sábado, 5 de novembro de 2016

POVO TCHOKWE VIVE SOB JUGO COLONIAL DE ANGOLA, DISSE ZECAMUTCHIMA EM GRANDE ENTREVISTA AO JORNAL MANCHETE ESTA SEXTA FEIRA

POVO TCHOKWE VIVE SOB JUGO COLONIAL DE ANGOLA, DISSE ZECAMUTCHIMA EM GRANDE ENTREVISTA AO JORNAL MANCHETE ESTA SEXTA FEIRA


Zecamutchima Presidente do Movimento do Protectorado, que reivindica por direito natural autonomia Lunda Tchokwe em grande entrevista ao jornal Manchete, esta sexta feira 4 de Novembro de 2016, jornal se encontra nos locais habituais nas ruas de Luanda.


Nesta edição, Zecamutchima, ao responder uma questão colocada pela Jornalista Lidia  Sebentina, disse que “o povo Tchokwe vive sob jugo colonial de Angola”.


A luta pela Autonomia do Kuando Kubango, Moxico, Lunda Sul e Norte, um direito natural do Povo Lunda Tchokwe de acordo com a história do antigo império do Muatiânvua dividido entre Portugal, Bélgica e a Inglaterra 1884 – 1894/1975, o Líder dos Lundas tem se mostrado cada vez mais empenhado na busca de um diálogo constructivo com o Presidente José Eduardo dos Santos, para uma saída que satisfaz as partes. Para conseguir o diálogo desejado com o Presidente da República de Angola; Zecamutchima tem-se desdobrado em contactos diplomáticos com a comunidade internacional e com personalidades nacionais e Partidos da oposição em Angola, no momento em que o movimento continua a comemorar os seus 10 anos de existência, lê-se no preambulo da entrevista.


Zecamutchima, disse que o Povo Lunda Tchokwe vai continuar a pressionar o Governo Angolano, “somos como a neve, que quando mais formos apertados, tornamo-nos numa pedra de gelo”. Estamos a exigir Autonomia Administrativa, Economica e de certo modo jurídica, tal igual a Escocia no Reino Unido e outras experiência existentes no mundo. O verdadeiro direito legítimo do povo Lunda Tchokwe é a sua Autodeterminação, independência, mas nós estamos advogar um casamento com Angola. Autonomia não é separação, já reiteramos varias vezes esta nossa pretensão a comunidade internacional. O Presidente da República José Eduardo dos Santos tem o dossier em cima da mesa. Vamos continuar com os nossos sacrificios como os Cubanos que lutaram contra a ditadura 150 anos e o Sudão do Sul até vencer.


Jornal Manchete:O senhor fala de realidades completamente diferentes de Africa e de Angola em particular.


JMZ –  As realidades não são diferentes, os povos é que são diferentes. Nós não somos especiais, somos identicos aos outros povos, com as mesmas preocupações e problemas, fingimos que somos diferentes, é aqui onde reside o grande problema, se somos diferentes, porque é que o Presidente José Eduardo dos Santos, recomenda diálogo para a RDC?  A realidade Lunda Tchokwe é completamente diferente, desde o ponto de vista sociologico, antropologico e cultural, por isso é que estamos a reivindicar o nosso direito por sermos uma realidade diferente que outros povos devem respeitar. O Presidente da Republica disse em 2013 que os conflitos de dimensão muito forte e mesmo os pequenos devem ser resolvidos pelo diálogo, que se encontre consensos e repediu o mesmo agora no dia 26 de Outubro de 2016 aqui em Luanda. Porque é que o MPLA tem medo da Autonomia da Nação Lunda Tchokwe? Porque é que o Presidente da República tem medo de enfrentar uma realidade diferente na Lunda Tchokwe? Estamos preparados para diálogar com o Governo de Angola a qualquer momento, desde que o Presidente abra as portas para o efeito.


Jornal Manchete : voltando ao assunto se o governo dar-vos Autonomia, vocês que defendem “Akua-Kuisa”, não estaremos diante de um acirrar de lutas tribais e regionais com o resto de Angola?


JMZ – É muito interessante que sejamos visto como um povo que não gosta de viver com outros povos. Há 40 anos da independência de Angola para cá nunca se registou o acirrar de lutas tribais na Lunda Tchokwe como acontece na Nigeria, Mali, Senegal para dar alguns exemplos. Somos os únicos Africanos com uma civilização comparada com a da Europa do século XVI.  A palavra estrangeiro é universal, ela tem várias pronuncias em diferentes línguas no mundo inteiro. Para a Lunda o estrangeiro na nossa língua é “Mukua Kuiza ou ainda usamos também a palavra Txilambala”, ou seja o Kimbundu na Lunda é mesmo estrangeiro, o Bakongo idem e vice versa, o portuguès, frances, alemão, inglês ou americano é “Mukua Kuiza”, ele não é nato Lunda, por isso é que temos no país Guarda fronteiras para controlar os estrangeiros ilegais e legais. Não há lutas regionais, há sim, a luta para o resgate do poder Lunda Tchokwe usurpado por Angola. Muitas vezes me pergunto porquê as pessoas, nos vêm  erradamente, quando o Lunda Tchokwe defende o seu patriotismo, o seu nacionalismo, logo somos rotulados de xenofobia do tipo extremismo, defender o nacionalismo é um dever legítimo, é um direito natural de um povo, porquê todos os povos defendem a sua cultura, a sua língua, o seu espaço e a sua tradição.


Jornal Manchete: Numa entrevista recente que o senhor deu num jornal na capital, falou de recorrer a mediação, poderia dar-nos mais dados acerca do medianeiro ou medianeiros?


JMZ – Tem sido muito dificil, partes beligerantes tomarem iniciativas para um diálogo constructivo sobre questões de natureza conflituosas. O governo com o poder que tem; tanto economico financeiro, militar e a repressão brutal policial, ser o primeiro a tomar iniciativa, jamais!... Sabemos que, o Presidente ignora todas as chamadas a razão.  Naquela entrevista me perguntaram se aceitaria um encontro com o Presidente José Eduardo dos Santos. Eu disse que, ele tem medo, pela seguinte razão; primeiro, certos países africanos, onde se inclui angola, não se submetem a negociações pacificas, constitui para eles uma derrota, segundo, o Presidente José Eduardo dos Santos, ao sentar na mesma mesa com o Movimento do Protectorado, é um grande incomodo a sua imagem, os seus assessores também assim lhe aconselham, o próprio MPLA que colocou o presidente como omnipresente, vai sentir a derrota de ver seu presidente a sentar com os seus irmãos Lunda Tchokwe sem intervenção de uma mediação, ou existência de conflito de guerra como esta acontecer em Moçambique entre a Frelimo/Governo e o Partido da Renamo/Guerrilha. O simples facto de o Governo anunciar que vai diálogar com a Lunda Tchokwe incomoda muita gente no seio do MPLA, não restando outra saída, senão a da mediação, um antitodo que cura muitas doenças, mesmo as cronicas.
Estamos ainda em negociações com as entidades que vão envolverem-se com o Governo e o Movimento na qualidade de Medianeiros, estão a estudar o processo, é cedo para revelar os nomes, estamos a criar as condições para isso.


Jornal Manchete: Ele ou eles estão preparados para sentar o governo angolano com o movimento? São angolanos ou estrangeiros?


JMZ – São cidadãos nacionais angolanas e instituições internacionais bastante preparadas, nós temos muita fé, nessas pessoas e nessas instituições. O Presidente José Eduardo dos Santos, ignorou a carta da European Free Alliance, uma agrupação de Associações e mais de 45 Partidos dos Países da União Europeia em 2015, ignorou a carta de Advogados que haviamos constituido em Londres desde 2010. O problema não tem haver com a equipe de medianeiros, o problema agora é José Eduardo dos Santos, como vai encarrar esta nova fase da nossa luta pacifica, com o aparecimento de medianeiros ao processo. Esta fase da luta é muito importante, serve para testar o poder que apregoa diálogo como unica saida, nós concordamos.


Zecamutchima Presidente do Movimento do Protectorado agradeceu em nome do Movimento do Protectorado, toda a imprensa e todos os Jornalistas, estatais e privados pelo apoio que que tem dado ao movimento ao anunciarem por diferentes formas o processo reivindicativo da Autonomia Lunda Tchokwe. A nossa luta é fiel, o nosso povo vencerá, pedimos muita paciência a eles, porque Deus nos ama e nos protege. Juntos angolanos e Lunda Tchokwe venceremos mais esta batalha, somos irmãos tanto no contexto de afinidade como no contexto da mãe Africa. A autonomia da Lunda Tchokwe é um imperativo, é a minha bandeira, sejam quais forem as consequência, vamos lutar até fim das nossas vidas e muito obrigado!