domingo, 25 de janeiro de 2015

ANGOLA: ALERTA DO REGIME CONTRA A INSATISFAÇÃO FACE À EXPLORAÇÃO E ASSASSINATOS

ANGOLA: ALERTA DO REGIME CONTRA A INSATISFAÇÃO FACE À EXPLORAÇÃO E ASSASSINATOS


MILITARES EM PRONTIDÃO

Folha 8 Digital (ao), 24 janeiro 2015

O longevo Comandan­te em Chefe das Forças Armadas Angolanas, mesmo sem nunca ter dirigido, uma companhia de 10 milita­res, mas, talvez por isso mesmo, também, general de Exército, José Eduar­do dos Santos, temeroso face a uma provável, nova guerra, ordenou e o co­mandante da Força Aérea Nacional (FAN), gene­ral Francisco Gonçalves Afonso, veio a terreiro ga­rantir aos seus pupilos, e não só, que o ramo vai ser equipado nos próximos meses com novos radares, material de defesa antiaé­rea e aeronaves, apesar da crise económica e finan­ceira derivada da má ges­tão do erário público.




O perigo espreita e é pre­ciso estar atento. Eduardo dos Santos sabe que para negociar a paz, seja interna ou externamente, é preci­so estar preparado para a guerra. Jonas Savimbi já não é o bode expiató­rio ideal, mas há outros. Se não há… inventam-se. Além disso, o Presidente do MPLA, da República e Chefe do Governo sabe que com os militares não se brinca.



E tanto assim é que não foi inocente, a realização do 39.º aniversário da Força Aérea, assinalado no dia 21 de Janeiro de 2015, na Base Aérea de Saurimo, na pro­víncia da Lunda Sul.



Primeiro para uma clara demonstração de força, junto daqueles que mais reclamam, a miséria que grassa numa das regiões mais ricas diamantifera­mente, como os intelec­tuais, as forças da oposição e o Movimento do Protec­torado Lunda-Tchokwe.



A exploração das minas de diamantes nas Lundas, por parte de um grupo restrito e identificado de generais, de dirigentes do MPLA, de filhos (Isabel tem a mina com o maior e melhor filão) e familiares do Comandante em Che­fe das Forças Armadas, ao invés de constituir uma mola de desenvolvimento económico e social, vem significando má utilização dos solos, forte agressão ao ambiente, aliada a uma nova forma de opressão político-colonial, por parte do regime, onde no afã de espoliar as populações das suas terras, não se coíbe de prender, deslocar e as­sassinar populares.



O projecto Catoca, dirigi­do por Ganga Júnior, na fronteira entre a Lunda Norte e Lunda Sul, é disso um exemplo, com despe­dimentos sem justa causa e até mesmo carcere pri­vado a trabalhadores que queiram recorrer, com justa causa, aos artigos 50.º (Liberdade Sindical) ou ainda o 51.º (Direito à greve e proibição do lock out) da Constituição. Re­centemente, quando um grupo de trabalhadores, pretendeu filiar-se num novo sindicato, Ganga Jú­nior chamou a Polícia do MPLA, que deveria ser Nacional, para impedir o direito à greve, proceden­do ao cárcere privado e aos despedimentos sem justa causa.



Como se vê, diante deste clima a demonstração da força é, para o regime, uma das suas armas de eleição. Daí movimentar a máqui­na bélica e repressiva, para o teatro das Lundas, onde cresce o clima de opressão às suas populações.



E num voo rasante, o ge­neral Francisco Gonçal­ves Afonso no seu Mig 27 garantiu a arquitectura da força: “está desenhada, neste ano e no próximo, a aquisição de equipamen­tos para nos irmos adap­tando ao novo cenário. Com novos radares, equi­pamento de defesa antiaé­rea e aeronaves”.




Embora sem adiantar o montante deste investi­mento, disse tratar-se de um plano de moderniza­ção que começou a ser es­tudado há vários meses. E, neste caso, o Orçamento Geral do Estado tem di­nheiro. Pode não ter para matar a fome a quem tem fome, e são milhões, mas com os militares a coisa pia mais fino. Pia mesmo...