Deputados brasileiros enviam
processo de impugnação de Dilma Rousseff ao Senado
Processo segue para o
Senado que vai decidir se abre ou não a impugnação.
A
Câmara dos Deputados do Brasil aprovou neste domingo, 17, o encaminhamento do
processo de impugnação da Presidente Dilma Rousseff ao Senado por 367 votos a
favor e 137 contra, numa sessão que começou na sexta-feira à tarde.
Durante mais de seis horas, 505 deputados
votaram e manifestaram a sua posição, numa sessão transmitida ao vivo pelas
cadeias da televisão do país e acompanhada por milhares de pessoas, a favor e
contra, em várias avenidas e praças, que acompanharam a votação através de
ecrãs gigantes.
O Senado
deve começar ainda neste mês a apreciar a denúncia apresentada contra Dilma
Rousseff.
Em linhas
gerais, os senadores votarão primeiro para dizer se concordam ou não com a
instauração do processo.
Para
avançar, a impugnação precisará do voto da maioria, isto é, de pelo menos 41
dos 81 senadores.
Opositores comemoram
derrota de Dilma Rousseff
Caso o
processo for de facto aberto, a Presidente se afastará do cargo por um período
de seis meses.
Então, terá
início a discussão e análise da denúncia, com apresentações da acusação e da
defesa, sob o comando do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo
Lewandowski.
Esse
processo culminará com o julgamento final dos senadores, em votação nominal e
aberta no plenário.
Dilma
Rousseff será afastada definitivamente da Presidência da República se dois
terços do Senado (54 dos 81 senadores) considerarem que ela cometeu crime.
Nesse caso,
o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), assume, com a missão de
cumprir o mandato restante até o fim, no dia 31 de dezembro de 2018.
Governo reconhece
derrota
Ainda antes
do fim da votação deste domingo, o Governo reconheceu a derrota na Câmara dos
Deputados e começou a preparar batalha no Senado.
"Nós
perdemos porque os golpistas foram mais fortes, comandados pelo Eduardo Cunha
[presidente da Câmara dos Deputados]. Reconhecemos a derrota, mas de cabeça
erguida. Nessas horas, como não somos golpistas, a melhor forma de falar para o
Brasil é que estamos firmes e que esse país vai se levantar contra esses
golpistas que nem têm voto e condições de governar o Brasil. A guerra continua,
a luta continua, agora nas ruas e no Senado Federal", disse o líder do
Governo na Câmara, José Guimarães no Salão Verde da Câmara.
Guimarães também
rejeitou a possibilidade de realizar novas eleições.
"Não
tem nada de eleição geral. A luta agora é nas ruas e no Senado Federal",
disse o líder do Governo, adiantando “a expectativa é que o país se levante.
Vamos continuar lutando porque não somos de recuar e muito menos de nos
deixarmos abater por essa derrota momentânea. Há campo político para
disputa".
Segunda impugnação
Na história política brasileira, esta é a
segunda vez que o processo de impugnação de um Presidente da República recebe o
aval da Câmara dos Deputados.
A primeira foi em 29 de setembro de 1992,
quando o então presidente Fernando Collor de Mello, do PRN, teve seu pedido de
afastamento acolhido com o voto de 441 deputados (outros 38 votaram contra, um
se absteve e 23 não compareceram à sessão).