Extractos
proferidos por José Mateus Zecamutchima, numa reunião do Comité Politico do
Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe realizado em Dezembro de
2019, eis o teor para a nossa reflexão:
...«Muitas
vezes, as pessoas da elite angolana e não só, e sobretudo jornalistas me
perguntam, porquê eu defendo fervorosamente, a questão Lunda Tchokwe?
Eu
digo-lhes que, defendo o nacionalismo e o patriotismo, sobretudo a pertença
Lunda Tchokwe ao povo Lunda Tchokwe, ao país Lunda Tchokwe que não é parte de
Angola, mas sim colónia de Angola, que não tem nada a ver com os angolanos, que
não tem nada a ver com xenofobia, nem com o racismo, nem com o tribalismo ou
com qualquer tipo de extremismo, por mim, todos os povo e lideres devem
defender o nacionalismo da sua terra. Dizer que a nação Lunda é hoje uma
parcelazinha de Angola, é um disparate, sinto me revoltado e desesperado. Não aceito,
prefiro sofrer até morrer sem me curvar as evidências.
Não
aceitar que um estrangeiro ou individuo de outra cor ou cultura, coabite
consigo é que inadmissível. Agora mobilizar o povo a partir do seu patriotismo
para defender a Lunda que a sua nação, é um dever legítimo, é um direito
natural de cada indivíduo e de cada povo; é o nosso escudo para nos proteger da
colonização angolana e de futuro de outros povos que hão de querer vir nos
usurpar, como estamos agora.
Um
verdadeiro filho Lunda Tchokwe, de sangue, corpo e alma, que conhece ou já o
educaram sobre a sua historia recente, não aceitaria por qualquer pretexto,
deixar-se colonizar, deixar de ver o seu irmão a ser morto e sem nada poder
fazer, mais vale um cão morto do que um homem cobarde.
Defender
o nacionalismo patriótico Lunda Tchokwe é fortificar e cimentar a união interna
dos nossos povos, etnias e tribos pequenas ou amplas, porque um povo sem
identidade própria, estaremos vocacionados a desaparece junto com ela as nossas
tradições e culturas, sem terra e sem alma, passaremos a ser “CIGANOS” africanos ou crioulos sem
origens.
Sem
alternativa, teremos de pegar um dia em armas e lutarmos até a exaustão para
nos libertarmos da colonização, sabemos de partida que o governo angolano
jamais irá aceitar que dialoguemos pacificamente, estamos a caminho de 14 anos
desde 2006, qual tem sido a reacção do governo, ignorar a causa!.. estamos
consciente de que o MPLA, nunca, mais nunca irá dialogar, temos de estar
treinados e preparados para o pior, educar o povo para todos os cenários possíveis,
não advogo a guerra ou violência e vandalismo, mas tudo indica que a saída será
mesmo a guerra, é assim que pensa a comunidade internacional para se envolver
numa causa.
Podemos
realizar mega manifestações, as elites africanas não pensam como no ocidente, vão
nos neutralizar, humilhar e o mais grave, proibir-nos de reclamar o nosso
direito, o mais sagrado e inalienável, vão nos agredir, vão nos ferozmente
incriminando como agitadores e vilmente condenados por defendermos uma causa
legitima.
Companheiros,
aqui nesta sala, dentro de 12 meses, viremos para testemunhar que o governo de Angola
sem uma guerra de destruição e mortes, não vai dialogar, com certeza, mas repito,
eu não advogo a guerra, mas o cenário parece que é este; foi assim com os
nacionalistas angolanos contra Portugal, com os nacionalistas Moçambicanos,
Cabo Verdianos, Guineanos, Namibianos, Timorenses, Sudaneses, Palestinianos,
entre outros povos subjugados colonialmente.
A guerra não é solução,
que outra alternativa que temos?
Já escrevemos a ONU, a União Europeia, a União Africana, ao Conselho da
Segurança, aos Presidentes dos Estados Unidos de América, França, Portugal,
Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Rússia, China, Vaticano, Parlamento Europeu e
varias outras entidades ao longo dos 14 anos de luta pacifica (2006 – 2019), qual tem sido a reacção deles? Nenhuma,
pura ignorância. A imprensa angolana e internacional tudo tem feito para tentar
ouvir o que eles os jornalistas chamam contraditório sobre esta matéria, mas o
governo do MPLA esta nem ai...continua nas tintas com a questão Lunda Tchokwe,
diz ele, cães que ladrão a caravana passa.
Tivemos
audiências com muitos diplomatas, os nossos companheiros da Missão Externa tudo
fazem junto da Comunidade Internacional. O Governo do MPLA já recebeu cartas de
muitos países e instituições internacionais para dar exemplo de como resolver
este caso de forma pacifica, isto foi com o Presidente José Eduardo dos Santos
e agora também com João Manuel Gonçalves Lourenço, que fingiu um encontro com o
envio de três emissários para nos ouvir no Cerimonial da Presidência, lá no seu
Palácio da cidade alta em Dezembro de 2017, e dai? Nenhum outro sinal.
Qual é a solução ou
alternativa que resta para este caso, meus companheiros? O MPLA não quer dialogar com a Lunda
nem reconciliar com os nossos irmãos de Cabinda que se batem desde 1957, é
miragem pensarmos que sem uma guerra, o MPLA vai falar da Lunda de bandeja, que
Portugal que se beneficia dos diamante provenientes da Lunda que seria o nosso
suporte, por ser aquele que encanou o mundo que estava a nos proteger, vai
falar da questão, muito menos a geopolítica económica internacional com
interesses na Lunda.
Qual é a saída, meus
camaradas?.. só nos resta
o nacionalismo patriótico, que nos dá a razão de continuarmos a lutar contra
apetites vorazes dos mais fortes economicamente e mais guerreiros no terreno bélico,
o MPLA e a sua maquina militar, financeira e diplomática.
Temer
a morte que é natural, é também cobardia, porque morre-se de paludismo, diarreia,
doenças respiratórios, HIV/Sida, de diferente e mil formas, não temos de temer
a morte, porque morre-se de guerra ou de doença, tudo é igual, é a morte na
mesma, por isso, temos de estar treinados e preparados para o pior cenário nos próximos
tempos.
Camaradas
e companheiros, eu não estou a incitar a guerra na Lunda, as minhas palavras não
podem ser confundidas aqui nesta reunião, se temos aqui traidores que ao
terminar a nossa reunião vão correr para informar o SINSE e o MPLAS, que o
façam, as minhas palavras são para reflexão do futuro do nosso movimento e do
futuro da Lunda. Reflectir sobre os cenários possíveis, porque o mundo prega – nos
a qualquer momento, não podemos ficar distraídos, a questão da Lunda depende
muito de nós que publicamente anunciamos defender a ferro e fogo o território, não
podemos dormir descansadinhos. Precisamos de soluções imediatos, precisamos ver
os erros dos outros no seu passado para corrigir os nossos, não necessariamente
por via da guerra, embora o cenário conduza-nos neste sentido.
A
Juventude Patriótica lunda Tchokwe, ou seja JUPLE é hoje chamada para cativar
este nosso pensamento, reflectir seriamente o futuro da luta em todas as
vertentes, estarem treinados e preparados do que vier a breve trecho, quem
sabe!.. o futuro da Lunda pertence a novas gerações que são vocês a juventude
de hoje, os homens de amanha, serão vocês a nos substituir e contar a historia
desta luta. A Juventude não pode dormir descansadinha, não meus compatriotas!..
A
grandeza da Lunda Tchokwe, é a união destes pequenos conjuntos dos nossos
povos, da nossa ancestralidade, o embrião natural que começa com uma partícula,
célula, núcleo, cada um de nós, a família, a aldeia, o quimbo, a sanazala que
nos dá a força e a energia colectiva que é indestrutível. Parte de premissas
que devemos carregar dentro de nós para vencermos a guerra e restaurar a nossa independência»...
Companheiros,
se eu estiver errado, me corrijam e tragam alternativas, o nosso povo desesperado
e saturado, porque quer se libertar das garras da colonização, o povo esta
cansado de ser humilhado, pisado, maltratado e a juventude sem futuro no
horizonte. Sou humano e fraco, capaz de cometer erros, ainda assim, se estivermos
no mesmo barco, vamos corrigir os nossos erros e pensamentos erróneos...
Continuação...
Extracto de palavras
proferidas por Zecamutchima Presidente
do MPPLT numa Reunião do Comité Politico em Luanda aos 19 de Dezembro de 2019
Por Ngongo Muetxeno