segunda-feira, 19 de outubro de 2020

O NACIONALISMO PATRIOTICO DEFENDIDO POR ZECAMUTCHIMA PRESIDENTE DO PROTECTORADO PORTUGUES DA LUNDA TCHOKWE

 



 

Extractos proferidos por José Mateus Zecamutchima, numa reunião do Comité Politico do Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe realizado em Dezembro de 2019, eis o teor para a nossa reflexão:

 

...«Muitas vezes, as pessoas da elite angolana e não só, e sobretudo jornalistas me perguntam, porquê eu defendo fervorosamente, a questão Lunda Tchokwe?  

 

Eu digo-lhes que, defendo o nacionalismo e o patriotismo, sobretudo a pertença Lunda Tchokwe ao povo Lunda Tchokwe, ao país Lunda Tchokwe que não é parte de Angola, mas sim colónia de Angola, que não tem nada a ver com os angolanos, que não tem nada a ver com xenofobia, nem com o racismo, nem com o tribalismo ou com qualquer tipo de extremismo, por mim, todos os povo e lideres devem defender o nacionalismo da sua terra. Dizer que a nação Lunda é hoje uma parcelazinha de Angola, é um disparate, sinto me revoltado e desesperado. Não aceito, prefiro sofrer até morrer sem me curvar as evidências.

 

Não aceitar que um estrangeiro ou individuo de outra cor ou cultura, coabite consigo é que inadmissível. Agora mobilizar o povo a partir do seu patriotismo para defender a Lunda que a sua nação, é um dever legítimo, é um direito natural de cada indivíduo e de cada povo; é o nosso escudo para nos proteger da colonização angolana e de futuro de outros povos que hão de querer vir nos usurpar, como estamos agora.

 

Um verdadeiro filho Lunda Tchokwe, de sangue, corpo e alma, que conhece ou já o educaram sobre a sua historia recente, não aceitaria por qualquer pretexto, deixar-se colonizar, deixar de ver o seu irmão a ser morto e sem nada poder fazer, mais vale um cão morto do que um homem cobarde.

 

Defender o nacionalismo patriótico Lunda Tchokwe é fortificar e cimentar a união interna dos nossos povos, etnias e tribos pequenas ou amplas, porque um povo sem identidade própria, estaremos vocacionados a desaparece junto com ela as nossas tradições e culturas, sem terra e sem alma, passaremos a ser “CIGANOS” africanos ou crioulos sem origens.

 

Sem alternativa, teremos de pegar um dia em armas e lutarmos até a exaustão para nos libertarmos da colonização, sabemos de partida que o governo angolano jamais irá aceitar que dialoguemos pacificamente, estamos a caminho de 14 anos desde 2006, qual tem sido a reacção do governo, ignorar a causa!.. estamos consciente de que o MPLA, nunca, mais nunca irá dialogar, temos de estar treinados e preparados para o pior, educar o povo para todos os cenários possíveis, não advogo a guerra ou violência e vandalismo, mas tudo indica que a saída será mesmo a guerra, é assim que pensa a comunidade internacional para se envolver numa causa.

 

Podemos realizar mega manifestações, as elites africanas não pensam como no ocidente, vão nos neutralizar, humilhar e o mais grave, proibir-nos de reclamar o nosso direito, o mais sagrado e inalienável, vão nos agredir, vão nos ferozmente incriminando como agitadores e vilmente condenados por defendermos uma causa legitima.

 

Companheiros, aqui nesta sala, dentro de 12 meses, viremos para testemunhar que o governo de Angola sem uma guerra de destruição e mortes, não vai dialogar, com certeza, mas repito, eu não advogo a guerra, mas o cenário parece que é este; foi assim com os nacionalistas angolanos contra Portugal, com os nacionalistas Moçambicanos, Cabo Verdianos, Guineanos, Namibianos, Timorenses, Sudaneses, Palestinianos, entre outros povos subjugados colonialmente.

 

A guerra não é solução, que outra alternativa que temos? Já escrevemos a ONU, a União Europeia, a União Africana, ao Conselho da Segurança, aos Presidentes dos Estados Unidos de América, França, Portugal, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Rússia, China, Vaticano, Parlamento Europeu e varias outras entidades ao longo dos 14 anos de luta pacifica (2006 – 2019), qual tem sido a reacção deles? Nenhuma, pura ignorância. A imprensa angolana e internacional tudo tem feito para tentar ouvir o que eles os jornalistas chamam contraditório sobre esta matéria, mas o governo do MPLA esta nem ai...continua nas tintas com a questão Lunda Tchokwe, diz ele, cães que ladrão a caravana passa.

 

Tivemos audiências com muitos diplomatas, os nossos companheiros da Missão Externa tudo fazem junto da Comunidade Internacional. O Governo do MPLA já recebeu cartas de muitos países e instituições internacionais para dar exemplo de como resolver este caso de forma pacifica, isto foi com o Presidente José Eduardo dos Santos e agora também com João Manuel Gonçalves Lourenço, que fingiu um encontro com o envio de três emissários para nos ouvir no Cerimonial da Presidência, lá no seu Palácio da cidade alta em Dezembro de 2017, e dai? Nenhum outro sinal.

 

Qual é a solução ou alternativa que resta para este caso, meus companheiros? O MPLA não quer dialogar com a Lunda nem reconciliar com os nossos irmãos de Cabinda que se batem desde 1957, é miragem pensarmos que sem uma guerra, o MPLA vai falar da Lunda de bandeja, que Portugal que se beneficia dos diamante provenientes da Lunda que seria o nosso suporte, por ser aquele que encanou o mundo que estava a nos proteger, vai falar da questão, muito menos a geopolítica económica internacional com interesses na Lunda.

 

Qual é a saída, meus camaradas?.. só nos resta o nacionalismo patriótico, que nos dá a razão de continuarmos a lutar contra apetites vorazes dos mais fortes economicamente e mais guerreiros no terreno bélico, o MPLA e a sua maquina militar, financeira e diplomática.

 

Temer a morte que é natural, é também cobardia, porque morre-se de paludismo, diarreia, doenças respiratórios, HIV/Sida, de diferente e mil formas, não temos de temer a morte, porque morre-se de guerra ou de doença, tudo é igual, é a morte na mesma, por isso, temos de estar treinados e preparados para o pior cenário nos próximos tempos.

 

Camaradas e companheiros, eu não estou a incitar a guerra na Lunda, as minhas palavras não podem ser confundidas aqui nesta reunião, se temos aqui traidores que ao terminar a nossa reunião vão correr para informar o SINSE e o MPLAS, que o façam, as minhas palavras são para reflexão do futuro do nosso movimento e do futuro da Lunda. Reflectir sobre os cenários possíveis, porque o mundo prega – nos a qualquer momento, não podemos ficar distraídos, a questão da Lunda depende muito de nós que publicamente anunciamos defender a ferro e fogo o território, não podemos dormir descansadinhos. Precisamos de soluções imediatos, precisamos ver os erros dos outros no seu passado para corrigir os nossos, não necessariamente por via da guerra, embora o cenário conduza-nos neste sentido.

 

A Juventude Patriótica lunda Tchokwe, ou seja JUPLE é hoje chamada para cativar este nosso pensamento, reflectir seriamente o futuro da luta em todas as vertentes, estarem treinados e preparados do que vier a breve trecho, quem sabe!.. o futuro da Lunda pertence a novas gerações que são vocês a juventude de hoje, os homens de amanha, serão vocês a nos substituir e contar a historia desta luta. A Juventude não pode dormir descansadinha, não meus compatriotas!..

 

A grandeza da Lunda Tchokwe, é a união destes pequenos conjuntos dos nossos povos, da nossa ancestralidade, o embrião natural que começa com uma partícula, célula, núcleo, cada um de nós, a família, a aldeia, o quimbo, a sanazala que nos dá a força e a energia colectiva que é indestrutível. Parte de premissas que devemos carregar dentro de nós para vencermos a guerra e restaurar a nossa independência»...

 

Companheiros, se eu estiver errado, me corrijam e tragam alternativas, o nosso povo desesperado e saturado, porque quer se libertar das garras da colonização, o povo esta cansado de ser humilhado, pisado, maltratado e a juventude sem futuro no horizonte. Sou humano e fraco, capaz de cometer erros, ainda assim, se estivermos no mesmo barco, vamos corrigir os nossos erros e pensamentos erróneos...


Continuação...

Extracto de palavras proferidas por Zecamutchima Presidente do MPPLT numa Reunião do Comité Politico em Luanda aos 19 de Dezembro de 2019

Por Ngongo Muetxeno