ELEIÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS - Michelle
Obama acusa Trump de “comportamento sexual predatório”
A primeira-dama dos EUA diz que “a crença de
que você pode fazer o que quiser a uma mulher é cruel, assustador”.
A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle
Obama, criticou ontem Donald Trump, num discurso de campanha de Hillary em New
Hampshire, pelo “comportamento sexual predatório” do candidato republicano ao
se referir às mulheres.
A polémica começou na última sexta-feira
quando o jornalThe Washington Post publicou um vídeo de 2005 em que Trump
aparece a falar com um apresentador de televisão fazendo comentários vulgares e
que já levou 40 políticos republicanos do Senado e da Câmara de Representantes
a retirar o apoio ao candidato à presidência.
No discurso de ontem Michelle Obama afirmou
que “não se pode ignorar” as declarações de Trump. “Não podemos jogar isso para
debaixo do tapete como mais uma nota de rodapé perturbadora numa triste
campanha eleitoral. Isso não foi só mais uma conversa devassa ou uma provocação
de vestiário. Foi uma pessoa com poder falando livre e abertamente sobre
comportamento sexual predatório e a gabar-se sobre beijar e apalpar mulheres,
usando uma linguagem tão obscena que muitos de nós estavam preocupados por os
nossos filhos ouvirem aquilo quando ligássemos a televisão”.
A primeira-dama dos EUA acrescenta que, “para
piorar a situação, agora parece ser muito claro que este não é um incidente
isolado. É um dos inúmeros exemplos de como ele tem tratado as mulheres toda a
sua vida. Eu ouvi tudo aquilo e sinto-o pessoalmente. Estou certa de que muitos
de vocês também sentem, particularmente as mulheres, os comentários vergonhosos
sobre o nosso corpo; o desrespeito pelas nossas ambições e intelecto; a crença
de que você pode fazer o que quiser a uma mulher é cruel, assustador e a
verdade é que dói”.
Mulheres vêm a público
denunciar Donald Trump
Depois da divulgação do vídeo de 2005,
diferentes jornais norte-americanos publicaram ontem histórias de quatro
mulheres acusando Donald Trump de as ter tocado e beijado sem consentimento, em
diferentes ocasiões.
Os relatos se referem a acontecimentos ocorridos
entre 11 e 30 anos atrás. Um dos jornais, oThe New York Times, publicou factos
narrados por Jessica Leeds, que hoje tem 74 anos. Ela disse que foi molestada
num voo para Nova Iorque. A outra história foi contada por Rachel Crooks, que
afirma ter sido vítima de assédio do candidato à presidência dos EUA quando
trabalhava como secretária do Edifício Trump, no centro de Nova Iorque.
Numa mensagem publicada no Twitter, Trump
nega a versão das duas mulheres. “A história é falsa. Uma fabricação total”,
disse.
A repórter Natasha Stoynoff escreveu para a
revista People um artigo em que relata que foi assediada durante o
período em que cobria acontecimentos relacionados a Donald Trump há 12 anos.
Ela conta que uma vez foi empurrada contra a parede e forçada a beijar o
empresário. Essa história foi também desmentida por Donald Trump no Twitter. A
resposta do candidato indaga por que Natasha não escreveu sobre o assunto
há 12 anos, quando trabalhava para a revista. “Porque não aconteceu”, prossegue
a mensagem.
O jornal Palm Beach Post publicou o
relato de Mind McGillivray, hoje com 36 anos, que também afirma ter sido
acariciada por Donald Trump, sem ter dado consentimento para isso. Segundo ela,
o assédio ocorreu há 13 anos, quando estava em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na
Flórida, enquanto ajudava um amigo num trabalho de fotografia.
As acusações feitas pelas mulheres ocorrem a
menos de quatro semanas das eleições para a presidência dos Estados Unidos. Num
momento delicado da campanha, quando começa a perder pontos em pesquisas sobre
a intenção de votos de eleitores norte-americanos, Trump terá que gastar um
tempo precioso para dar respostas convincentes para as acusações.