COBERTURA ESCOLAR DE
ANGOLA 1845 – 1919 VS LUNDA TCHOKWE
“Primeiras letras em Angola”, edição da
Camâra Municipal de Luanda, 1973, uma obra valiosa de Martins dos Santos, missionário catolico, nascido em 1926 em Pêra
do Moço - Portugal, conceituado professor de Seminário Missionário do Verbo
Divino em Covilhas, um dos grandes
estudiosos da História de Angola colonial, mostra nesta sua obra investigativa
dos anos 60 - 70, em vesperas de independência a realidade nua e crua, de que
definitivamente a Nação Lunda Tchokwe, nunca fora antes nem depois, parte
integrante de Angola.
De
acordo com obra de Martins dos Santos, foram os missionários vindos de Portugal
que sugeriram o aparecimento das primeiras instituições de ensino em Luanda, do
contrário não seria.
...”A menos de vinte anos da fundação da
cidade, o visitador da Companhia de Jesus, Padre Pedro Rodrigues, que esteve em
Angola nos anos 1593 e 1594, aconselhava que se fundasse um colégio para a
instrução da juventude, para o ensino das letras. Esta recomendação não foi
desprezada e, assim, sabemos que um decénio mais tarde, em 1605, havia já uma
escola em funcionamento, junto do convento dos jesuitas, que era onde hoje
estão o Paço Arquiepiscopal e a Imprensa Nacional de Angola (actualmente complexo do Pálacio da
Cidade Alta da Presidência da República de Angola). Foi encarregado do ensino o Padre
Pedro de Sousa”...
Para
a província ultramarina de Portugal, a partir de 1659 até 1845, surgiram várias
instituições escolares de diferentes tipos e ensinos; aulas de disciplinas de
Humanidades, Latim, Filosofia e Retórica, Matemática, Geometria, Aritmética, Trigonometria,
Topógrafia e Contabilidade, bem como a Medícina, já nos anos 1789.
Em
1844 e 1845, foi reestruturada a Escola Médica de Luanda, foi publicado novo
esquema de cursos e novos programas de ensino, foi a partir deste momento que o
ensino tomou feição e abrangencia em território de Angola, e o ensino primário
obrigatório e gratuito, o cuidado e selecção dos professores. Menos a Nação
Lunda Tchokwe, em que não existia, neste período a presença de Portugal ou de
outra nação Europeia, ou seja a LUNDA era ainda uma terra desconhecida, não faz
parte da propalada colonização Portuguesa de 500 anos em Angola.
Presença
de Portugal na Lunda como protector, 90 anos,
isto é, entre 1885 – 1975, a efectiva instalação em toda a extensão Kuando
Kubango, Moxico e o distrito da Lunda no geral apenas a partir do ano de 1920
para os anos 40, 50 e 60, tal como os angolanos mal conheciam a Lunda até 1950.
A
cobertura escolar angolana de 1845 á
1919, chega finalmente dentro dos limites fronteiriços e geograficos de
Angola, como colonia e provincia ultramarina de Portugal reconhecida na sua
carta constituicional de 1826.
A
cobertura escolar angolana, nalgumas localidades tiveram o seguinte inicio: Alto
Dande 1790, Zenza do Golungo 1872, Ambaca 1694, Ambriz 1840, Ambrizete 1860, Bailundo 1896, Barra do Bengo
1694, Barra do Dande 1860, Bembe 1857, Benguela fundada por Manuel Cerveira Pereira
em 1617, Bié 1772, Cabinda datas convergentes 1723, Caconda 1620, Calumbo 1575,
Cambambe 1604, Catumbela 1836, Cazengo 1843, Chibia 1885, Dembos 1615, Dombe
Grande 1846, Duque de Bragança 1838, Egipto 1854, Encoje 1759, Golungo Alto
1856, Huambo não existe uma data coerente, Huila 1768, Humpata entre 1868 à
1872, Icolo e Bengo 1668, Libolo entre 1905 à 1906, Libongo, Lubango, Malange,
Massangano 1580, Moçamedes 1645, Muxima 1599, Noqui 1913, Novo Redondo 1769,
Porto Alexandre 1770, Pungo Andongo 1671, Quilengues 1685, São Salvador, Zenza
do Golungo.
O
texto com mais de 500 páginas sobre primeiras letras em Angola que temos vindo
a citar sobre a cobertura escolar angolana entre 1845 – 1919, não menciona
nenhuma localidade Lunda Tchokwe, não havia presença Portuguesa nem de qualquer
outra nacionalidade estrangeira, prova suficiente de que Lunda nunca fez parte
de Angola no passado, no presente ou no futuro.
A
escolarização do povo Lunda Tchokwe tem inicio nos anos 1950, com o
aparecimento de algumas escolas primarias destinadas a filhos de comerciantes
portugueses e agentes da administração publica, da Huila para o Kuando Kubango,
do Bié para o Moxico e de Malange para Saulimbó actualmente Saurimo.
É
no limiar dos anos 1960 – 1970, com a organização imprimida de agrupação das
populações em Bairros que se deu a massificação de algumas escolas primárias
sob égide de catequistas da Igreja Católica e o aparecimento nas principais
cidades; Serpa Pinto, Luso e Henrique de Carvalho de magistérios e internados.
A Igreja Católica e a Igreja Anglicana foram os primeiros que projectaram na
Lunda Tchokwe internados para esta nobre missão de educar e ensinar.
As
principais três estradas de acesso ao território Lunda Tchokwe com Angola,
tiveram o seu inicio nos anos 60 para cá, isto é, Bié a Kuando Kubango, Bié
para o Moxico e Malange para Henrique de Carvalho. A principal via é a estrada
230 que liga Luanda – Malange – Henrique de Carvalho – Moxico até Luau e
Cazombo. A péssima via é do Luso para Manongue.
Portanto,
até 1975 não poderia existir quadros altamente qualificados na Lunda Tchokwe
para que reivindicasse em igualdade de direitos e capacidades académicas com os
angolanos a sua pertença. Em 1975 os angolanos já possuíam Doutores em ciências
e filosofias em detrimento do povo Lunda que estava a ser alfabetizado. Os
primeiros médicos e enfermeiros negros dos hospitais a nível da Lunda – Serpa
Pinto, Moxico e o distrito da Lunda eram na sua maioria angolanos ao lado dos portugueses,
tal igual acontecia na administração pública colonial.