Temos recebido
questionamentos e inquietações por parte de muitos jovens Lunda Tchokwe e de
outras partes de Angola, inclusive do estrangeiro que interagem connosco nas
redes sociais, algumas vezes telefonam, enviam sms’s, emails e no whatsapp,
todos eles interessados em saber sobre a eficácia da luta por autodeterminação,
entre outras questões.
Não tem sido fácil
responder as inúmeras questões uma por uma, pois, a única forma que encontrei
para responder a todos os jovens sobre as questões que me têm sido colocadas,
resumem-se no texto que se segue:
O Movimento do Protectorado Português da Lunda
Tchokwe – necessita de uma nova abordagem e mais alargada base de apoio que canalize
para a politica do Movimento um novo estrato social, com novas estratégias e Reformas Estruturantes, onde teremos
mais de 45% jovens na liderança e
mais de 25% de jovens do género feminino
emancipadas, porque esta revolução pertence a próxima geração que sois vos os
actuais jovens.
O caminho é
longo, por isso, “devemos
suscitar a coragem onde há medo”, dizia um dos ícones
políticos dos nossos tempos, o falecido Presidente Nelson Mandela.
Por isso quero
me dirigir a toda a Juventude, que chamo de Patriótica Lunda Tchokwe!.. Quero
me dirigir a Juventude que são filhos autóctones do povo Lunda Tchokwe, do
nosso passado, presente e do nosso futuro!.. Quero falar para os jovens que são
nacionais do nosso mosaico etnolinguístico e cultural, desde o Nganguela,
Luvale, Mbunda, Luchaze, Lunda Ndembo, Minungo, Xinge, Tchokwe, Kalunda,
Bangala, Songo, Fya, Muluba, Kassongo entre os vários extractos do nosso povo.
Quero me
dirigir aos adolescentes, aos estudantes do ensino primário ou do primeiro
ciclo, do ensino secundário e do ensino médio, aos jovens do ensino
universitário do Cuando Cubango, do Moxico, da Lunda Sul e da Lunda Norte!...aqueles
que me questionam e também para aqueles não me questionam.
Quero me
dirigir a esta grande população jovem, incompreensível nas fileiras do MPLA e
na JMPLA, na UNITA, na CASA-CE, no BD, na FNLS, no PRS ou em qualquer outro
Organismo, Instituição ou Associação que não seja aquela ligada ao Movimento do
Protectorado Português da Lunda Tchokwe. Aqueles que estão a margem da nossa
luta comum. Aqueles que são hoje espectadores, que não querem aproximar a sua
própria causa. Aqueles que pensam que estão excluídos. Esta mensagem é o nosso
apelo a toda sociedade Lunda Tchokwe no interior ou na diáspora.
Acredito no
potencial da Juventude Lunda Tchokwe, falta lhes oportunidade porque sempre
fomos visto como um povo “Matumbo” e
atrasado, e, porque de certa forma vivemos de mitos, de mentiras, acreditamos
no feitiço e nas falsas profecias, este é um desafio que dirijo de um modo especial
àqueles jovens pela sua formação ou posição, têm mais possibilidades de desenvolver uma reflexão
mais sistemática e àqueles jovens que desempenham cargos políticos, de direcção
e chefia de ajudarem continuamente a esclarecerem os menos esclarecidos a lutar
pelas suas oportunidades e não deixarem ser manipulados. A cultura do
bem-estar, de mordomias anestesia muitos jovens que vivem escravizados por uma
mentalidade, individualista, indiferente e egoísta, ao invés de se libertar da
escravidão.
Queremos
entrar para história do mundo como um dos povos que alcançou a sua liberdade
lutando, sacrificando a sua vida a causa nobre da nossa independência, lutando
inequivocamente em diferentes cenários; diplomático para aqueles na diáspora, económico
para aqueles no interior, política para todos os níveis, mobilizando a
população, ensinando os leigos da causa Lunda Tchokwe para aderir as nossas
fileiras, sem este esforço não será possível alcançarmos tão cedo a vitoria
sobre o regime.
Chegou a hora
que exige da Juventude e de todos nós a responsabilidade. O tempo que exige dos
jovens e de todos nós responsabilidades acrescidas, coesão e união, porque
estamos próximos de alcançar os objectivos da nossa luta rumo a nossa
Autodeterminação, que tanto sacrifícios estamos a consentir com coragem de
vencermos, primeiro o medo que consome a imensa maioria da nossa juventude,
sobretudo aqueles que academicamente estão bem, chegou o momento de agirmos
coordenadamente com um único pensamento, o de “VENCER” o medo que nos consome diariamente
e almejarmos a VITORIA.
A Juventude é
a força motriz dos povos e das nações. Não seria e nem será diferente para o
futuro da Nação Lunda Tchokwe, por isso, nos preocupa profundamente a situação
em que se encontra a maioria dos jovens, desde o Cuando Cubango, Moxico, Lunda
Sul e Lunda Norte, desesperados sem emprego, sem esperança do dia de amanhã,
humilhados, maltratados pelo regime que nos coloniza há mais de 45 anos, regime
que não muda os seus métodos de agir contra a desgraça da nossa Juventude,
estejam eles no próprio seio do MPLA, como fora dele.
Queremos debates e criticas construtivas da
Juventude Lunda Tchokwe, mas acompanhadas de propostas serias, indicando
caminhos de soluções. Ou a Juventude pensa que a nossa luta, o nosso sacrifício
ao longo dos últimos 14 anos é uma luta inglória?.. Então porque nos
questionam?.. Porque não participam directamente da luta e estarem no campo da
batalha?.. Porque de tanto medo?..
O Movimento do
Protectorado Português da Lunda Tchokwe, não vai obrigar a Juventude para
aderir nas suas fileiras ou coagir-vos de aceitar aquilo que a vossa
consciência vos é negado, mas queremos que analise profundamente cada etapa da
presença colonial angolana na nossa terra; continuamos com as mesmas estradas
deixadas pelo protector em 1975, com as mesmas casas, as mesmas escolas, os
mesmos hospitais, as mesmas comunas e municípios, com a degradação demográfica
mal acompanhada, sem politicas sociais exequíveis, o que de relevante foi feito
em 45 anos para o nosso orgulho colectivo? Absolutamente nada!..
A Juventude
Lunda Tchokwe no seu todo, não deve aceitar as manobras do regime, não deve
mais continuar a serem envenenados via TPA, TV ZIMBO, ZAP TV, PALANCA TV com as
novelas Mexicanas, Brasileiras ou Turcas, enquanto a pobreza, a miséria, a
falta de emprego e de auto estima continua degradado para a maioria. Não é
possível viver de ilusões com imagens de TV.
Não podemos
alcançar inequivocamente a liberdade sem luta e sem sacrifício, não será
possível, temos de lutar juntos e unidos, não interessa a posição ou o lugar de
chefia nas Forças Armadas, na Policia, no SIC, em qualquer posição que
estivermos, lembre-se, que continuamos ao serviço do regime colonizador. Temos
de valorizar mais a nossa identidade, os nossos costumes, a nossa cultura e
tradições. O Regime pode nos impor a sua vontade colonial, mas não pode nunca
pretender homologar a nossa cultura, porque ela faz parte da nossa tradição e
costumes ligados aos nossos antepassados, naturalmente a nossa identidade.
A Juventude me
questiona porque não partimos para a guerra. Eu sei a ansiedade de todos, temos
de ter a razão do nosso lado, a comunidade internacional tem de compreender a
causa da nossa luta, o próprio MPLA que diz na voz do senhor João Lourenço de
corrigir o que esta mal, que durante anos esteve sempre no BP do seu Partido em
funções de alta relevância, não conseguiram antecipadamente corrigir a guerra
que os opôs a UNITA, cujo farto foi pesado demais desde 1975 a 2002, rios de
biliões de dólares gastos e milhões morreram, para depois se reconciliarem, o
que deveria ter sido feito nos anos 75 – 80.
Temos
defendido o conceito de não – violência militar de guerra, não porque temos
medo, mas podemos usar uma estratégia de desobediência civil como forma de
lutar contra leis colonizadoras, ofensivas e humilhantes. Temos de rejeitar
leis injustas, da usurpação do nosso território sem que seja adoptada a
utilização da violência para alcançarmos o objectivo.
Esta forma de
resistência pacífica não vai anular a luta armada que seria a ultima
alternativa, depois de termos esgotado todas as possibilidades de um diálogo
aberto transparente e inclusivo.
Durante cerca
de três dezenas de anos de guerra entre o MPLA e a UNITA, destruíram
infraestruturas económicas, destruíram estradas e pontes, morreram inocentes,
rios de dinheiros para a compra de armas obsoletas da II guerra mundial para
uma guerra civil angolana por falta de capacidade do MPLA em dialogar, tal como
esta acontecer connosco. O momento chegara, tarde ou cedo, paciência e
serenidade, sobretudo muita vigilância, a tirania esta a tremer porque sabe que
vai cair.
A guerra por
si, não é solução de conflitos, estupidamente podemos fazer a guerra, temos
homens e mulheres dispostos a morrer pela causa da nossa independência, mas a
historia ensina que mesmo a I e a II Guerra mundial a solução foi encontrada
principalmente no diálogo, o mesmo aconteceu entre Portugal e os países sob sua
colonização nos anos 75, a Ucrânia esta a priorizar o diálogo com os
separatistas do Leste, a comunidade internacional esta a pedir dialogo entre os
Políticos da Bielo-Rússia, o mesmo agora com os militares que protagonizaram o
Golpe no MALI, o Sara com Marrocos, a Renamo em Moçambique, mesmo a questão de
Cabinda, entre os vários conflitos, a solução é o dialogo, ninguém sairá
vencedor no conflito militar entre Angola e a Lunda Tchokwe.
A nossa
preocupação com a juventude na realidade, é ultrapassarmos os medos, irmos mais
longe, porque a juventude é a força, a tenacidade, coragem e patriotismo. O
medo é sinónimo de escravidão. Só escravos são que se curvam diante de seu
dono.
Não podemos
alcançar a liberdade sem sacrifício e sem união de todas forças vivas da nossa
terra, esta tarefa é para vocês os jovens da Lunda Tchokwe, agora é a vossa
vez, porque nós já estamos a fazer a nossa parte. Legalizamos a nossa causa
junto do poder Judicial dos Estados Unidos de América, um feito importante,
estamos em contacto com Secretario Geral das Nações Unidas, com os membros do
Conselho da Segurança da ONU, com os governos de Portugal, Reino Unido, França,
Bélgica, Alemanha, Itália, Espanha, China, países Africanos e a União Africana,
a Comissão da União Europeia no seu todo, o Vaticano e outras instituições
internacionais, não por via de publicações, mas contactos direitos com estas
entidades através dos nossos Embaixadores da Missão Externa.
Queremos
mudanças, queremos que a nossa juventude mude de mentalidade, para juntos
combatermos o regime colonial angolano na Lunda Tchokwe. O perigo sobre
Autodeterminação da Lunda Tchokwe não vem só dentro do MPLA, te haver com os
compromissos de Angola com a China, Rússia e com os interesses económicos do
Ocidente e das riquezas cobiçadas da nossa terra. Tem haver com o poder
tradicional amordaçada, desapareceu, perdeu a sua dignidade, perdeu a sua originalidade,
deixou de ser visionária e passou a pedinte.
Muito obrigado
a todos e que continuem a escreverem
José Mateus Zecamutchima (Presidente do MPPLT)