ELEIÇÕES NA NIGÉRIA, A OFENSIVA DO BOKO HARAM, O
SILÊNCIO DIANTE A VIOLÊNCIA E A ONU
A
Nigéria está imersa em uma guerra civil brutal que pretensamente parece ser um
conflito entre muçulmanos e cristãos mas, no fundo, são tensões que dividem a
elite dominante, rica, corrupta e dona do petróleo e a região norte do país,
negligenciada, pobre e privada de seus direitos civis. Mais de 10 mil pessoas
foram mortas em 2014 e mais de 1.6 milhão de nigerianos tiveram que deixar suas
casas. O Boko Haram controla atualmente uma área do tamanho da Dinamarca.
Os políticos vêm alimentando essa divisão e o recente aumento da violência acontece em meio a uma campanha eleitoral mortal. Surpreendentemente, a resposta inepta e insuficiente do presidente Goodluck Jonathan pode ser parte de um jogo sombrio -- se houver caos no norte do país e poucos saírem para votar as chances de ele continuar no poder são maiores, visto que sua base eleitoral está no sul da Nigéria.
Conselheiros militares internacionais e forças especiais foram enviadas à Nigéria, mas muitos hesitam em colaborar com o exército nigeriano por causa do seu histórico de violações de direitos humanos. O Conselho de Segurança deve priorizar um projeto de verdade que inclui acabar com a corrupção no exército e treinar os combatentes para conter o Boko Haram, investir nas regiões mais pobres e priorizar um programa de combate à corrupção mais amplo.
Isso não é um choque de ordem e a crise não irá, com certeza, ser resolvida em alguns dias. Mas é imoral ignorar esse absurdo por mais tempo. Nossa comunidade global pode pressionar o Conselho de Segurança a finalmente apresentar um plano genuíno de paz:
Se não fizermos nada, milhares de pessoas serão mortas e a ameaça do Boko Haram vai se espalhar. Os ataques em Paris nos mostraram que não há fronteiras para o terrorismo. Junte-se ao apelo:
Com eleições acontecendo em breve e o aumento da violência, a Nigéria é uma panela de pressão prestes a estourar. Os políticos nigerianos falharam com seu próprio povo e a comunidade internacional permitiu que a situação se deteriorasse. Não podemos esperar mais e, com apoio suficiente, ação por parte das Nações Unidas pode mudar as regras do jogo. Vamos fazer isso acontecer.
Com esperança e determinação,
Alice, Pascal, Mike, Melanie, Marigona, Ricken e toda a equipe da Avaaz