DEFENSORES DA LUNDA TCHOKWE
DENUNCIAM TENTATIVA DE SILENCIAMENTO
PGR angolana acusa cinco
ativistas do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe de tentativa de homicídio. A
organização nega as acusações, afirmando que os detidos são "presos
políticos". E denuncia maus tratos na cadeia.
Faz este
sábado (22.04.) um mês que os ativistas do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe
foram detidos na localidade de Cafunfo, na província da Lunda Sul, em Angola.
Mas só esta semana começaram a ser ouvidos pela Procuradoria-Geral da
República.
Segundo o
Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, os cinco ativistas são acusados de
tentativa de homicídio de um agente da Polícia Nacional, durante a manifestação
ocorrida a 4 de janeiro, em Cafunfo. No entanto, o Movimento nega estas
acusações.
José Mateus
Zecamutchima, presidente do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, tem uma
versão diferente do que aconteceu: "No dia 4 de janeiro, o senhor Rui
Lucas [um dos cinco acusados] esteve na manifestação onde havia mais de duas
mil pessoas e um polícia, de nome Levi, meteu-se no meio da confusão e foi
espancado pela população. A polícia deteve Rui Lucas como retaliação. Mais
tarde, no dia 22 de março, rusgaram André Zende e Zeca Samuimba, que são
nossos membros no secretariado regional de Cafunfo, e com eles levaram os
jovens Cazenga Manuel e Corintio", afirma.
Há um mês,
foram também detidas mulheres e adolescentes, que entretanto já foram
libertados.
Movimento denuncia maus tratos
Para José
Mateus Zecamutchima, as acusações contra os ativistas visam silenciar a
organização, que reivindica a autonomia das províncias da Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul e Norte.
O presidente
do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe não tem dúvidas de que os
ativistas detidos "nunca estiveram envolvidos em tentativas" de
homicídio e lembra que nenhum deles possui antecedentes.
"Temos
a dizer que o crime que pesa sobre os filhos das Lundas é o território chamado
Lunda Tchokwe, que é ocupado indevidamente e que hoje, podemos dizer sem tabu,
é um território colónia de Angola", acrescenta.
O líder do
Movimento denuncia ainda maus tratos na cadeia contra os membros da
organização. Segundo José Mateus Zecamutchima, "Zende foi agredido por
quatro vezes, na cadeia, por polícias [...] Samuimba andou doente e não lhe foi
permitida assistência médica, e também não está a ser permitido às famílias a
entrega de comida aos detidos. Isso são maus tratos. Esses presos são políticos
e não delinquentes", acrescenta.
Entrevista a Rádio DW