limites fronteiriços e geograficos de Angola, como colonia e provincia ultramarina de Portugal reconhecida na sua carta constituicional de 1826.


A cobertura escolar angolana, nalgumas localidades tiveram o seguinte inicio: Alto Dande 1790, Zenza do Golungo 1872, Ambaca 1694, Ambriz 1840, Ambrizete 1860, Bailundo 1896, Barra do Bengo 1694, Barra do Dande 1860, Bembe 1857, Benguela fundada por Manuel Cerveira Pereira em 1617, Bié 1772, Cabinda datas convergentes 1723, Caconda 1620, Calumbo 1575, Cambambe 1604, Catumbela 1836, Cazengo 1843, Chibia 1885, Dembos 1615, Dombe Grande 1846, Duque de Bragança 1838, Egipto 1854, Encoje 1759, Golungo Alto 1856, Huambo não existe uma data coerente, Huila 1768, Humpata entre 1868 à 1872, Icolo e Bengo 1668, Libolo entre 1905 à 1906, Libongo, Lubango, Malange, Massangano 1580, Moçamedes 1645, Muxima 1599, Noqui 1913, Novo Redondo 1769, Porto Alexandre 1770, Pungo Andongo 1671, Quilengues 1685, São Salvador, Zenza do Golungo.


O texto com mais de 500 páginas sobre primeiras letras em Angola que temos vindo a citar sobre a cobertura escolar angolana entre 1845 – 1919, não menciona nenhuma localidade Lunda Tchokwe, não havia presença Portuguesa nem de qualquer outra nacionalidade estrangeira, prova suficiente de que Lunda nunca fez parte de Angola no passado, no presente ou no futuro.


A escolarização do povo Lunda Tchokwe tem inicio nos anos 1950, com o aparecimento de algumas escolas primarias destinadas a filhos de comerciantes portugueses e agentes da administração publica, da Huila para o Kuando Kubango, do Bié para o Moxico e de Malange para Saulimbó actualmente Saurimo.


É no limiar dos anos 1960 – 1970, com a organização imprimida de agrupação das populações em Bairros que se deu a massificação de algumas escolas primárias sob égide de catequistas da Igreja Católica e o aparecimento nas principais cidades; Serpa Pinto, Luso e Henrique de Carvalho de magistérios e internados. A Igreja Católica e a Igreja Anglicana foram os primeiros que projectaram na Lunda Tchokwe internados para esta nobre missão de educar e ensinar.


As principais três estradas de acesso ao território Lunda Tchokwe com Angola, tiveram o seu inicio nos anos 60 para cá, isto é, Bié a Kuando Kubango, Bié para o Moxico e Malange para Henrique de Carvalho. A principal via é a estrada 230 que liga Luanda – Malange – Henrique de Carvalho – Moxico até Luau e Cazombo. A péssima via é do Luso para Manongue.


Portanto, até 1975 não poderia existir quadros altamente qualificados na Lunda Tchokwe para que reivindicasse em igualdade de direitos e capacidades académicas com os angolanos a sua pertença. Em 1975 os angolanos já possuíam Doutores em ciências e filosofias em detrimento do povo Lunda que estava a ser alfabetizado. Os primeiros médicos e enfermeiros negros dos hospitais a nível da Lunda – Serpa Pinto, Moxico e o distrito da Lunda eram na sua maioria angolanos ao lado dos portugueses, tal igual acontecia na administração pública colonial.