Juiz do julgamento de activistas
considera JES um símbolo nacional
O décimo sexto dia
de julgamento começou com a exibição de dois vídeos confrontando Albano
Bingo-Bingo, de quem se queria saber se esteve ou não no encontro onde, segundo
o vídeo exibido, o professor Domingos da Cruz e o engenheiro Luaty Beirão,
exemplificavam o suposto financiamento que algumas instituições atribuem a
pessoas e organizações.
Sem responder às
perguntas do Ministério Público, a audiência de Albano Bingo-Bingo terminou
também sem qualquer questão da equipa de defesa.
O décimo réu, José
Gomes Hata, foi igualmente interrogado sobre se já participou nas eleições e se
respeitava os símbolos nacionais. Na ocasão o juiz Januaário Domingos José
disse que considera o Presidente da República um símbolo nacional.
Mas segundo o advogado
Zola Ferreira Bambi, membro da equipa de advogados e que também acompanha as
audiências, os símbolos nacionais são apenas a bandeira, o hino e a insígnia:
“Consideramos ser uma aberração porque os símbolos da República são apenas a
bandeia o hino e o escudo ou seja a insígnia” disse.
Após as perguntas
preliminares a Gomes Hata, o juiz Januário José desentendeu-se com aquele. O
desentendimento terá estado relacionado com o facto de Hata ter admitido
parcialmente o que estava escrito nos autos de instrução preparatória.
Segundo a acta, o
que estava escrito parecia parcialmente o que ele tinha dito na fase de
instrução, mas Hata afirmou que não podia confirmar a assinatura constante no
referido documento. Este desentendimento levou o juiz a castigar José Gomes
Hata, obrigando-o a responder durante mais de duas horas de pé. Hata denunciou
ainda que tinha sido coagido a aceitar o crime de rebelião.
Em declarações à
imprensa, Nzola Mbambi disse no final da sessão de interrogatório de Arante
Kivuvo e José Gomes Hata, que o novo vídeo exibido na sessão desta
segunda-feira tem ainda "menos elementos" em relação aos primeiros.
Disse haver no
vídeo pouca nitidez e dificuldade de compreensão, daí considerar que se
continua na mesma linha dos primeiros, "que até agora não convencem e não
levam ao esclarecimento".
Nzola Mabambi disse
que o processo está lento, pela sua complexidade, pois até ao momento a defesa
considera que "tudo quanto foi apresentado ainda não constitui as provas
que se esperavam".
Acrescentou que,
inicialmente, previa-se que a produção de provas levaria uma ou duas semanas.
Para Terça-feira
está agendada a conclusão do interrogatório de José Hata, o décimo réu a ser
ouvido e o início do interrogatório do jornalista Sedrick de Carvalho.
Nesta Segunda-feira
numa carta aberta ao Presidente da República, assinada por 14 dos 15
activistas, os réus falam de uma nova greve de fome e das irregularidades do
julgamento.
Voanews