quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Pedro Katchiungo e Isaías Samakuva são os únicos candidatos à liderança da UNITA
A UNITA de Samakuva parece estar a seguir as peúgadas de JES no MPLA, em que tudo controla e subverte, pois nestes dois anos de mandato, mesmo tendo reduzido o Galo Negro a uma das suas piores performances, insiste em querer continuar na liderança, com base num esquema em que tem sob controlo os delegados provínciais, dirigentes recebem salário, directamente das mãos do presidente do partido, logo devem-lhe fidelidade canina.
Samakuva herdou no seu primeiro mandato um partido verdadeiramente com métodos transparentes de democracia, unido, sem a UNITA Renovada, com património significativo; complexo de Viana, sedes na Avenida de Portugal (vendida, segundo fontes ao desbarato, onde é hoje o Hotel Skyna), outra abandonada junto ao BAI, na baixa, além da Maianga, a Rádio Despertar e ainda 70 deputados, tudo implantado por Lukamba Paulo, Gato, que bem poderia continuar por alguns anos agarrado ao poder por ter sido o elemento que assinou todos os acordos de transição com o governo, na era pós Savimbi.
Gato, que vinha de uma fama de brutalidade nos maquis, transfigurou.-se e abriu o seu consulado de político civil, as novas regras da democracia, proibindo a institucionalização da lei da batota, na lógica da batata.
No pleito eleitoral, Samakuva ganhou de forma retumbante. Gato aceitou a derrota de forma elevada. Mas ainda não havia terminado o primeiro mandato e já Samakuva havia reduzido a bancada parlamentar, de 70 para 54, na crise que ficou conhecida como dos 16.
Depois, nas legislativas de 2008, minguou a bancada parlamentar, face não só a batota eleitoral do partido no poder, mas também a sua incapacidade de unir o partido, em momentos cruciais, olhando apenas para o seu umbigo e assim a UNITA dos 70, passou para 54 e destes para os actuais 16 deputados, tudo na era Samakuva, para além de ter diminuído drasticamente o património.
Sendo legitima a pretensão de Samakuva concorrer a sua sucessão a verdade é que ele não tem obra feita, merecedora de mais um voto de confiança, salvo, dizem os seus críticos acabar de afundar a organização apenas por capricho. “Ele não vai concorrer no interesse da UNITA, mas no seu pessoal de tentar ficar na história como aquele que “vendeu” o partido aos nossos adversários de estimação”, disse ao F8, Abraão A. F. Sombele.
Para ele, Samakuva quer concorrer porque tem a máquina na batota, logo os receios da maioria dos militantes é o da organização passar a ser não a segunda mais a quarta ou quinta força política, no pleito de 2012.
Por esta razão, acredita ter sido a máquina da batota e a falta de transparência a determinar a desistência dos potenciais candidatos, como Abel Chivukuvuku ou Paulo Lukamba Gato, “que não se querem comprometer com a farsa, deixando-o correr sozinho, para pactuarem com a fraude, por conhecerem bem os cantos da casa”.
Nesta fase pré eleitoral também se discute a falta de apresentação de contas do mandato e gestão do actual presidente.
É por tudo isso que apenas dois candidatos formalizaram a candidatura à liderança da UNITA, nomeadamente, o actual presidente, Isaías Samakuva, candidato à reeleição e José Pedro Katchiungo, que assim disputarão o cadeirão no XI Congresso, que se realizará em Luanda entre 13 e 16 deste mês.
O anúncio foi feito no dia 01, pelo porta-voz do congresso, Ruben Sikato, que acrescentou que os dois candidatos protagonizarão uma disputa eleitoral, entre 04 e 12 de dezembro, que inclui debates e visitas às estruturas partidárias.
Durante este período, Isaías Samakuva auto-suspende-se do cargo de presidente do partido, que será liderado interinamente pelo vice-presidente Ernesto Mulato.
O segundo candidato é professor universitário e foi um antigo responsável pelo serviço de inteligência da UNITA no exterior.
Isaías Samakuva, eleito presidente da UNITA em 2003, após a morte em combate, em 2002 do líder histórico do partido, Jonas Savimbi, foi reeleito pela primeira vez em 2007 e ao que se diz, pretende continuar na liderança o mesmo tempo que Jonas Savimbi.