quinta-feira, 14 de novembro de 2013

ANGOLA RECUSA JÚDICE COMO ÁRBITRO INDICADO POR PORTUGAL NO DIFERENDO COM ENDIAMA

ANGOLA RECUSA JÚDICE COMO ÁRBITRO INDICADO POR PORTUGAL NO DIFERENDO COM ENDIAMA






O Tribunal Provincial de Luanda recusou a indicação do jurista José Miguel Júdice, como árbitro indicado por Portugal, no diferendo entre a Sociedade Portuguesa de Empreendimentos (SPE) e a ENDIAMA, disse esta segunda-feira à Lusa fonte ligada ao processo.



Em causa está o litígio que opõe a SPE à empresa de diamantes de Angola, detida a 100 por cento pelo Estado angolano.



Este litígio começou quando a ENDIAMA anunciou em Novembro de 2011 que iria encerrar a exploração diamantífera do Lucapa sob a alegação de incumprimento contratual da SPE, que detém 49 por cento daquela exploração.



Os restantes 51 por cento pertencem à ENDIAMA que a 06 de Dezembro de 2011 anunciou a atribuição dos direitos de exploração anteriormente atribuídos à SPE à Sociedade Mineira Kassypal, uma unidade da "holding" angolana Grupo António Mosquito.



Segundo a fonte contactada pela Lusa, a indicação de José Miguel Júdice não foi aceite por "omissão de dados".



"O facto é que o árbitro nomeado pela parte portuguesa, que havia sido indicado pela SPE, não revelou que era advogado do Governo Português e da REPÚBLICA, precisamente a principal accionista da SPE. A decisão chama a atenção para a renúncia do Dr. José Miguel Júdice em outro caso, em razão do mesmo tipo de impedimento", disse a mesma fonte.



O Tribunal Provincial de Luanda (TPL) "censurou" igualmente os outros dois árbitros designados, Óscar Gomes e Elisa Nunes Rangel.



A fonte disse que a "censura" se deveu à "tentativa de usurpar a função atribuída legalmente ao presidente do TPL", razão por que "ficaram suspensos de praticar quaisquer actos no processo arbitral, enquanto se examina a sua suspeição".




Com a rejeição de José Miguel Júdice, passam a dois os juristas portugueses rejeitados pela parte angolana. O primeiro foi Marcelo Rebelo de Sousa.