LUNDA TCHOKWE A COUTADA DA
ELITE DE ANGOLA CONTINUA A SER PARTILHADA COMO ACONTECEU COM A CONFERÊNCIA DE BERLIM
DE 1884-1885 SOBRE ÁFRICA, CANADIANOS VÃO EXPLORAR DIAMANTES DO RIO LUEMBE
A diamantífera canadiana Tango Mining
anunciou hoje que vai estender as operações a Angola, com um contrato de três
anos com a Cooperativa Exploração Semi-Industrial de Diamantes (Txapemba) para
explorar diamantes na bacia do rio Luembe.
A cooperativa tem uma concessão
de 84 quilómetros quadrados para a exploração semi-industrial de diamantes
nesta área, e a Tango ficará responsável pela exploração e pelas despesas de
capital.
“A Tango será responsável pelas
despesas de capital associadas com a aquisição de equipamento e desenho da mina
e será o único operador”, lê-se na nota de imprensa divulgada pela
diamantífera.
“Como remuneração, a Tango vai
receber 60% dos lucros da venda das pedras produzidas e todos os custos
operacionais da empresa são dedutíveis”, acrescenta o comunicado disponível no
‘site’ da diamantífera com sede em Vancouver, no Canadá.
Nos próximos meses, a Tango vai
levar a cabo uma avaliação geológica completa e o objectivo é começar a
exploração assim que possível, apesar de não ser avançada uma data para o
início da actividade.
Angola, o quinto maior produtor
de diamantes a nível mundial em termos de valor, tem encorajado o investimento
estrangeiro nesta área, principalmente a partir de 2011, com a introdução de um
novo código para este sector, que deixou de obrigar a que as empresas nacionais
tivessem a maioria do capital nos projectos.
Recorde-se que o Ministério da
Geologia e Minas autorizou mais cinco cooperativas privadas a avançar com a
exploração semi-industrial de diamantes, três das quais em quase 450
quilómetros quadrados (km2) da província de Malanje. Mês de eleições é mês
bendito para as promessas do regime. MPLA brinca com a inteligência dos
angolanos e também, é claro, com o dinheiro que deveria ser de todos mas que,
afinal, é só deles.
A decisão consta de cinco
recentes despachos assinados pelo ministro Francisco Queiroz, que prevêem as
atribuições dos direitos de exploração por um ano, prorrogáveis por quatro,
ficando as cooperativas obrigadas a prestar informações técnicas e económicas à
concessionária diamantífera do regime Endiama.
O ministro da Geologia e Minas
justifica, nos mesmos despachos, que o “aproveitamento sustentável dos recursos
minerais do país” implica “o reforço e a aceleração da diversificação das
actividades de prospecção e exploração mineira, envolvendo tanto o sector
público quanto o sector privado da nossa economia”.
Para a província de Malanje foram
atribuídas concessões para a Cooperativa Mineira Brilho do Mussende, no
município da Cangandala, e uma área de 50,53 km2, seguindo-se a Cooperativa
Mineira Twala Kumoxi, no município de Kunda-Dya-Base, com 190 km2, e a
Cooperativa de Pesquisa e Recursos Minerais, no município de Malanje, com 200
km2.
Outros dois despachos atribuem
concessões para exploração semi-industrial de diamantes na província vizinha da
Lunda Norte, casos das cooperativas Txapemba Canguba, no município de Cambulo,
com 84 km2, e L&L Comércio, em sete km2 do município do Chitato.
As autoridades angolanas têm
admitido publicamente a preocupação com o garimpo ilegal de diamantes na região
das Lundas, onde está concentrada a produção diamantífera nacional, defendendo
o modelo de associação em cooperativas, para exploração semi-industrial
devidamente autorizada.
Esta actividade, com recurso a
meios limitados em termos legais, já tem sido autorizada igualmente a
cooperativas mineiras nas províncias da Lunda Sul e Cuanza Sul.
Os diamantes, segundo maior
produto de exportação angolana, renderam 1.082 milhões de dólares (920 milhões
de euros) em 2016, uma redução de 100 milhões de dólares (85 milhões de euros)
comparativamente a 2015, segundo dados avançados em Dezembro passado pelo
ministro da Geologia e Minas.
Orgia de uns poucos, pobreza de
milhões
Angola, este reino africano que
para uma população de 26 milhões tem 20 milhões de pobres, tem potencial
diamantífero nas regiões norte e nordeste do país, com dados que indicam para a
existência de um total de recursos em reservas de diamantes superior a mil
milhões de quilates.
A informação foi divulgada a 30
de Junho durante a apresentação de um estudo sobre o “Potencial Diamantífero de
Angola: Presente e Futuro”, realizado pelos serviços geológicos das
diamantíferas russa, Alrosa, e a angolana Endiama.
No que diz respeito aos
kimberlitos, são responsáveis por 950 mil milhões de quilates, enquanto que os
aluviões correspondem a mais de 50 mil milhões de quilates.
O director-adjunto da Empresa de
Investigação científica na área de pesquisa e prospecção geológica da Alrosa,
Victor Ustinov, que apresentou o estudo, referiu que esses dados demonstram que
o potencial kimberlítico de Angola é 15 vezes superior ao potencial aluvionar.
“Ao mesmo tempo, podemos dizer
que em Angola existem territórios com muito boa probabilidade de descoberta de
novos jazigos de diamantes”, disse, acrescentando que a empresa conjunta da
Alrosa e Endiama, a Kimang, está a realizar os seus trabalhos de prospecção
geológica numa dessas áreas.
O estudo refere que Angola tem
territórios com grandes probabilidades de descoberta de diamantes.
Os resultados da pesquisa apontam
que os territórios, que abrangem as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul,
Malange e Bié, apresentam alto potencial diamantífero, e sem probabilidades de
existência de diamantes as províncias do Uíge, Zaire, Luanda e Bengo.
Com potencial provável, o estudo
indica os territórios integrados pelas províncias do Cuanza Norte, Cuanza Sul,
Huambo, Huíla, Benguela, onde poderão ser descobertas reservas kimberlíticas
com teor médio de diamantes e reservas aluvionares de média dimensão.
Ainda por esclarecer o seu
potencial estão as províncias Cuando Cubango, Moxico e Namibe, devendo ser
realizado trabalhos de investigação científica, defendeu o responsável.
Victor Ustinov sublinhou que uma
vez realizados estudos de investigação adicionais é possível aumentar o
potencial diamantífero de Angola em pelo menos 50%.
“Com o potencial de 1,5 mil
milhões de quilates de diamantes podemos estar seguros que o sector de
mineração vai se desenvolver de forma significativa”, disse, indicando
trabalhos que devem ser desenvolvidos nesse sentido.
“É necessário desenvolver novos métodos
de prospecção que permitam descobrir jazigos kimberlíticos e aluvionares a
grandes profundidades, usando métodos de estudos geofísicos, geoquímicos,
análises de imagens espaciais e estudos analíticos”, disse.
A finalizar, Victor Ustinov
sublinhou que o potencial diamantífero de Angola “é muito alto e nos próximos
anos o país será palco de grandes descobertas”.
No final da apresentação, em
declarações à imprensa, o ministro da Geologia e Minas de Angola, Francisco
Queiroz, disse que a informação apresentada é de grande utilidade para Angola,
“não só para efeitos pedagógicos, científicos, como também para o trabalho que
se está a realizar de recolha de informação ao nível do Plano Nacional de
Geologia (Planageo)”.
Francisco Queiroz disse que
Angola está a trabalhar com as autoridades da Rússia para a recolha geológica
em posse russa, trabalhos realizados para integrar na base de dados do
Planageo.
Folha 8 com Lusa